Alexandre Waclawovsky, chief revenue officer (CRO) do Fretadão

O poder da escuta ativa: onde a venda começa e o relacionamento floresce

O segredo da escuta ativa não reside apenas em ouvir, mas em saber o que perguntar

Autor: Alexandre Waclawovsky

Em um mercado cada vez mais competitivo, a maioria das empresas foca em “falar”. Elas investem em marketing, em campanhas mirabolantes e em pitches de vendas que prometem resolver todos os problemas do mundo. Mas o que a gente esquece é que a parte mais importante da comunicação não é falar, é ouvir. E não me refiro a um “ouvir” passivo, apenas esperando a sua vez de falar. Estou falando da escuta ativa, a habilidade de ouvir com intenção, com empatia e com o objetivo real de compreender o que o outro está dizendo.

A escuta ativa é a base para qualquer relação de sucesso, seja pessoal ou profissional. No mundo dos negócios, ela é a diferença entre uma transação pontual e um relacionamento duradouro. É o que transforma um mero fornecedor em um parceiro estratégico.

A escuta ativa não é um “dom” ou um traço de personalidade. É uma habilidade de vendas que pode ser aprendida e aprimorada. Ela permite que você identifique as dores, os desafios e as expectativas do cliente. É como se o cliente estivesse lhe dando o mapa para a solução. Mas, para isso, você precisa estar atento a cada detalhe, a cada palavra, a cada entonação. Quando você escuta de verdade, você não apenas ouve as palavras, você sente a emoção por trás delas. Você entende o que realmente motiva a pessoa a buscar uma solução e, mais importante, o que a impede de agir.

Mapeando a conversa: a arte de fazer as perguntas certas

O segredo da escuta ativa não reside apenas em ouvir, mas em saber o que perguntar. Uma conversa é uma via de mão dupla e a sua capacidade de extrair informações valiosas está diretamente ligada à sua habilidade de fazer as perguntas certas. É preciso ir além do óbvio e evitar perguntas que possam ser respondidas com um simples “sim” ou “não”.

Perguntas abertas são a sua melhor ferramenta. Elas convidam o cliente a se aprofundar, a compartilhar experiências e a revelar informações que talvez ele nem soubesse que eram importantes. Por exemplo, em vez de perguntar “Você tem problemas com a gestão de tempo?”, pergunte: “Qual é o seu maior desafio na sua rotina de trabalho hoje?”.

Essas perguntas revelam a “dor” do cliente. Elas mostram que você está genuinamente interessado em entender o problema dele, e não apenas em empurrar um produto. Perguntas como:

  • “Poderia me dar um exemplo de uma situação em que isso aconteceu?”
  • “O que seria um resultado ideal para você?”
  • “O que você já tentou fazer para resolver isso?”

Essas perguntas aprofundam a relação e constroem a confiança. Elas mostram ao cliente que você não é só mais um vendedor, mas um consultor que se importa em encontrar a melhor solução. E, nesse processo, um elemento essencial é o silêncio. Não tenha medo dele. O silêncio dá tempo para o cliente pensar, estruturar a resposta e, muitas vezes, revelar o que ele realmente precisa.

Da conversa à ação: como transformar insights em valor

Ouvir é o primeiro passo. O próximo, e mais importante, é transformar o que você ouviu em ação. A escuta ativa se torna uma ferramenta estratégica quando os insights coletados são usados para gerar valor real para o cliente e para o seu negócio.

Primeiro, essa escuta alimenta o desenvolvimento de produtos e serviços. O feedback do cliente não deve ser apenas uma formalidade. Ele deve ser a bússola que guia as inovações. 

Em segundo lugar, a escuta ativa permite a personalização da oferta. Em vez de apresentar uma solução genérica, você pode usar as informações obtidas para construir uma proposta sob medida, que atenda exatamente às necessidades do cliente. Isso não só aumenta as chances de fechamento da venda, como também fortalece a percepção de valor e a fidelidade.

Por fim, o feedback se torna uma ferramenta contínua de melhoria. A cada conversa, a cada interação, você coleta dados valiosos que podem ser usados para antecipar necessidades, resolver problemas e criar a melhor experiência do cliente. O seu cliente não está apenas comprando um produto; ele está buscando a solução para um problema.

Em resumo, o seu papel, como empresa, é ser um “detetive” que ouve as pistas e encontra a solução perfeita. E, neste jogo de estratégia, a sua maior arma não é o que você fala, mas o que você ouve.

Alexandre Waclawovsky é chief revenue officer (CRO) do Fretadão.

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