“Pessoas nas
empresas são substituíveis”- Apesar de chocante, não foi a primeira vez que
ouvi esta afirmação vinda dos mais altos escalões de importantes empresas.
Um pensamento
que há tempos permeia o mundo corporativo, mostrando-se ser um dos maiores
contracensos, considerando-se que um dos jargões mais utilizados pelo RH das
empresas hoje em dia, seja justamente o da valorização dos talentos dentro das
organizações.
Como um
profissional da área de relacionamento com clientes, o que aprendi ao longo da
minha experiência, quase que como um “mantra”, é a de que o cliente é e sempre
será a entidade mais importante dentro de uma empresa. Mas aprendi também que o
primeiro “cliente” a ser conquistado dentro de uma organização deva ser seus
colaboradores, pois serão eles que de fato irão, em seu dia a dia, vender a boa
imagem da empresa aos seus inestimáveis clientes.
Mas infelizmente
o que vemos hoje em dia é muito discurso e pouca prática. Embarcada pela
dinâmica frenética do mundo atual, as relações de hoje em dia tornaram-se
excessivamente descartáveis e superficiais, isto vale desde o relacionamento
com os amigos, até o seu chefe, seu subordinado ou colega. Enfrentamos hoje uma
certa banalização nas relações corporativas.
Podemos imaginar
quanto tempo e energia sejam necessários para a adaptação de um profissional em
uma empresa, até que este comece a produzir de verdade? De certo não estamos
falando de dias e sim de alguns meses. O conhecimento adquirido do negócio, a cultura,
os valores, as relações construídas no dia-a-dia. Considerando posições de
liderança então, este número cresce exponencialmente. Esta conta invisível está
longe de ser encarada com a prioridade necessária por grande parte dos líderes
atuais, considerando o ritmo desenfreado de mudança de profissionais nas
organizações.
Será esta é uma prática
legítima, uma vez que estamos necessariamente acompanhando a dinâmica e velocidade
das mudanças no mundo de hoje? Ou estamos apenas tampando o sol com a peneira
e deixando o real problema de lado?
Neste ponto acredito
que valha a pena uma reflexão: O que aconteceria, por exemplo, se tivéssemos substituído
grandes líderes do passado por outros, que tivessem, digamos, as mesmas “qualificações
e habilidades”, mas, contudo, não o conjunto de todas as experiências
profissionais e pessoais somadas à personalidade e comportamentos únicos? Que
resultado obteríamos com a substituição de um Steve Jobs ou de um Abílio Diniz
em nossa sociedade? Quantos talentos estaríamos perdendo a cada dia, tentando
resolver nossos problemas de desempenho de maneira radical e imediatista?
Talvez o desafio
maior a ser enfrentado, seja o de como se extrair o máximo da capacidade de
cada profissional, ao invés de, ao primeiro sinal de perigo, simplesmente
substituí-lo. Quem já não ouviu falar que trocar de marido ou esposa é o mesmo
que só trocar de problemas? Pois é, apesar de simplista, esta idéia se encaixa
também ao mundo corporativo, pois todos nós em maior ou menor grau temos nossos
limites e virtudes, e o que pode definir em grande parte nosso sucesso ou
fracasso, é o fato de como nosso potencial e talento estão sendo estimulados.
Com o
empobrecimento das relações humanas, principalmente no mundo corporativo, esta
prática do trabalho focado no profissional, onde o ser humano seja considerado
como o principal elemento transformador e inovador nas organizações, vem
tornando-se cada vez mais rara, agravada a uma baixa tolerabilidade às falhas, o
que temos hoje em muitas empresas, são ambientes pouco propícios para que o
talento e as potencialidades de cada um sejam efetivamente explorados, sendo estes
a base do tão falado diferencial competitivo que tantos as empresas buscam: o
talento.
Com a
globalização, as tecnologias e os processos modernos estão cada vez mais
acessíveis, tornando o pilar do capital humano cada vez mais relevante para a
sobrevivência em um ambiente tão competitivo e dinâmico.
Sendo assim, de
um lado temos o talento e a experiência e de outro a mão forte e soberana das
organizações, que buscam cada vez mais resultados imediatos a qualquer custo. Nesta
queda de braço o profissional continua sendo a parte menos favorecida. Mas até
quando?
E quanto às
empresas, será que deixando seus talentos e experientes colaboradores
simplesmente irem embora estão de fato atingindo tudo o que poderiam atingir?
O futuro
certamente nos dirá..
Alexandre
Baccaro, MBA em CRM pelo Ibmec SP, é especialista em gestão de Centrais de Atendimento e Vendas. Contato direto: [email protected]
Welcome Alexandre ao Blog de Televendas.
Um abraco e parabéns pelo artigo
Julio X
Excelente !