Pesquisa da Serasa Experian mostra um agravamento das dificuldades financeiras enfrentadas por essas empresas, pressionadas por custos elevados, queda no consumo e menor acesso ao crédito
O acesso ao crédito, por parte das MPMEs, micro, pequenas e médias empresas, vem crescendo de forma constante, mesmo em um ambiente desafiador. Em janeiro, as MPMEs representavam 45,8% do total, mas esse percentual subiu para 46,3% em abril, sinalizando uma presença cada vez mais relevante dessas empresas no mercado de crédito. Já o Indicador de Condições do Crédito, do Banco Central do Brasil, no primeiro trimestre, foi de -0,29, o que pode refletir a percepção de dificuldade no acesso ao crédito, seja pelo custo elevado das operações, exigências mais rigorosas ou prazos menos atrativos. É o que aponta a nova edição do Boletim “Panorama PME”, compilado trimestral pela Serasa Experian, trazendo com visão de mercado sobre o universo das micro, pequenas e médias empresas, com dados da atividade econômica, inadimplência e insolvência desse público.
Quando o tema é a inadimplência desse público, podemos notar crescimento de forma constante ao longo deste ano. Em janeiro, eram 6,66 milhões de empresas com contas em atraso. Esse número saltou para 7,12 milhões em abril, um aumento de quase meio milhão em quatro meses. O dado mostra um agravamento das dificuldades financeiras enfrentadas pelas MPEs, pressionadas por custos elevados, queda no consumo e menor acesso ao crédito.
“As MPMEs exercem um papel fundamental na economia e, por isso, a análise de seus indicadores e sua saúde financeira é fundamental para o País. Vemos ainda, em um contexto geral, um elevado patamar da taxa de juros, atingindo o patamar histórico de 15% em junho de 2025 e, diante do alto quadro inflacionário atual, o Banco Central sinalizou que não haverá espaço para queda dos juros tão cedo. Isso gera um impacto em todas as empresas e, em especial, deixa os credores mais cautelosos na concessão de crédito. Nesse sentido, o Score PJ, que é um dos principais componentes na análise e política de crédito, se torna ainda mais importante”, explicou Camila Abdelmack, economista da Serasa Experian.
Score PJ
O Panorama PME traz também um estudo sobre o Score das empresas. O Score PJ traz a probabilidade de uma empresa ficar inadimplente nos próximos 6 meses e é um dos fatores analisados pelos credores para concessão de crédito. Uma pontuação acima de 500 já amplia a chance de as empresas terem acesso a crédito e condições melhores na contratação, uma vez que pode ser considerado, pela maioria dos credores, um score de médio risco.
O levantamento traz o comparativo de empresas que monitoram e cuidam do seu Score PJ, por meio de soluções como o Saúde do Seu Negócio, da Serasa Experian, e um grupo controle com o mesmo perfil. Foi possível perceber que o dobro de empresas ultrapassou a faixa de pontuação de 550, de 4,2% para 8%. A pesquisa aborda ainda empresas que tiveram aumento de 50 pontos ou mais no Score PJ. No comparativo entre o grupo controle e as PMEs que monitoram seu Score PJ, o crescimento percentual foi de 70,2%, saindo de 20,9% na amostra de controle para 35,5% entre empreendedores aderentes à gestão do Score PJ.
“A depender da pontuação de score de uma empresa, 50 pontos a mais podem fazer grande diferença, especialmente nas faixas limiares entre baixo e médio risco de crédito. 50 pontos no score pode ser, de repente, o número mágico para que ela tenha um crédito aprovado ou negado. Cuidar do Score PJ é fundamental, uma vez que a pontuação funciona como sua reputação no mercado, mostrando quão confiável e boa pagadora a empresa é. Em um cenário em que credores estão lidando com alta inadimplência e, com isso, ficam mais criteriosos em suas políticas de concessão, é ainda mais importante ter um bom Score PJ, ressaltou o vice-presidente de pequenas e médias empresas da Serasa Experian, Cleber Genero.
Metodologia
Os dados do estudo foram obtidos a partir de um comparativo entre empresas consumidoras do produto de gestão. Além do monitoramento do Score PJ “Saúde do seu Negócio”, da Serasa Experian, e um grupo controle, com 10 mil CNPJS com as mesmas características, mas sem a solução para efeitos comparativos.