Um rato saiu de manhã para trabalhar e no caminho cruzou com um
caracol. Muitas horas depois, após um dia exaustivo em que teve que
batalhar arduamente para caçar sua comida e escapar de seus
predadores, o rato retornou exausto. E notou que o caracol não havia
se movido mais que dois metros.
O rato parou e comentou que se sentia compadecido pelo fato de o
caracol ter uma vida tão monótona, tão sem emoções, enquanto ele,
rato, conseguira viver, em apenas um dia, aventuras que o caracol não
viveria em toda existência.
“- Emérito rato”, disse o caracol, “como tenho bastante tempo
para observar e refletir, permita-me oferecer-lhe alguns dados
comparativos entre nossas espécies, que talvez possam ajudá-lo a rever
o seu ponto de vista. Caracóis têm casa própria e ratos são
escorraçados de todos os lugares aonde chegam. Caracóis vivem em
jardins e ratos, em esgotos. O alimento dos caracóis está sempre ao
alcance, enquanto ratos precisam caminhar horas e horas para encontrar
comida. Por isso, caracóis podem passar o dia apreciando a natureza,
ao passo que ratos não podem se descuidar nem por um segundo. E não
por acaso, caracóis vivem cinco anos. Dois a mais que os ratos…”
O rato ouviu a tudo atentamente. Ponderou que o caracol tinha
razão em tudo o que havia dito e, com uma violenta pisada, esmagou o
caracol contra o chão.
Felizmente o solo era fofo o suficiente para que o caracol
sobrevivesse. Mas ele aprendeu uma pequena lição que lhe seria útil
pelo resto da carreira. Por mais razão que você tenha, nunca tente
provar a alguém que se acha o máximo, que ele não é nada daquilo.
Porque não há negócio pior do que oferecer sabedoria a quem só pode
pagar com ignorância.