Se você é como eu, apaixonado por futebol e livros, nada melhor para “comemorar” o fim de mais uma Copa do Mundo com (mais!) um livro divertidíssimo de Luis Fenando Veríssimo – “Time dos Sonhos“.
Particularmente, recomendo este livro para curar a ressaca de mais uma copa que “estava quase ganha”.
Afora Dungas, Josués, Jabulanis e Cia, e os que ficaram de fora (Ganso, Neymar, Ronaldo Gaúcho, e até o Pelé, que ficou de fora da festa da CBF), resta sempre aquela esperança brasileira, que “a próxima é nossa!” Ainda mais 2014 que será em casa.
Enquanto espera, vale a pena ler este “clássico” do Veríssimo: um livro de 138 páginas com crônicas escritas de agosto 1997 a maio de 2009, ou seja, nada sobre a nossa campanha na África do Sul. Afinal, continuamos adorando o futebol mas. é bom dar um tempo, né?
E neste período em que as crônicas deste livro foram publicadas nos jornais O Globo, Jornal do Brasil, Zero Hora e O Estado de S. Paulo, perdemos da França de Zidane em 98, ganhamos com a família Scolari em 2002, perdemos da França (de novo???) na Alemanha.
Enfim, lágrimas e alegrias suficientes para “esquecer” do Sjneider, do Felipe Melo, da Vuvuzela, etc etc etc
O “Time dos Sonhos” de Luis Fernando Veríssimo é uma reunião de textos divertidísimos sobre uma das grandes paixões nacionais: o futebol!
“Só o futebol permite que você sinta aos 60 anos exatamente o que sentia aos 6. Todas as outras paixões infantis ou ficam sérias ou desaparecem, mas não há uma maneira adulta de ser apaixonado por futebol” (Veríssimo)
Veríssimo é um craque na arte da escrita, com seu texto ao mesmo tempo enxuto e elegante (um verdadeiro polivalente), ele brinca com histórias, “causos” e contos sobre o esporte bretão.
Sempre viajando entre os paradoxos do futebol, Veríssimo nos aplica uma sonora goleada de risos e reflexões nas 51 crônicas deste livro, divididas em 4 partes: “Para Que Serve o Futebol”, “O Time dos Sonhos”, “Ser Brasil” e “Jogo de Cintura”.
Somente como uma preliminar, destaco algumas das crônicas mais inspiradas desta obra, como:
· A Era dos Centauros, onde o autor explica porque o Xadrez é um jogo violentíssimo, ao contrário do Boxe, que é um esporte supercivilizado;
· Meu Coração, que narra um improvável diálogo estressado entre o autor e o seu coração, dentro de um estádio;
· Montezuma, quando o autor foi cobrir a sua primeira Copa no México, em 1986, como correspondente da Revista Playboy;
Infelizmente para a ressaca nacional, apesar dos textos serem “antigos”, alguns soam incrivelmente atuais como, por exemplo:
· O Cabelo do Beckhan: “temos uma boa dupla (de zaga) mas o resto do time sumiu.”
· Robinho e o paradoxo: “a gente passa o jogo todo esperando que o Robinho entre driblando até dentro do gol.”
E por fim, em Ser Brasil, o golpe final: “é como repartir uma laranja ao contrário.”
Tudo bem, nem ele nem nós poderíamos imaginar. Mas felizmente, os “laranjas” viraram suco, e a Espanha passou de “grande decepção” (na primeira rodada) para a grande campeã! Com méritos e poucos gols, aliás como grande a maioria, nesta Copa.
Enfim, 2014 vem aí e lá estaremos, torcendo pelo Brasil, reclamando do técnico (que não levará fulano e beltrano) mas, certamente imaginando e torcendo pelo nosso Time dos Sonhos.
Em tempo:
Luis Fernando Veríssimo é gaucho e torce pelo Internacional de Porto Alegre. Filho do romancista Erico Veríssimo, ele é um dos escritores mais respeitados do país, tendo sua obra já traduzida para 17 idiomas. Além disso, é colunista dos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo.
Enfim, um verdadeiro craque da “literatura-arte” do Brasil.