José Floro S. Barros
Se avaliarmos as transformações que vivemos nos últimos 15 anos, poderemos entender melhor os fatores que, atualmente, influenciam os profissionais e suas trajetórias de evolução. É inegável comentar que a globalização foi o estopim destes desconfortos, quando começamos a interfacear com o mundo e, como contrapartida natural, concorrer sem fronteiras com corporações mundiais, o que, convenhamos, nos traz inquietações e incertezas.
Estamos também enfrentando diversos papéis simultâneos como executivos, como integrantes da sociedade, como professores, como colaborador, como líder, como pai, como marido, como filho, como orientador, como orientado, e muitos outros papéis que vivenciamos a cada dia. Já presenciamos grandes processos de transformação nas organizações, que deixaram como herança avanços que saltam aos olhos, assim como retrocessos incontornáveis.
Outro ponto claro de transformação, conforme, mencionado em seu livro “Trabalhador do conhecimento”, Peter Drucker enfatiza que este trabalhador do conhecimento esteja substituindo o trabalhador de fábrica, tornando-se este (o trabalhador do conhecimento) o novo esteriótipo do trabalhador atual, e não mais o trabalhador de fábrica, como vinha sendo referencia nas últimas décadas.
O emprego vitalício está desaparecendo, exigindo que os indivíduos cuidem do desenvolvimento, tomando as rédeas de suas carreiras e de suas vidas. O recado está claro: as empresas não têm mais tempo, nem disponibilidade, de cuidar do desenvolvimento das carreiras de seus colaboradores. Ao mesmo tempo, exige-se que os profissionais sejam polivalentes, atuando em todos os tipos de trabalho nas corporações, tendo que se prepararem para assumir também o papel de líder.
Resumindo, hoje trabalhamos em um ambiente muito mais turbulento, muito mais flexível e disperso, que exige uma constante adaptação às mudanças diárias que deveremos continuar enfrentando nas próximas décadas. Se, já com uma certa experiência, temos que nos desdobrar para estarmos preparados para enfrentar estas constantes mudanças, podemos imaginar como se sente um profissional novo, buscando um primeiro posicionamento no mercado de trabalho.
Um termo bastante importante neste cenário é coach, que pode ser definido como um veículo capaz de levar pessoas de um lugar a outro, ou, dentro do mundo esportivo, é o treinador que busca colocar os talentos individuais trabalhando em equipe, provendo uma sinergia, cujo resultado total seja maior que a simples soma das partes.
A prática de coaching, que traz mudanças reais e duradouras, está sendo cada vez mais procurada pelos jovens. É muito utilizada para dar suporte a profissionais que anseiam ir de uma posição à outra, ou se posicionarem dentro de um ambiente desconhecido, em nível pessoal e em nível estratégico, quando empresas utilizam o coaching para alinhar os objetivos das corporações às competências dos profissionais.
Muitos jovens, bem formados pelas universidades, sentem-se um tanto quanto despreparados para enfrentar os ambientes competitivos existentes nas organizações, pois os conteúdos acadêmicos nem sempre refletem a realidade das corporações. Os coaches experientes ajudam os profissionais a construírem caminhos individuais para atingir objetivos pessoais e corporativos, baseados em três fundamentos, como indicado no livro “Coaching – O exercício da liderança”, de Marshall Goldsmith: estratégia mútua, mudança comportamental e core value, fornecendo resultados econômicos genuínos e mensuráveis aos processos e projetos.
Um dos pontos enfatizados pelo coach está na aceitação de que existe vida além do trabalho e que o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é um dos fatores primordiais para sua evolução profissional e de sucesso. Outra afirmação do livro “Coaching – O exercício da liderança” é que a maior ambição do coach está em afetar fundamentalmente a maneira pela qual o profissional pensa e se comporta, mantendo sempre o diálogo atrelado à realidade, através de sua capacidade de questionar e identificar diferentes alternativas de caminhos a serem desenvolvidos, e de sua sólida visão do negócio e do desenvolvimento do relacionamento interpessoal.
Os encontros entre coach e o orientado acabam suspendendo as pressões do dia-a-dia incentivando os profissionais a pensarem muito mais neles mesmos, buscando seu auto-conhecimento, possibilitando-os agir e definir suas atividades propositadamente, estando suas ações sob seu comando, pois os diálogos que permitem a um profissional na conquista de suas metas estão fadadas ao sucesso!
O coaching é o método que coloca as pessoas à frente dos processos e dos objetivos corporativos, permitindo a evolução pessoal que traz a reboque as demais conquistas. O trabalho deve desafiar nosso intelecto e não mais nossos músculos. Traçam-se, junto com os profissionais, as rotas que possibilitam os caminhos para a liderança, reforçando o desenvolvimento do indivíduo, e por conseguinte obtendo-se os resultados esperados pelas corporações.
José Floro S. Barros é sócio diretor da Floro Gerenciamento de Carreira.