Mesmo não sendo exatamente bons exemplos de literatura, as eleições municipais confirmam a força crescente dos livros, mesmo em tempos de Consumidor 2.0.
Independente do caráter oportunista que possam ter motivado as suas respectivas estréias “literárias”, os candidatos ao segundo turno da prefeitura de São Paulo, Gilberto Kassab e Marta Suplicy, tiveram seus nomes vinculados a dois lançamentos recentes nas livrarias da cidade.
O primeiro, Gilberto Kassab, uma ligação indireta já que o seu principal projeto como prefeito, e que teve a maior repercussão entre a sociedade paulistana, foi detalhado no livro do jornalista Leão Serva – “Cidade Limpa – O projeto que mudou a cara de São Paulo”, onde ele conta as diversas fases do projeto, desde a concepção até a sua polêmica aprovação na camara dos vereadores. O livro traz artigos de personalidades paulistanas e também fotos retratando o visual da cidade antes e o depois da implantação da lei. O livro foi lançado em Junho deste ano.
Em um estilo mais “direto ao ponto”, a candidata Marta Suplicy tenta explicar muito do que aconteceu em sua gestão entre 2001 e 2004 no livro “Minha Vida de Prefeita – O que São Paulo me ensinou”, assinado pela prórpia ex-prefeita. Segundo seus planos, o livro seria uma excelente oportunidade para que ela pudesse dar a sua versão sobre as histórias que a imprensa não publicou. A sua aventura literária abarange desde de a sua separação, o novo casamento e o preconceito que ela sentiu neste episódio, até as suas obras, os maiores desafios e sentimentos quando perdeu a chance de se reeleger. O livro de Marta foi lançado em setembro deste ano, pouco mais de um mês antes do primeiro turno.
Um fato curioso é que ambos os livros foram lançados na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, um templo sagrado para quem gosta de leitura e, com certeza, apartidário em termos de preferências políticas.
Enfim, se bastasse escrever um livro para se eleger, teríamos 3 candidatos na disputa do próximo domingo. Em tempo: Paulo Maluf também deu a sua contribuição ao eleitor-leitor através do livro “Ele – Maluf, trajetória da audácia” de Tão Gomes Pinto, também lançado em junho deste ano. O livro não é exatamente uma biografia. E se o plano era impulsionar a sua candidatura, pode-se dizer que pelo menos esta obra de Maluf não emplacou. Literalmente.
Enfim, apesar de ser um amante dos livros, confesso que não li nenhuma das três obras, que assim como seus protagonistas, devem ter virtudes e defeitos. Não me parece que o eleitor vai escolher seu candidato pelo conteúdo de sua obra, no caso, “literária”. Mas poderia até ser uma fonte de informação sobre um outro ponto de vista de personagens tão discutidos pelas urnas paulistanas.
Se você leu qualquer um destes livros, por favor, deixe seus comentários – sobre os livros, não sobre os candidatos! No meu caso, prometo que votarei no próximo domingo. Mas não prometo que vou ler algum destes livros. Quem sabe um dia?
Abraços,
Marco Barcellos