Nádia Leão, sócia do BCG

Mulheres representam oportunidade de US$ 32 trilhões em produtos e serviços

Pesquisa do BCG revela que empresas estão perdendo a chance de atender às necessidades específicas do público feminino

Um novo estudo do Boston Consulting Group (BCG) revela que as empresas estão consistentemente falhando em oferecer produtos e serviços que atendam às necessidades das mulheres, resultando em uma oportunidade de mercado de US$ 32 trilhões. A pesquisa global, conduzida pelo BCG X com o apoio do Center for Customer Insights do BCG, analisou 14.919 pessoas em 12 países, incluindo Brasil, e constatou que, em segmentos-chave como bens de consumo, saúde e serviços financeiros, as mulheres não acreditam que as ofertas disponíveis atendam às suas demandas.

O estudo, intitulado “The $32 Trillion Opportunity in Women-Focused Products and Services“, destaca que as mulheres gerenciam cerca de US$ 31,8 trilhões em gastos globais, e espera-se que controlem 75% dos gastos em todo o mundo nos próximos cinco anos. Apesar desse poder de decisão, apenas 66% se sentem satisfeitas com os produtos de supermercado disponíveis, e 63% com os produtos de beleza e cuidados pessoais ofertados.

“Empresas precisam entender que esse não é um público homogêneo. Suas necessidades e prioridades variam amplamente, e as que reconhecerem e atenderem a essas nuances estarão em uma posição vantajosa. A oportunidade é enorme, mas requer uma abordagem estratégica e focada”, afirma Nádia Leão, sócia do BCG.

Um exemplo de tais nuances é que, em média, apenas 41% das mulheres concordam que existem serviços suficientes personalizados para suas questões de saúde. E as especificidades variam de acordo com o estilo de vida: 59% das que possuem filhos consideram o atendimento por telemedicina importante, em comparação com 37% das mulheres sem filhos.

Já no setor financeiro, apesar de adicionarem US$ 5 trilhões ao patrimônio global a cada ano, elas ainda enfrentam lacunas significativas. Essa disparidade se reflete na confiança financeira, com mulheres da geração Boomer sendo 8 pontos percentuais menos propensas do que os homens a concordar que têm as habilidades e o conhecimento para gerenciar seus recursos financeiros de forma eficaz.

Para aproveitar esse potencial do público feminino, o BCG recomenda que as empresas adotem uma abordagem centrada na mulher, focando em três elementos-chave:

Desejabilidade: determinar se um novo produto ou serviço atende a uma necessidade funcional ou emocional não atendida das mulheres, utilizando abordagens qualitativas e quantitativas.

Viabilidade: garantir que o produto ou serviço faça sentido econômico para a organização, desenvolvendo um modelo de negócios claro e um caso de investimento.

Exequibilidade: avaliar a capacidade da empresa de colocar o produto ou serviço no mercado, considerando as mudanças necessárias nas operações, compras e outras funções-chave.

Nádia acrescenta que “quem adotar uma abordagem proativa para identificar e atender às necessidades funcionais e emocionais das consumidoras poderá capitalizar uma oportunidade clara para expandir seus negócios e construir uma base de clientes mais leal. Para isso, é crucial investir em pesquisa e desenvolvimento focados, além de criar equipes diversificadas que compreendam as experiências vividas pelas mulheres”.

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