Visando entender melhor a visão dos brasileiros sobre liderança, a Mindsight, empresa de tecnologia e gestão de pessoas, realizou uma pesquisa junto a 1260 candidatos em processos seletivos, sendo 48,2% homens, 47,5% mulheres e 4,3% que se identificaram como gênero “não binário”. Quando questionados sobre os valores associados a um bom líder, as principais características sinalizadas foram responsabilidade e comprometimento, com 84% dos participantes valorizando esse ponto, seguida por comunicação e empatia com o time, com 83% e 81%, respectivamente. Outras características bem posicionadas foram carisma e capacidade de inspirar (71,6%), bom em reconhecer méritos (70,5%), organização (69,5%) e bom em dar feedbacks (67,5%).
No entanto, analisando as respostas por gênero, é possível perceber divergências na ordem de características priorizadas. Enquanto para as mulheres a sequência foi responsabilidade e comprometimento (87,5%), comunicação (84%), empatia com o time (83,5%), carisma e capacidade de inspirar (71,6%) e bom em reconhecer méritos (70,5%), para os homens as prioridades são outras. Para eles, as principais características em bons líderes são comunicação (81,6%), responsabilidade e comprometimento (80%), empatia com o time (79%), bom em reconhecer méritos (69%) e carisma (68%).
Além disso, os homens valorizam ambição e influência em proporções 29,5% e 26% maiores que as mulheres, respectivamente. Em contrapartida, elas acreditam que ser antenado nas tendências de mercado é uma característica importante em uma proporção de 15% a mais que os homens.
Problemas enfrentados
Mergulhando na temática do relacionamento entre líderes e liderados, a sondagem indica que, enquanto 39% dos participantes afirmaram que nunca tiveram problemas com seus gestores, a realidade é diferente para os outros 61%. O principal entrave relatado pelos homens e pelas mulheres é a falta de feedback oferecido pelo chefe, com 14% e 12% das respostas, respectivamente.
Um ponto alarmante detectado pela pesquisa é que 7 entre 100 participantes já sofreram assédio moral ou sexual por parte de seus líderes. A proporção é 19,5% maior entre as mulheres do que os homens. Por sua vez, os homens apresentaram proporções 79,5% e 26,5% maiores que as mulheres nos problemas em discordar do chefe e sofrer muita pressão.
Entre os entrevistados que já desempenharam a função de líder, as principais dificuldades do dia a dia relatadas foram estabelecer limites para a equipe, com 29,6% das respostas; encontrar equilíbrio entre as exigências, com 22,74%; e recrutar a pessoa certa para a equipe, com 15%. Além disso, há uma preocupação maior das mulheres em saber o momento e a forma de dar um feedback construtivo (proporção 23% maior em relação aos homens), assim como uma maior preocupação dos homens em auxiliar no desenvolvimento dos liderados (proporção 50% maior que as mulheres). A diferença entre homens e mulheres que já desempenharam o cargo é significativa – elas compõem 40% dos participantes, enquanto eles atingem a proporção de 60,5%.
Liderança no mundo virtual
Quando a função de liderar é levada para o campo digital, esta se torna ainda mais complexa. Principalmente devido ao menor controle dos funcionários, uma vez que o convívio se resume a reuniões online, mensagens e emails. “Algumas empresas já encaram o trabalho remoto como algo permanente, logo, aqueles que possuem cargos de liderança precisam inovar para que tenham um bom fluxo de trabalho com a sua equipe”, comenta Thaylan Toth, CEO da Mindsight, complementando: “é necessário ter empatia e um toque de assincronia com os colaboradores. No trabalho remoto, precisamos saber e lembrar que as pessoas não estão disponíveis o tempo todo, nem necessariamente ao mesmo tempo. Afinal, uma das principais vantagens utilizadas para vender esse modelo é a flexibilidade. Logo, é necessário garantir que ela realmente exista”..
De acordo com o levantamento, as principais dificuldades dos líderes durante a pandemia são manter o time alinhado e com boa comunicação e garantir o equilíbrio entre a produtividade e pressionar demais. “Compartilhe o que for importante e útil para a sua equipe e evite detalhes que não vão agregar ao trabalho executado. Às vezes, comunicar demais também pode ser um problema, pois acaba sendo tanta informação que as pessoas não conseguem absorver tudo. Portanto, saiba diferenciar o que é útil e importante de ser compartilhado”, recomenda Toth.