Apesar do brasileiro não ter sentido nenhuma variação em sua poupança – dentre tantas mudanças econômicas que ocorreram no País -, ele aprendeu o termo Selic e viu o quanto essa taxa pode influenciar no seu poder de compra, principalmente se depender de um financiamento. Como ela serve de base para os juros aplicados por bancos e concessionárias de crédito, a Selic nunca esteve tão em pauta. O problema é que sua elevação pode gerar um desaquecimento do mercado de crédito, indo na contramão do fomento que teve nos últimos anos. “A tendência em relação ao crédito é de desaceleração significativa da taxa de crescimento da oferta, maior exigência na concessão e prazos menores”, elucida Marcel Domingos Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Ele ainda apresenta que as linhas com garantia, como imobiliário e consignado, deverão ter um desempenho melhor, mas ainda abaixo do consignado. Por isso, quem souber encontrar oportunidades ou, até mesmo, buscar novos nichos dentro do setor pode sair no lucro em tempos de crise.
Dentro disso, as empresas de crédito devem se preparar, pois existirão alguns desafios a serem enfrentados ao longo do ano, conforme explica Mary Helen Souto, superintendente financeira da Sorocred. “Para operar em um cenário de possibilidade de aumento do desemprego e da inadimplência, as instituições precisam se adaptar ao momento econômico e criar processos mais eficientes. Além disso, em algumas situações, será preciso reaprender a conceder o crédito”, comenta Mary.
Ainda sobre a inadimplência, Octavio de Barros, diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, acredita que a mesma deverá ficar em torno dos 7,1% este ano devido a uma série de fatores, como o aumento da taxa de desemprego e da moderação dos ganhos salariais. Afinal, não se pode esquecer que o aumento da taxa foi visando frear a inflação. “Entretanto, a oferta de crédito não deve sofrer influência, visto que o sistema financeiro nacional se encontra líquido e, por isso, capaz de atender aos tomadores”, pontua Barros.
Como manter o mercado de concessão de crédito aquecido mesmo com aumento da taxa Selic? Deixe a sua opinião na enquete do Portal Crédito e Cobrança.
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