Que a situação econômica deixou as coisas mais difíceis para todo mundo, não é novidade. Nesse cenário está sobrando até para as empresas, que estão tendo que recorrer ao crédito. Porém, nem isso está fácil. Isso porque, as concessionárias de crédito, embora tenham implementado medidas para manter o setor aquecido, ao mesmo passo adotaram noas estratégias para não deixar a qualidade do crédito cair – principalmente com o índice crescente de inadimplência. “O momento é de cautela. A estratégia é manter a qualidade financeira do negócio”, reforça Luciano Ribeiro, superintendente comercial do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), instituição provedora dos produtos e serviços para as cooperativas do Sicoob.
Conforme explica Marcela Kawauti, economista chefe do SPC Brasil, um dos principais desafios que as concessionárias de crédito enfrentam atualmente é o de continuar atendendo a necessidade de financiamento das empresas em um ambiente de crédito seletivo. Afinal, as pessoas jurídicas possuem em seu DNA a necessidade de financiamento, seja para capital de giro ou investimento, entre outras modalidades. O problema é que, hoje em dia, está difícil para as empresas fechar as contas do mês, sendo o fator motivacional para a busca de crédito.
Então, se não existe dinheiro nem para cumprir o orçamento básico do mês, como saldar dívidas de financiamento? “Oferecer crédito em um cenário econômico de retração é desafiador na medida em que há maior incerteza quanto ao nível de exposição ao risco, efeito majorado quando a instituição financeira não está próxima do negócio do associado”, aponta Elenilton Souza, gerente do segmento pessoa jurídica do banco cooperativo Sicredi.
Desta forma, é possível perceber que existe uma necessidade de aprofundar a relação entre concessionária de crédito e empresa, tal qual seria feito com a pessoa física. Pois com uma conversação aberta, fica mais fácil minimizar os impactos relacionados à exposição da pessoa jurídica e da própria instituição financeira, além de buscar evitar o endividamento ou alavancagem não condizente com a realidade do empreendimento.
Por fim, apesar do mercado ter apresentado muitas retrações, alguns setores, como os serviços industriais de utilidade pública e comércio, apresentaram leve crescimento no volume de crédito. Isso sinaliza que nem tudo está perdido, apenas que se deve manter a cautela. “A melhora depende de uma recuperação da economia. Esta, por sua vez, não tem dado sinais claros de recuperação no curto prazo. Trata-se de uma perspectiva de médio a longo prazo”, prevê Fabio Itano, diretor vogal do Ibevar e sócio da TA Consult.
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