Profissões do futuro…quais serão?

Outro dia estava pensando nos meus netos e como seria a futura
vida profissional deles. Sei que eles não usam e jamais usarão teclado e mouse
como eu. E que provavelmente não precisarão aprender a dirigir. No mínimo não
precisarão fazer baliza…A Internet e os apps já fazem parte de sua vida e
cada vez mais estarão vivendo em um mundo digital, com novos hábitos sociais. O
avanço da automação e mais recentemente do conjunto de tecnologias que chamamos
de “machine learning” vai mudar em muito as profissões atuais. O impacto da
robotização chegando às áreas de conhecimento muda nossa percepção sobre
automação. Antes era consenso que automação afetaria apenas as atividades
operacionais, como nas linhas de produção. Mas agora percebemos que podemos
vê-la atuando em atividades mais mentais do que manuais, que envolvem tomadas
de decisões, que tradicionalmente abrange pessoas com formação universitária e são
responsáveis pelo extrato profissional considerado superior.

Parece impossível? A cada dia surgem mais evidências que
esta mudança está bem mais próxima que pensamos. Em 2011, o Gartner, através de
um de seus analistas, Nigel Rayner já afirmava: “Pode chegar um dia em que a
automação substitua as pessoas nas tomadas de decisões nos negócios. As
máquinas substituiriam os administradores que atualmente confiam em instinto,
experiência, relações e incentivos financeiros por desempenho para tomar
decisões que algumas vezes levam a resultados ruins.”.  O texto está em http://computerworld.com.br/gestao/2011/10/21/maquinas-podem-substituir-pessoas-nas-tomadas-de-decisao.

Este cenário vai nos obrigar a mudar muitas profissões e
obviamente a redesenhar a formação acadêmica para enfrentar este desafio.
Estamos realmente formando as pessoas para as profissões do futuro? Um
interessante ensaio sobre as profissões do futuro pode ser visto em http://www.news.com.au/finance/business/futurist-morris-miselowski-predicts-the-jobs-well-be-doing-in-2050/story-fn5lic6c-1226894721996.

O primeiro passo é reconhecer que algumas atividades serão substituídas
por máquinas. Mas em muitas outras, as máquinas nos complementarão. Mas isso
significa que temos que expandir nossos conhecimentos, pois as atividades
básicas de muitas profissões serão automatizadas. O diferencial humano estará
na nossa capacidade de criatividade, flexibilidade, emotividade, motivação,
liderança, relações interpessoais, ponderação e senso comum. Infelizmente a
atual formação acadêmica não enfatiza muitos destes aspectos em seus conteúdos
programáticos. Por exemplo, a tecnologia nos ajuda muito na análise de dados,
mas a tomada de decisões exige retórica e poder de síntese. Se o processo decisório
for meramente automático, a máquina assumirá 100%do trabalho.  Nos concentraremos no pensamento macro e
abstrato, deixando as máquinas desempenharem apenas funções que estarão abaixo
de  nossa capacidade intelectual.  Um exemplo simples: um advogado usará
algoritmos para analisar e cruzar milhares de documentos legais e lhe sugerir
estratégias de ação, para ele ficar livre para dedicar toda sua energia na
preparação da argumentação, que além de suporte documental  é influenciado  pelo conhecimento do contexto, emotividade e
pensamento abstrato de como conduzir a estratégia.

Muitas atividades de serviços serão efetuadas por
robôs.  Estes já estão maciçamente
presentes no ambiente industrial, mas estamos apenas começando a ver sua
aplicabilidade em serviços.  O exemplo do
GiraffPlus (http://www.giraffplus.eu/)
da Comunidade Européia no uso de robôs como auxiliares de cuidadores de idosos
é um primeiro passo nesta direção. Atividades que já se tornaram praticamente
robotizadas como atendimento de call center, consultores financeiros e de
vendas que seguem rigidamente scripts pré-definidos não terão espaço na disputa
com sistemas “inteligentes” como o Watson, por exemplo. Afinal seguir um
esquema pronto uma máquina pode fazer e até melhor, pois pode considerar
inúmeras outras variáveis consultando em tempo real informações dispersas em
dezenas  de bancos de dados. Mas a
capacidade de ouvir, refletir e criar vão tornar a função diferenciada. Assim,
este cenário cria novas funções, elimina outras e transforma as demais. Não
podemos pensar única e exclusivamente em uma disputa por espaço home versus
máquina, mas como expandir nossas habilidades únicas com apoio delas.

Estamos vivendo um ponto de inflexão e precisamos entender a
exponencialidade das inovações transformacionais que estão sobre nós. Mudanças
nas profissões e na formação profissional será inevitável. Quanto mais cedo
entendermos os impactos das mudanças, mais preparados estaremos. Recomendo a
leitura do livro “The Second Machine Age” (http://secondmachineage.com/ ) que no
mínimo nos instiga a repensar muito dos paradigmas atuais.

0 comentário em “Profissões do futuro…quais serão?”

  1. Olá,Gostei mto do texto e acredito que, no futuro, realmente terá uma modificação nas profissões, teremos mais máquinas fazendo o serviço que atualmente é realizado pelo homem.
    Outro dia me deparei com um site que realiza cobrança (www.aliado.com.br) eu imaginava que o negociador nunca perderia seu posto, mas vejo que estava equivocada.
    Mto interessante o projeto GiraffPlus, os cuidadores também correm o risco de perder seu posto.
    Tais profissionais terão que rever seus diferenciais.

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