Fazer mais com menos

Autor: Charles Bezerra
 
É possível fazer mais com menos? Esta é uma pergunta que nós sempre fazemos quando nossas organizações enfrentam desafios ou quando percebemos incertezas no mercado. Inclusive, cabe muito bem neste momento, quando paramos para pensar nos desafios para o próximo ano. No entanto, talvez essa seja a pergunta errada ou, pelo menos, uma pergunta fácil de ser respondida, pois, basicamente, todos nós sabemos que, na maioria dos casos, podemos fazer mais com menos.
 
A ciência nos mostra que nem sempre precisamos de mais para obter mais. Como o ilustre Murray Gell-Mann explica: “este é o significado da emergência – a vida pode surgir da Física e da Química e de muitos acidentes; a mente humana pode surgir da Neurobiologia e de muitos acidentes”.  A regra geral nos sistemas adaptáveis complexos é a ideia de que há mais saída do que entrada, e, na verdade, os padrões e os comportamentos complexos surgem de uma variedade de interações fundamentais e relativamente simples.
 
O problema é que a visão do mundo mecanicista linear amplamente aceita, que nos apresentou os conceitos de especialização e escala, não está nos ajudando a pensar dessa forma. A maioria de nós parece estar seguindo essa lógica menos efetiva – nós achamos que, para fazer mais, precisamos de mais pessoas; para fazer melhor, precisamos de mais tempo; e, para fazer mais rapidamente, precisamos de mais estresse. Infelizmente, essa lógica está fazendo com que trabalhemos cada vez mais, mas com a sensação de que estamos fazendo cada vez menos.
 
Nossa percepção de causalidade também é muito limitada. Geralmente, quando consideramos um problema em nossa organização, a tendência é sermos extremamente reducionistas em nossa percepção sobre as causas desse problema. Por exemplo, a primeira causa que geralmente vem à nossa mente é o processo; nós achamos que “alguém não seguiu o processo”. No entanto, se nós realmente quisermos entender de modo mais aprofundado, deveremos considerar todos os eventos vinculados ao problema, tais como a motivação da equipe, o projeto do processo, o treinamento das pessoas envolvidas, o ambiente, a tecnologia, as diferenças culturais entre outros.
 
Por mais difícil que pareça, uma Cultura de Inovação não é algo que possa ser totalmente prescrito, planejado ou controlado. É algo que surge de interações complexas entre muitos agentes dinâmicos, protocolos e ambientes. O grande desafio para os líderes dos dias de hoje é entender e reconhecer a insegurança do momento atual para que possam perceber a totalidade e o fluxo de suas organizações. Isso é algo que os fazendeiros parecem saber muito mais do que os executivos. 
Talvez a pergunta real não seja se é possível fazer mais com menos, mas se estamos preparados para mudar completamente nosso modo de pensar, abrir mão da ilusão de controle e passar a nos concentrar nos fundamentos para assim ficarmos mais confortáveis com as incertezas e fluxo da vida. Você está pronto para fazer mais com menos?
Charles Bezerra é diretor da ?What If! Innovation Partners no Brasil.

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Fazer mais com menos?



Autora: Edna Rodrigues Bedani

 

Com a necessidade de se manterem competitivas, e com a obrigatoriedade de “fazer mais com menos”, as organizações passam a valorizar, e necessariamente realizar, o trabalho em rede. Isso permite a atuação em um espaço físico-virtual, deixando de dar ênfase à produtividade x resultados somente em seus espaços físicos, configurados nos escritórios.

 

Essa nova mentalidade possibilita mudanças significantes na organização e cultura empresarial, com foco maior em resultados tangíveis e intangíveis. É com esta perspectiva que o teletrabalho se configura como uma alternativa flexível de gestão empresarial  para atender o dinamismo do mundo de negócios, tornando as organizações mais competitivas.

 

Em linhas gerais, está comprovado que o teletrabalho proporciona redução de custo com as estruturas físicas; aumento da produtividade; ampliação da atuação em espaços geográficos sem criação de estruturas físicas; ocupação de novos mercados; melhoria da qualidade de vida dos colaboradores e, à empresa, imagem moderna e inovadora.

 

O Projeto de Lei nº 4505/2008, sancionado em dezembro de 2011, regulamenta o trabalho à distância, conceitua e disciplina as relações de teletrabalho e garante os mesmos benefícios segundo normas da CLT. Entre outras prerrogativas, o teletrabalhador tem o direito a salário, férias, feriados, licenças previstas na CLT e faltas por doença. A remuneração deve ser ajustada às horas normais de trabalho. O projeto prevê, ainda, que o trabalhador a distância deve, entre outras obrigações, ser habitual na execução de tarefas e prestar contas quanto a gastos ordinários e extraordinários decorrentes de suas funções.

 

Cabe aqui salientar que o contexto do teletrabalho não envolve apenas aspectos tecnológicos e legais, sendo esses somados a aspectos individuais, organizacionais e globais que devem ser considerados. Favorecendo a necessidade de equilibrar a vida profissional com a vida pessoal, este formato de trabalho proporciona um melhor planejamento de tarefas, com foco na produtividade e resultados, e colaborando com a qualidade de vida e cuidado com o meio ambiente. Reforça-se aqui um excelente aspecto de atração e retenção de profissionais, uma vez que favorece a autonomia no trabalho e permite a flexibilidade em horas e local de execução das atividades, bem como a demonstração de uma relação de confiança com o trabalhador.

 

O mundo dos negócios requer novos estilos de gestão do trabalho. Os gestores de pessoas possuem grandes desafios: precisam acompanhar as tendências, estar preparados para gerir as mudanças com a preocupação em promover o contentamento das pessoas na organização, atrair e reter os melhores profissionais, entender e intermediar às expectativas individuais e o cumprimento das metas organizacionais com foco em resultados.

 

Edna Rodrigues Bedani é diretora de RH e responsabilidade social na Ticket – Edenred.

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