A propaganda e o compromisso



As noticias de fusões (ou compras) entre grandes bancos, como as recentes do Banco Itaú e Unibanco e o Banco Real, adquirido pelo Santander me trazem à mente a questão que já coloquei por aqui algumas vezes: qual o compromisso que os anunciantes estabelecem, de fato, com o mercado quando veiculam suas mensagens publicitárias?

 

A minha mulher diz que eu me preocupo com coisas que não devia. “Quem foi que disse que alguem se procupa com isso?”, me fala ela.  De fato, acho que pouca gente. Há algum tempo o ombudsman de um destes Bancos, quando perguntei sobre a perfeição da instituição, veiculada insistentemente na midia, ele me disse: “ora não somos perfeitos é claro! É a retorica do marketing, você não sabe?”. Não sabia na época e continuo achando que não deveria ser nada disto. Quando se vai a TV afirmando que se tem qualidade, cria-se um compromisso tácito que precisa ser cumprido. Considerar isto mera retórica é no mínimo um desrespeito a todos aqueles que têm suas casas invadidas pela mensagem publicitária. Como retórica, eu acho que é uma mentira mesmo. E mentira  é feio a bessa!

 

Da mesma forma, quando vejo estas mega fusões, onde se juntam forças com propostas de valor ao cliente muito diferentes, acho que as propagandas deveriam ser revistas imediatamente.  Afinal quem “compra o banco perfeito”, pode levar o que “nem parece que é banco”, assim como tinha o que era “simplesmente primeira classe” e levei a “retórica da perfeição”. No português da rua, isto é o mesmo que “comprar gato por lebre”.

 

É claro que estou “forçando a barra”  um bocadinho, mas é para enfatizar o cerne da questão que quero discutir:  Publicidade é retórica ou compromisso?

 

Como chute inicial para a sua reflexão, cito o Washington Olivetto em entrevista recente ao Trip FM, veiculado na Radio Eldorado, em resposta a pergunta feita pelo apresentador se ele já teve que “fazer uma propaganda para um produto ruim, meia boca”. Elegante, ele não criticou aqueles que eventualmente o fazem, mas afirmou que não lembra de ter “promovido um produto que não correspondesse ao que prometia”. Além disto lembrou-nos uma conhecida frase que usa há muito tempo: “só quero fazer propaganda de produtos que o cliente possa devolver se não gostar”.

 

Eu, como consumidor, vou mais a raiz deste assunto – ou “radical” como minha mulher diz que sou – Logo eu???. Quem não age desta forma, seja anunciante, publicitário, ator ou veículo, engana – mesmo que em níveis mínimos – o consumidor.  E  mentira é muito feio!

 

O que você, leitor ou leitora, acha disso?

 

Até a próxima.

 

 




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