Fabiano Ruiz

A nova experiência dos clientes de espumantes no Brasil

Diretor executivo da Henkell Freixenet no País detalha as estratégias para desenvolver uma cultura de consumo da bebida, influenciando na mudança de hábito do brasileiro

Aos poucos, o brasileiro vai incluindo os vinhos espumantes em sua rotina para além dos momentos comemorativos, tendo na mesa em companhia da cerveja, do whisky e dos drinks. Em um mercado que cresceu 32% em 2021, a inclusão dessa bebida no paladar do brasileiro é reflexo em boa medida das mudanças comportamentais durante a pandemia, fazendo com que o consumo per capita anual da bebida no país atingisse a inédita marca de 2,84 litros. Entretanto, atenta ao fato de que esse número representa tão somente de 5% a 10% do que é consumido em muitos outros países, a Henkell Freixenet, que viu suas vendas se elevarem em até 84% na pandemia, vem trabalhando com dados e insights para manter e ampliar as conquistas do período, conforme compartilhou, hoje (23), Fabiano Ruiz, diretor executivo no Brasil, ao longo da 547ª edição da Série Lives – Entrevista ClienteSA.

Proporcionando uma visão geral do grupo, o executivo contou que a unidade brasileira é uma das 30 filiais de uma companhia que surgiu da fusão ocorrida, há quatro anos, entre duas organizações familiares e centenárias, a alemã Henkell e a espanhola Freixenet, cujo resultado é o maior conglomerado produtor de espumante, detendo 9,7% do market share mundial. O que quer dizer que, de cada 10 garrafas consumidas globalmente, uma é do grupo, que vendeu 244 milhões unidades somente no ano passado. Com vinícolas espalhadas por Argentina, México, Estados Unidos, França (nas regiões de Bordeaux e Champagne), Reino Unido e Austrália, além dos locais de origem, a empresa está presente em 150 países, sendo a filial brasileira uma das sete mais rentáveis, assegurou Fabiano, ao afirmar que, neste ano, a subsidiária espera vender 2,5 milhões de garrafas, 500 mil a mais que em 2021.

Depois de falar de planos futuros em adquirir vinícolas brasileiras, o diretor respondeu a uma indagação do público sobre as diferenças entre a cultura cliente no Brasil e na Europa, nesse segmento. Ele lembrou que, estando na organização espanhola desde 2009, tendo fundado a filial brasileira três anos depois, percebeu o quanto foi importante disseminar por aqui, estrategicamente, a cultura catalã do consumo de espumantes. Depois, com a fusão corrida em 2018, somou-se a isso o caráter de praticidade e arrojo da cultura alemã de agir nos negócios. Instigado a falar do quanto a nova configuração da empresa contribuiu para que o grupo assumisse o protagonismo em um mercado que cresceu mais de 30% em 2021, Fabiano esmiuçou o replanejamento da companhia durante a pandemia, levando em conta a vantagem competitiva de ser a filial um importador diferenciado, pois compra dos produtores próprios mundo afora, sendo, portanto, subsidiada pela matriz e se tornando mais competitiva.

Com um portfólio de 85 produtos, sendo 84% de espumantes e 16% de vinhos, a empresa  dobrou o market share no país  durante a crise, alcançando os 30%, o que se explica, na visão do executivo, pela restrição às viagens, levando o cliente a buscar as alternativas domésticas. Tanto que a Henkell Freixenet, no Brasil, vendeu duas vezes mais do que esperava em 2020, crescendo 62%, e passando dos 80% de expansão comercial no ano passado.

“Neste ano, até julho, já estamos vendendo 65% mais que igual período de 2021. E a explicação é que, em primeiro lugar, o consumo do vinho veio para ficar. Em uma mudança de hábito que faz com que o brasileiro não abra uma garrafa apenas em momentos especiais ou festivos. O segmento todo cresceu, pois houve a mudança de conceito sobre a bebida, que pode ser saboreada em qualquer dia da semana, conduzindo ao aprimoramento do paladar para a mesma.”

Segundo o diretor, semestralmente a empresa faz um balanço do mercado como um todo, reunindo informações relevantes e uma das conclusões mais recentes é que o papel do e-commerce nesse movimento vem diminuindo, com as pessoas voltando à escolha do produto no presencial. Outra percepção é de que, os encontros festivos voltaram intensamente, elevando a participação dos espumantes nesse consumo geral de vinhos. Ele também demonstrou o quanto esse segmento cresceu, se encontrando, agora, em momento de acomodação, além de dar uma ideia do potencial. “Em 2014, o consumo anual per capita dessa bebida no país era 1,89 litro, elevou-se para 2,15 litros às vésperas da crise sanitária global, chegando a inéditos 2,78 litros em 2020. Agora, olhemos para fora: na Argentina, o consumo per capita é de 20 litros por ano, na Espanha, 40 litros e, em Portugal, 60 litros. Ou seja, somos um país jovem nesse consumo e estamos aprendendo de forma progressiva.”

De acordo com o executivo, de 2015 a 2021, o número dos consumidores regulares de vinhos espumantes no país se elevou de 22 milhões para 51 milhões, ou seja, um crescimento de 132%. O desafio dessa indústria como um todo, asseverou, é não só cultivar o que já foi conquistado nessa transição, mas continuar a influenciar no paladar do brasileiro, conduzindo da cerveja e caipirinha para o vinho de mesa, depois para o vinho fino, chegando ao importado e refinar as escolhas de forma gradativa. Ele ainda pôde dar detalhes da modernização do consumo, as tendências da produção mundial e nacional, inclusive com base em pesquisa qualitativa e quantitativa realizada em uma parceria internacional. Entre os insights selecionados por Fabiano, se encontra o fato que até mesmo na geração Z, mais da metade dos consumidores regulares de espumantes preferem comprar em ambientes físicos. E deu exemplos de o quanto ainda falta para educar o gosto dos brasileiros nesse meio, exemplificando com as diferenças entre tipos e marcas de espumantes.

O vídeo, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube, o ClienteSA Play, junto com as outras 546 lives realizadas desde março de 2020. Aproveite para também se inscrever. A Série Lives – Entrevista ClienteSA prosseguirá amanhã (24), recebendo Lucas Infante, CEO da Food To Save, que falará do propósito do consumo consciente aliado a novos hábitos; na quinta, será a vez de Fábio Turuta, diretor de desenvolvimento de negócios da Gertec; e, encerrando a semana, o Sextou debaterá o tema “CX Global: Qual será a próxima disruptura?”, trazendo como convidados João Pedro Sant’Anna, CEO da SellersFlow, Ladislau Batalha, CEO do LAB Experience e Melissa Riley, especialista em CX e customer insights.

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