Talita Santos, CEO da Gtex

Gtex utiliza e-commerce para conhecer melhor o consumidor

Fabricante de produtos de limpeza usa vendas on-line para testar novidades e ‘convencer’ varejo físico a incluir lançamentos na gôndola

Há três anos, quando decidiu montar seu e-commerce Casa de Gê, a fabricante de produtos de limpeza Gtex não imaginava que o projeto se revelaria fundamental para a empresa colocar produtos em lojas físicas. Ao realizar vendas no Sul e Sudeste do Brasil, que já chegam a 0,5% do faturamento total da empresa, de R$ 1,2 bilhão, a plataforma também tem gerado informações valiosas sobre o comportamento de compra e as preferências do consumidor, que vêm sendo usadas em toda empresa, inclusive nas negociações com supermercadistas.

O Casa de Gê vem permitindo à empresa testar diferentes apresentações para os produtos, propostas de precificação e pacotes promocionais, principalmente entre o público consumidor dos millennials, já nascidos na era da internet e abertamente adeptos às compras on-line. “Montamos nosso e-commerce e começamos atingir o público diretamente; Nossos produtos vão continuar a ser vendidos no varejo, mas nesse caso, não temos tanta informação sobre o consumidor. Já no e-commerce, temos informação direta dele, feedbacks mais rápidos, conseguimos interagir e construir uma estratégia mais assertiva, explicou Talita Santos,  CEO da Gtex.

De acordo com a executiva, “a informação gerada pela plataforma, junto com os dados de consultorias especializadas a quem a empresa recorre para entender os demais perfis de consumo, tem dado à Gtex confiança para testar no ambiente on-line os lançamentos que mais tarde serão oferecidos ao varejo físico já com viabilidade comprovada, como atesta um case recente da empresa”.

O case, segundo ela, é o Sem Passar Baby Soft. Lançado em 2020, o produto chegou com a promessa de desamassar roupas saídas do varal com algumas borrifadas, num forte apelo aos jovens avessos à tábua e ao ferro de passar. O produto, no entanto, enfrentou resistência no varejo físico, fazendo a Gtex redirecionar esforços para a venda on-line e intensificar o uso de influenciadores digitais, como o canal @faciliteseudia.

“A gôndola não é elástica. Às vezes, você quer introduzir um produto, mas o varejo resiste e precisa ser convencido. O Sem Passar Baby Soft começou assim, no digital. E desde então a gente vem mostrando para o varejista que o produto já está sendo vendido na região dele, via e-commerce, e que ele precisa tê-lo na gôndola”, detalhou Talita.

Reunindo conteúdos

Além de facilitar as negociações com varejistas, o e-commerce da Gtex também vem ajudando a empresa a dialogar com o consumidor. A plataforma passou a reunir conteúdos sobre a utilização dos produtos, com interações monitoradas pelas redes sociais e pelo SAC da empresa, seguindo a constatação de que os millennials, além de recorrer à experiência de suas mães, buscam na internet tutoriais de uso.

Assim, o Casa de Gê passou a mostrar ao consumidor usar produtos da Gtex para, por exemplo, tirar manchas de vinho. A empresa também vem aproveitando a presença do consumidor no site para contar o que vem fazendo de novo. No esforço de levá-lo ao ambiente on-line, também decidiu imprimir QR Codes nos produtos, descobrindo que o público mais jovem até prefere esse formato em vez de simplesmente ler o rótulo.

Talita Santos também disse que a transformação digital da Gtex, além de ajudar a vender diretamente ao consumidor, entender suas preferências, otimizar processos em toda empresa e negociar melhor com o varejo, está avançando também para as fábricas, sobretudo as quatro últimas adquiridas no ano passado. “Um dos vários desafios da Gtex é a integração das suas oito fábricas com tecnologia. Hoje a parte de backoffice é bastante integrada, mas o custo operacional precisa reduzir, e a tecnologia nas fábricas será cada vez mais importante”, concluiu a CEO.

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