A série “Autoras” da Semana da Mulher no Clube do Livro prossegue com a escritora e jornalista Asne Seierstad, que combinou o talento das duas profissões e escreveu um livro-reportagem de grande sucesso no Brasil e no mundo – “O Livreiro de Cabul“. Um grande fenômeno editorial pela força de seu conteúdo, uma história real, apesar de parecer um romance de primeira linha.
Nascida em 1970, a jornalista norueguese Asne Seierstad é graduada em História da Filosofia em Oslo e atuou como correspondente internacional em áreas de guerra e grandes conflitos, como Kosowo, Afeganistão e Iraque.
Logo após a queda das Torres Gêmeas pelo atentado da Al-Qaeda, o mundo virou seus olhos para a Ásia, em especial para o Afeganistão. Em 2001, a jornalista norueguesa estava realizando a cobertura da ofensiva dos EUA contra o regime Talibã, que acabou sendo destituído do poder no ano seguinte.
No final de 2001, por obra do acaso, Asne entrou em uma livraria na cidade de Cabul. Foi uma enorme surpresa para ela ter descoberto uma livraria abarrotada de livros sobre a cultura afegã e a figura do livreiro – Shah Mohammed Rais, o personagem principal do livro, onde leva o nome fictício de Sultan Khan.
Apesar do cenário impregnado com as marcas de uma guerra violenta, Asne conseguiu autorização para morar como hóspede com a família de, compartilhando seu dia-a-dia com olhos atentos e um bloco de anotações na mão. A obra faz um registro dos três meses durante os quais Asne morou com a família afegã. O resultado é uma crítica contundente à opressão feminina naquela casa, e nas sociedades islâmicas em geral.
Para poder circular por Cabul com segurança, a autora se submeteu ao incômodo uso da burca, descrito em detalhes no livro. Asne conviveu com um ambiente desumano, com meninas impedidas de ir à escola para estudar ou trabalhar, além de histórias tristes como a exploração sexual das viúvas e o assassinato de uma adúltera, sufocada por um travesseiro pelos irmãos e sob as ordens da própria mãe.
Um cotidiano familiar recheado de histórias incríveis de opressão, submissão e morte. O próprio Shah Mohammed Rais, revelou-se um tirânico chefe de família e nos negócios, apesar de suas elevadas ambições culturais.
Com uma narrativa em tom literário, “O Livreiro de Cabul“ vendeu mais de 3 milhões de cópias em mais de vinte países e está há várias semanas na lista dos mais vendidos do Brasil e em diversos países ocidentais, como Grécia e Islândia.
Mas a autora não se arrepende de exprimir o que estava sentiu em sua experiência em Cabul. Segundo ela, “a crítica faz com que as sociedades evoluam”. Antes do Afeganistão, ela já havia trabalhado com guerras e conflitos armados no Kosovo e na Chechênia.
Em novembro de 2007, veio ao Brasil para o lançamento de seu livro, “101 Dias em Bagdá“, sobre o período em que esteve no Iraque, em 2003, durante a invasão americana.
Desta forma, a autora noruguesa Asne Seierstad também participa da série AUTORAS do Clube do Livro na Semana da Mulher.
Um abraço,
Marco Barcellos
Algumas referências da AUTORA:
Asne Seierstad na Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Åsne_Seierstad
Trecho do Livro: O Livreiro de Cabul de Asne Seierstadd – Download grátis em:
http://tigredefogo.wordpress.com/2008/08/14/trecho-do-livro-o-livreiro-de-cabul-asne-seierstad/