Autora: Valéria Andrade
Nos últimos anos, o setor de Recursos Humanos vem ampliando a sua importância estratégica dentro das empresas, consolidando-se como uma das áreas fundamentais para o desenvolvimento da estratégia de negócio da organização. Em momentos de crise e instabilidade econômica, como o atual cenário brasileiro, essa relevância se torna ainda maior. A boa gestão de pessoas é uma das bases principais para garantir os melhores resultados possíveis nas adversidades e promover a consequente retomada de crescimento.
São ocasiões como essa que proporcionam ao RH assumir de verdade o seu papel consultivo dentro da organização, avaliando de maneira criteriosa as mudanças que precisam ser feitas. É seu dever mostrar, por exemplo, que alguns cortes na equipe podem gerar perdas significativas a médio e longo prazos, mesmo quando essa ação parece como algo simples e fundamental.
Muitas vezes, em situações de crise econômica, as decisões são tomadas por impulso, ou ainda as mudanças são feitas sem uma análise prévia da área escolhida e sem questionar a escolha feita. Um caminho muito comum adotado pelas organizações é, quase que instantaneamente, demitir e reduzir investimentos em treinamentos. No entanto, uma decisão tão importante como essa, feita sem as devidas ponderações, se refletirá em uma possível perda de capital humano qualificado, o que trará prejuízos posteriores e atrasará a retomada de crescimento da companhia quando a economia se reaquecer.
É importante frisar que as reações às crises econômicas devem ter como foco a minimização de impactos e também a diminuição do problema perante os funcionários. A crise pode ser real, porém, o medo e a insegurança são piores do que ela. Assim, é importante para a imagem da empresa que demissões sejam opções bastante pensadas e embasadas, utilizadas somente quando as demais alternativas não forem, de modo algum, benéficas.
Hoje, vivemos uma fase de transição, com um crescimento de demanda por profissionais altamente qualificados e escassez de talentos. Por isso, na crise, o treinamento e o desenvolvimento são umas das poucas alternativas para preencher posições de especialistas e de liderança. Abrir mão desse investimento sem fazer a devida análise significa assumir as perdas de produtividade e qualidade na entrega de produtos, serviços e gestão das empresas.
Além de ter protagonismo nas decisões que afetam diretamente a equipe, o RH tem um papel fundamental também na comunicação. Com uma instabilidade econômica, é comum que os executivos definam a estratégia a ser seguida de maneira impositiva. No entanto, trata-se de uma abordagem que muitas vezes não mobiliza os funcionários em torno dos objetivos comuns. Proporcionar o diálogo e a troca de ideias entre toda a equipe se torna fundamental para movimentar os empregados na tentativa de identificar onde e como cortar custos.
Ser claro com os funcionários sobre a real situação da empresa e os caminhos a serem seguidos, ajudará a mobilizá-los e engajá-los, o que traz reflexos muito positivos a todos. Ouvir e compreender a equipe também tem o mesmo efeito, pois ao atender as necessidades do colaborador, ele trabalhará motivado e comprometido. As crises passam e quando passamos por elas juntos, nos fortalecemos.
Valéria Andrade é diretora de RH na Kelly.