Ao analisar o panorama com mais profundidade, fica claro que o verdadeiro valor das NFTs ainda está em construção e longe de desaparecer
Autor: Henrique Belumat
As NFTs (tokens não fungíveis) surgiram como um marco na evolução da Web3, oferecendo um novo modelo para representar ativos digitais de forma única, segura e descentralizada. Inicialmente associadas à arte digital e a colecionáveis virtuais, essas tecnologias hoje sinalizam um potencial muito mais amplo: o de transformar processos relacionados à autenticidade, propriedade e transferência de ativos — tanto no ambiente virtual quanto no físico. De acordo com um estudo do DappRadar, 12,5 milhões de NFTs foram vendidas no segundo trimestre de 2025, o que representa um aumento expressivo de 78% em relação aos 7 milhões observados no primeiro trimestre do mesmo ano.
Apesar disso, há quem questione a continuidade dessa tecnologia. A dúvida é compreensível: a onda especulativa que marcou o início do setor, aliada à falta de compreensão sobre seus usos práticos e à complexidade das plataformas baseadas em blockchain, geraram ceticismo. Porém, ao analisar o panorama com mais profundidade, fica claro que o verdadeiro valor das NFTs ainda está em construção e longe de desaparecer.
Para que as NFTs se tornem, de fato, ferramentas relevantes, é necessário ultrapassar a bolha das inovações para iniciados. Um exemplo útil é o setor de pagamentos, uma vez que poucos usuários se preocupam com a tecnologia por trás do Pix ou dos cartões de crédito. O que importa é a experiência prática, e o mesmo deve ocorrer com as NFTs. À medida que sua utilidade se torna mais tangível e o uso mais simples, o caminho para sua consolidação se abre.
É por isso que iniciativas concretas surgem para apoiar projetos que utilizam NFTs de maneira estratégica e sustentável. Entre os usos mais promissores das NFTs, destacam-se a certificação de autenticidade de itens de luxo, como relógios e bolsas; a criação de programas de fidelidade que fortalecem a relação entre marcas e consumidores; a emissão de ingressos nominais e intransferíveis para eventos; e a tokenização de bens físicos, como cotas em clubes e ativos imobiliários, facilitando sua gestão, comercialização e transferência de forma segura e transparente.
Essa integração com o mundo físico torna a proposta das NFTs muito mais sólida. Além disso, esforços estão sendo direcionados para melhorar a experiência do usuário com plataformas mais intuitivas, opções de pagamento convencionais como o Pix, e a redução de barreiras técnicas. Marketplaces que priorizam segurança e autenticidade também têm papel estratégico nesse avanço. Eles funcionam como pontes entre usuários, empresas e a tecnologia, ao mesmo tempo em que inspiram confiança e fomentam o crescimento do ecossistema.
Outro pilar essencial é a educação. A adoção de soluções gamificadas, por exemplo, pode contribuir para o aprendizado prático e seguro, além de estimular interações mais significativas com os ativos digitais. Ainda assim, é fundamental manter o princípio da descentralização, elemento-chave para garantir transparência, segurança e autonomia.
Em síntese, o futuro das NFTs depende menos do hype tecnológico e mais da criação de estratégias que aproximem essa inovação da vida real. Conectar universos digitais e físicos, entregar experiências acessíveis e confiáveis, e investir em ambientes seguros para transações são os ingredientes necessários para que as NFTs não apenas sobrevivam, mas prosperem. Os desafios são significativos, mas o potencial de impacto é ainda maior.
Henrique Belumat é líder de growth da BlinkPlanet.