Autor: Eduardo Shinyashiki
Palavras como incerteza, insegurança, processos de readaptação, risco e complexidade se tornaram muito presentes no dia a dia em nossa sociedade moderna e provocam um sentimento de medo e insegurança nas pessoas. Acabamos, por vezes, mantendo certas insatisfações em nome da “segurança”, que, no fundo, não é verdadeira e nos rouba alguns sonhos.
“Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz”. Nessa máxima de Platão podemos interpretar a luz como a mudança, processo esse que vive no paralelo do ser humano em todos os momentos da vida.
Os indivíduos sentem-se seguros, mas exatamente do quê? A grande verdade é que não existem, de fato, zona de conforto e zona de segurança, pois são basicamente ilusões da vida. Nesse contexto, muitos aceitam menos do que merecem e se tornam, então, uma sombra daquilo que poderiam ser.
A mudança já veio conosco desde o nascimento. Então, nos perguntamos por que há certa paralisia e um frio na barriga desconcertante quando a vida nos exige mudar? O que nos leva a bloquear atitudes? Seria um medo de falhar, de não saber lidar com a insegurança e cometer sempre os mesmos erros?
Entre erros e acertos, vale sempre lembrar que a mudança não é algo linear, definido, mas um processo de adaptação e aprendizagem contínua, em que as crenças são questionadas e as situações conhecidas são frequentemente transformadas, desequilibrando a ilusória estabilidade e segurança em que vivemos.
Já parou para refletir o que é a coragem? Ela é a energia dentro de nós que se desenvolve para enfrentar o medo. Ter isso em mente na hora de tomar atitudes ajuda no processo da transformação existente na vida de todos nós.
No entanto, além do medo da mudança, sentimos receio de perder e de percorrer um novo caminho, totalmente diferente do nosso. Mas esquecemos que desacostumar de algo que já se faz pode ser uma espécie de ginástica para nosso cérebro e ainda podemos obter resultados muito mais satisfatórios do que aqueles que pensamos ser os ideais.
Podemos ter um bom exemplo se olharmos o contexto vivido nas empresas. Nesse ambiente, temos pelo menos dois níveis de intervenção em relação às mudanças, ou seja, nas pessoas e na organização. Porém, não podemos mudar a organização se não entendermos o processo de mudança nos recursos humanos.
Se as transformações da vida nos confirmam que tudo tem um tempo finito, frente às mudanças precisamos ter uma atitude e uma postura adequada para estarmos abertos a acolhê-las, pois só assim podemos enxergar as novas possibilidades presentes na situação, estimulando a mobilidade mental.
Precisamos sair da zona de conforto e desenvolver a flexibilidade, irmã da criatividade, pois é por meio dela que podemos imaginar soluções diferentes e inovadoras e experimentá-las agindo. Afinal, escolhas corajosas nos levam aonde devemos estar.
Eduardo Shinyashiki é presidente da Sociedade Cre Ser Treinamentos, além de palestrante, consultor organizacional, escritor e especialista em desenvolvimento das competências de liderança e preparação de equipes.