Autor: Edilson Menezes
Ainda há muita empresa no Brasil que pensa ter descoberto uma fórmula miraculosa de formar líderes por meio de sete passos:
1. Contratam;
2. Apresentam o vídeo institucional;
3. Apresentam a equipe que será liderada;
4. Incumbem alguém para detalhar como se comportam cada um dos liderados;
5. Estabelecem metas, primeiro tímidas, em seguida arrojadíssimas;
6. Cobram resultado e treinam;
7. Comemoram ou lamentam.
Diversas empresas contratam novos líderes, cobram excessivamente e treinam insuficientemente. Prometem muito e investem pouco. Inúmeros líderes, no afã de serem contratados, comprometem-se muito e entregam pouco. Neste texto, vamos analisar um cenário duplo e tomaremos de empréstimo dois fictícios líderes contratados por empresas concorrentes: André e Arnaldo.
André, totalmente capacitado para a vaga que assumiu, foi contratado por uma grande profissional de RH. Além do faro apurado para grandes talentos, a selecionadora tem 15 anos de carreira e centenas de seleções no currículo. O segundo, Arnaldo, pouco preparado para a vaga, foi contratado por um profissional que está estagiando em RH, com grande potencial, mas ainda conciliando a bagagem da faculdade com a prática.
Dentre os personagens deste texto, nenhum é melhor ou pior. Estão apenas em papeis diferentes da carreira e da vida. Ocorre que a selecionadora experiente custa mensalmente 12 salários mínimos para o patrão de André. O selecionador de Arnaldo custa ao empresário apenas 3 salários mínimos mensais.
Ora, cada empresário recebe conforme investe e emprega conforme se dispõe a abrir o bolso. A questão central é que ambos cobram da mesma maneira. A partir desta cadeia de eventos, nasce o efeito colateral das escolhas pouco assertivas: cobrança por algo que está além das atuais competências do (a) profissional.
Aproximadamente 180 dias depois das contratações, nas duas empresas uma nova reunião discutirá a performance segundo seus critérios mais urgentes e as competências que a área de recursos humanos identificou, ao contratar.
Quem empregou André ficou satisfeitíssimo e decidiu investir em um treinamento para deixá-lo ainda mais afiado. Já o contratante de Arnaldo também quer patrocinar um treinamento para ele, mas motivado pelo desespero de investir emergencialmente na tentativa de salvar um profissional que não está oferecendo o desejado retorno.
Assim, o empregador de André autorizará a contratação de treinadores dissociados da empresa, portanto com visão de mercado abrangente. O contratante de Arnaldo, como já gastou mais do que gostaria, autorizará apenas o famoso “treinamento interno”, ministrado por profissionais muito competentes em suas funções, mas pouco hábeis com a lida sobre inteligência emocional.
A empresa de André tem grande chance de liderar o segmento de atuação. A empresa de Arnaldo contará com relativas chances de sobreviver no mesmo mercado.
Acha mesmo que é uma ficção? Então pergunte-se: será que isso acontece em minha empresa?
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes. ([email protected])