Uma dívida que puxa outra



Uma empresa entra no vermelho quando, após sucessivos prejuízos e sem dinheiro no caixa, se vê obrigada a contrair empréstimos de curto prazo a taxas de juros altas. Este panorama se não for revertido rapidamente, seja pelo aporte de novos recursos, pelo sócio ou por dívidas de longo prazo com baixas taxas de juros, em conjunto com um plano para reverter os prejuízos, pode levar o empreendimento à falência.

 

Outra possibilidade é quando se tem um aumento significativo nas vendas e um ciclo financeiro longo, isto é, a diferença entre o prazo para pagar os fornecedores e o de recebimento de clientes. “Nesta situação a necessidade de capital de giro também sobe, o que pode forçar a empresa a contrair empréstimos de curto prazo e, com isso, entrar no efeito bola de neve nas dívidas, chegando a um ponto de insolvência mesmo com lucro contábil na sua demonstração de resultado”, alerta Richard Rytenban, especialista em investimentos, economia e professor de finanças.

 

Manter o monitoramento da estrutura de custos, o planejamento da necessidade de capital de giro e apostar apenas em projetos com bom potencial de risco x retorno são ações fundamentais para não perder o controle, na avaliação do especialista. “É muito comum empresas em momentos favoráveis apostarem em projetos pouco viáveis contagiados pelo otimismo, o que pode ser um erro. As contas já estão ´no vermelho´. Qual deve ser a primeira medida a ser tomada? Otimizar os custos, renegociar dívidas e o mais importante: desenvolver um plano que permita à empresa voltar a ser lucrativa se for este o caso, ou em outra situação comum, reduzir o ciclo financeiro para reduzir a necessidade de capital de giro”, orienta.

 

O professor acrescenta ainda que a contratação de consultorias pode ser decisiva na recuperação do fluxo, pois, a visão de um profissional qualificado sem nenhum tipo de influência emocional com o negócio é fundamental na criação de um plano de recuperação. “A visão do empresário por motivos psicológicos e emocionais pode estar distorcida e comprometer o processo. Outro fator que pode auxiliar sair de uma crise é desenvolver ou aprimorar algum produto/serviço para captar novos nichos de mercado. É como um restaurante que não estava indo tão bem e passou a oferecer o serviço de delivery”, exemplifica.

 

As recentes alterações econômicas, na opinião do economista, transformaram o Brasil em um país de classe média, e a tendência é que os próximos anos sejam muito favoráveis. “Nunca tivemos um momento tão bom para empreender, mas para ter sucesso em um novo negócio é preciso pensar como um empreendedor, além de identificar e solucionar demandas e problemas da sociedade que existem e vão existir. É importante planejar com cautela seu plano de negócios e não se esquecer de que um bom planejamento das necessidades de capital de giro é essencial para a saúde financeira”, acentua.

 

Dicas do especialista para otimizar a gestão das contas a pagar e a receber:
– Constatar a alavancagem operacional da empresa, isto é, se os custos fixos estão muito elevados quando comparados com o lucro bruto;
– Verificar o regime tributário para analisar a possibilidade de economias fiscais;
– Analisar o fluxo de caixa, focando na redução das necessidades de capital de giro;
– Adequar o ciclo financeiro à realidade da empresa;
– Renegociar dívidas e planejar o endividamento de forma sustentável visando à redução das despesas financeiras;
– Analisar a possibilidade de utilizar materiais alternativos;
– Negociar tarifas bancárias;
– Criar um programa de sugestões de colaboradores para diminuir/eliminar desperdícios, premiando as melhores sugestões;
– Analisar a possibilidade de terceirizar atividades, como contabilidade, limpeza, transporte, etc.

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