Sobrevivendo às tecnologias disruptivas

Muito se tem discutido sobre tecnologias disruptivas e como
elas afetam negócios tradicionais. Esses buscam com todas as forças promoverem
a restrição de tais empreendimentos, seja pela via judicial ou por propostas
legislativas extremamente restritivas e não raras vezes inconstitucionais. Recentemente
a Câmara aprovou um projeto que pretendia inicialmente regulamentar os aplicativos de
transporte, como o Uber, porém a emenda apresentada acabou por inviabilizar o
serviço, ao considerar que tais modalidades de transporte, claramente privadas,
são públicas, sujeitas a maior controle estatal. O projeto segue agora para o Senado.

Esse debate não é de hoje. Até muito recentemente o grande
inimigo do mercado audiovisual era a Internet, acusada de ser responsável pela
bancarrota de muitas gravadoras, porquanto facilitou a pirataria, sobretudo com
aplicativos peer-to-peer. Batalhas judiciais foram travadas e projetos de lei
absolutamente invasivos à privacidade dos cidadãos foram apresentados. Casos
como o do Napster e projetos como SOPA e PIPA, são os exemplos mais
emblemáticos.

O tempo passou e os serviços de streaming tomaram conta da
rede. Usuários gradativamente migraram dos downloads ilegais para se tornarem
assinantes de serviços como Spotify e Netflix, atraídos por mensalidades bastante
acessíveis. A Apple pela Itunes Store também passou a vender conteúdo a preços mais
justos, inclusive permitindo a compra de uma determinada música, sem obrigar o usuário a comprar todo o álbum.

Esse exemplo do audiovisual claramente demonstra que é impossível ir contra a inovação
tecnológica, sobretudo aquelas que promovem o rompimento de padrões
tradicionais. O que é preciso é buscar adaptação, visualizar o mercado e
aprender com ele, modernizando seus negócios para não ficar para trás. O
mercado de audiovisual se ao invés de ter gastado rios de dinheiro com lobby
legislativo e custas judiciais tivesse promovido a inovação poderia hoje estar
até em melhor situação, uma vez que poderia abocanhar parcela maior das
receitas desse mercado de streaming.

Investimento em inovação não é apenas para empresas de
tecnologia. Empresas tradicionais instalam núcleos de incentivo à
startups e à inovação tecnológica, muitas criando aceleradoras para capitalizar e orientar os novos empreendimentos, entendendo que novos serviços digitais agregam valor ao negócio e,
sobretudo, garantem sua sobrevivência e até crescimento na era digital. 

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