Afinal, o que é assessment?

Autora: Izabela Toledo
Como funciona? Para que serve? É muito simples! Se você é líder de uma empresa, área, unidade de negócio ou segmento e precisa conhecer rapidamente as pessoas que trabalham no seu time, com o intuito de identificar as melhores habilidades, atitudes e conhecimentos, e ao mesmo tempo quer saber quais são suas fragilidades, o assessment lhe servirá muito bem.
Se você tem dúvida em promover ou não um profissional, identificar a melhor pessoa para ocupar uma função estratégica ou simplesmente ajudar um executivo em seu desenvolvimento, o assessment também é a melhor opção.
Esse recurso serve para melhorar a autopercepção e autoconhecimento de quem participa, ou seja, do avaliado. Conhecer seus pontos fortes e fracos poderá abrir novas possibilidades no desenvolvimento de carreira e ampliar horizontes. Só o fato de se dedicar a refletir e conversar com um profissional, que é neutro e preparado para ajudá-lo a compreender melhor seu funcionamento, é um belo ganho. Para a empresa, saber quais competências seus colaboradores possuem, se cada um deles está utilizando bem o seu potencial e que tipo de apoio precisa, é fundamental para a sustentabilidade operacional dos negócios.
Desenvolvimento, aliás, é uma via de mão dupla. Uma parte da responsabilidade é de cada um de nós, ou seja, do quanto nos esforçamos para aprender. A outra parte vem do grupo em que estamos inseridos, da empresa. Um bom exemplo é quando falamos da competência de visão estratégica de negócio: “Identifica e analisa as tendências do mercado, concorrentes e suas implicações para o posicionamento da empresa e dos clientes (quando aplicável)…” Para realizar o que foi mencionado na definição, o indivíduo imagina cenários futuros para poder antecipar tendências de mercado e desenvolver estratégias de negócios. A empresa que fomenta visão estratégica nos seus colaboradores, cria e propicia espaços, fóruns para discussões, diálogos sobre contexto de mercado, situação da empresa, cenários possíveis, etc. Quando não há momentos dedicados a esse tipo de conversa ou reflexão, fica difícil desenvolver tais habilidades nos indivíduos.
Há também outros subprodutos desse trabalho. Quando avaliamos alguém em níveis de comportamento, atitude e conhecimento, é preciso entender em que contexto isso está inserido, como é essa cultura organizacional, como funciona o processo decisório desse grupo, identificar a rede de relacionamentos existente e desafios estratégicos. Sem esse entendimento, não haverá uma visão abrangente da vida do profissional, dentro dessa estrutura organizacional. Com isso, podemos perceber por qual motivo está conseguindo bons resultados ou não.
Há inúmeras metodologias que podem ser utilizadas em um processo de assessment ou avaliação. Depende da necessidade da empresa e do que é preciso identificar em termos de comportamento. O mais importante, porém, não é a metodologia, não são os comportamentos e sim a pessoa que irá conduzir o trabalho, pois trata-se de um processo de avaliação feito com base em observação e percepção. 
O que as empresas compram, de fato, não é uma metodologia, não é uma forma X ou Y de apresentar os resultados – é uma percepção. Simples assim. Adoro falar sobre isso! Porque a percepção não é exata, matemática, totalmente tangível ou universal. É algo único, cada pessoa tem a sua. Muito embora haja pessoas que não têm percepção, mas acham que têm.
A maioria de nós, seres humanos, tem medo de entrar em contato com seus sentimentos, imaginar o sentimento do outro. Sentir é algo cada vez mais raro. Anestesiamo-nos, todos os dias, para sentir menos. Sentir menos o desrespeito, a dor do outro, sentir menos medo, insegurança, compaixão, culpa, dor, remorso, raiva, ódio… Logo depois de sentir algo, vem a cobrança interna por uma ação. Pode iniciar com uma simples reflexão sobre a situação que gerou o sentimento. Essa cobrança por ação pode nos levar a evitar os contatos. Nem sempre temos uma resposta voltada para a ação. É necessário, então, compreender que uma reflexão já pode ser uma ação.
Todos os nossos sentidos precisam estar conectados e ativos para que possamos aguçar a nossa percepção. A conexão é uma palavra-chave, nesse contexto. Primeiro a conexão consigo mesmo e depois com o outro. Para se formar uma percepção consistente é necessário observar, investigar, provocar o interlocutor, pedir exemplos de ações e atitudes, compreender sua história, vida, expectativas, visões, pessoas e relações. Quando isso não ocorre, é julgamento e não percepção. 
Só é possível ativar a percepção quando não há anestesia de sentimentos. Chamo de anestesia estar no “modo automático”. Isso ocorre todo o tempo, justamente pela dificuldade que temos com o “sentir”, conforme já mencionei. Perceber é algo amplo, considera o contexto que está a nossa volta, as pessoas, os diálogos, os olhares, o clima comportamental, o que não é falado e está implícito, velado. É complexo mesmo. Por isso, não são todas as pessoas que conseguem acessar – o perceber. É preciso muito treino e consciência.
Izabela Toledo é director & partner do Fesap Group. Representa as marcas Fesa, Asap e Fesa Advisory.

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