Estudo do Itaú Unibanco e da Rede aponta que o consumo nos setores de entretenimento, vestuário, transportes e equipamentos eletrônicos tem crescimento relevante no 2º trimestre de 2022
A inflação tem pesado no bolso dos brasileiros – e já se observa um movimento no setor de alimentação. O número de transações nos supermercados aumentou, acompanhado de uma queda no ticket médio. E o delivery registra queda importante, quase alcançando os patamares de 2019. Estes são alguns resultados da Análise do Comportamento de Consumo, relatório que traz um panorama dos gastos dos brasileiros no 2º trimestre do ano na comparação com o mesmo período de 2021 – uma análise feita com base nas compras com cartões do Itaú Unibanco e nas vendas realizadas nos sistemas da Rede, empresa de meios de pagamentos do banco.
De acordo com o relatório, após períodos de mudanças relevantes no consumo dos brasileiros causadas pela pandemia – e pela retomada das atividades presenciais –, a movimentação no varejo vem indicando ajustes no comportamento da população. No 2º trimestre de 2022, transações em setores como vestuário, transportes e turismo tiveram destaque – com atividades que já mostram o impacto da Copa do Mundo nas despesas envolvendo o Qatar, país que sediará a competição. Os números também indicam a consolidação dos meios de pagamento digitais – com aumento do número de transações com cartões virtuais e carteiras digitais que superam os três dígitos.
A sondagem indica que o uso das soluções de pagamentos digitais ganha cada vez mais protagonismo entre os consumidores, especialmente pela praticidade e segurança que proporcionam. No segundo trimestre do ano, o valor transacionado nas wallets – carteiras digitais para pagamento por aproximação com o celular – teve incremento de 136% na comparação com o mesmo período do ano anterior, e de 142% na quantidade de transações. A geração Z lidera a adoção, com salto de 725% no número de operações usando a modalidade.
Já as compras utilizando cartões virtuais aumentaram mais de três vezes, com crescimento de 312% na quantidade de operações, acompanhado de uma alta de 193% no valor transacionado. Aplicando o recorte por idade, a geração Y ainda é a mais representativa, com 53% do total de transações com cartões virtuais – seguida da geração X, com 24%. Mas os Zennials têm um avanço considerável, e nesta faixa etária, o uso da tecnologia subiu 855% em relação ao 2º trimestre do ano passado. Crescimento também bastante relevante entre as outras gerações: +538% na geração Y, +361% na geração X e +256% entre os babyboomers.
Avanços do Pix
O Pix avança na representatividade entre os meios de pagamento, com uma evolução de 124% no valor transacionado e 305% na quantidade de operações – considerando transações realizadas de pessoa física (CPF) para pessoa jurídica (CNPJ). No período, o Pix foi utilizado em 12% dos pagamentos; cartões de crédito representam 76%; e cartões de débito, 12% (no 1º trimestre deste ano, o Pix correspondeu a 11% das movimentações, cartões de crédito a 62% e cartões de débito, 27%).
Alimentação, transportes, solidariedade
Com as pessoas saindo mais às ruas, crescem os gastos com transportes públicos, compartilhados e próprios. As despesas com aluguel de automóveis tiveram forte crescimento, com alta de 509% no valor transacionado. A modalidade é bastante utilizada por motoristas de aplicativos – os gastos com corridas do tipo aumentaram 89% no período. O valor transacionado em transportes públicos subiu 153% (acompanhado de +112% no número de transações). Já os custos com veículos próprios cresceram 62%, superando os índices pré-pandêmicos.
Setor de alimentação impactado
No setor de alimentação, a inflação tem impacto no comportamento dos consumidores, que passaram a fazer mais visitas aos mercados, com gasto médio menor. O número de transações realizadas no 2º trimestre de 2022 cresceu 25% na comparação com igual período de 2021, mas com queda de 2% no ticket médio. Os gastos com fast foods tiveram alta de 56% no valor transacionado, e de 42% na quantidade de operações. Já os deliveries, muito demandados na pandemia, têm queda de 26% no total gasto e de 44% no número de operações, alcançando números bastante semelhantes aos de 2019.
Na vida fora de casa, o setor de vestuário teve algumas movimentações interessantes. O número de transações relacionadas a aluguel de roupas cresceu 161% no 2º trimestre deste ano, frente ao mesmo período de 2021; já as lojas de couro e artigos de luxo registraram um salto de 34% no período analisado – ambos os setores superando o número de transações registradas no mesmo intervalo de 2019.
O consumo de câmeras, microfones e outros equipamentos do tipo teve alta de 82% no montante gasto (além de +18% no número de transações) – impulsionado pela busca por equipamentos melhores para o home office e para uso por streamers e gamers. No segmento, destaca-se o consumo dos jovens da geração Z, com aumento de 333% nos gastos.
Em relação à saúde, um setor se destaca: o valor dispendido em oftalmologistas teve alta de 73%, e em óticas, de 21% – ambos superando o patamar do mesmo período de 2019.
E mesmo com um cenário econômico mais desafiador, os brasileiros continuam solidários. As doações e apoio a organizações que realizam ações sociais continuam frequentes, mesmo que em montantes menores – houve aumento de 48% no valor transacionado e de 68% no número de transações, e uma queda de 12% no ticket médio. As regiões Norte e Nordeste são as que mais têm crescimento no total movimentado em doações e apoios: 77% e 118%, respectivamente.
Tirando o atraso no turismo
O turismo internacional segue em alta, com a consolidação da volta das viagens para fora do país. O valor transacionado no setor cresceu 287% no intervalo visado pelo estudo, e foi registrado um aumento de 215% na quantidade de operações. Apesar do incremento relevante, o setor ainda não alcançou os montantes de antes da pandemia, mas tem se aproximado e registra avanço constante desde o 1º tri de 2021.
Os Estados Unidos seguem sendo o país com mais gastos dos brasileiros, com 26% do total. Mas um dos eventos mais esperados do segundo semestre, a Copa do Mundo, já tem efeitos nos gastos relacionados ao Qatar, país que sediará o evento. As despesas relacionadas ao destino cresceram impressionantes 2.275%; os setores mais impactados são agências de turismo, com alta de 308% no volume de transações, seguido de passagens aéreas, com +102%.
Dinâmica do varejo – físico x online
O valor transacionado no varejo segue superando os patamares pré-isolamento, com alta de 35% no segundo trimestre de 2022 ante o mesmo período de 2021 – e de 28% na quantidade de operações. Na comparação com o mesmo intervalo de 2019, antes da pandemia, o aumento nos gastos foi de 63%. Já em relação ao trimestre anterior (1º de 2022), o montante transacionado subiu 15%.
As compras no varejo físico seguem com maior representatividade: 76% do volume em faturamento no segundo trimestre de 2022, contra 24% do consumo online. No ambiente físico, os gastos apresentaram aumento de 28% no período analisado. Comparando com 2020, o crescimento foi de 88%, e com 2019, de 49%. Já o consumo em compras online avançou 43% no 2º trimestre. Em relação a 2020, a evolução foi de 99%, e ante 2019, de 134%. No recorte por gerações, os gastos dos zennials em compras online lideram, com alta de 116%, seguidos pelas gerações Y (+45%), X (+33%) e pelos Babyboomers (+26%).
Destaques por região
Quando se observa o consumo por região, no Sul, as lojas de couro e artigos de luxo chamam a atenção. O valor transacionado na categoria teve aumento de 39% no segundo trimestre de 2022, ante igual período de 2021, e de 27% na quantidade de transações. Na comparação com o mesmo intervalo de 2020, o salto no volume de compras é de 135%, e em relação a 2019, de 66%.
Na região Sudeste, são os gastos com celulares (incluindo lojas, serviços de recargas e operadoras) que se sobressaem. O aumento no valor transacionado foi de 66%, e de 15% no número de operações. Ante 2020, a quantidade de transações cresceu 92%, e em relação a 2019, 58%. Já nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, os destaques foram os fast foods. O ramo teve incremento de 124% no valor transacionado no segundo trimestre do ano, e de 83% no volume de compras. Já quando se observa o ano de 2020, a quantidade de operações teve adição de 999%, e em relação a 2019, de 403%.