O canal para quem respira cliente.

Pesquisar
Close this search box.
Cláudia Abdul Ahad Securato, sócia do escritório Oliveira, Vale, Securato e Abdul Ahad Advogados

Mulheres na liderança: o que buscam e por que estão deixando seus empregos

Se quiserem absorver e reter profissionais talentosos, empresas precisam atentar para oferecer equidade em suas contratações

Autora: Cláudia Abdul Ahad Securato

A consultoria global McKinsey & Company é uma das mais influentes em sua área de atuação, atende empresas líderes em seus mercados, bem como governos, organizações sem fins lucrativos e ONGs em mais de sessenta países.

A consultoria publica regularmente o relatório Women in the Workplace, veiculado em sua oitava edição neste ano de 2022, após entrevista com quarenta mil mulheres que trabalham em mais de trezentas organizações americanas.

O estudo apresenta algumas conclusões interessantes sobre o cenário do mercado de trabalho e situações inovadoras. Após dois anos do início da pandemia de Covid-19, apenas uma em cada dez mulheres afirma que prefere trabalhar exclusivamente de forma presencial, e a maioria das entrevistadas afirma que a opção de trabalhar em casa é um dos principais motivos que as leva a ingressar ou permanecer em uma organização. 

Ainda, sete em cada dez líderes de recursos humanos entrevistados afirma que a possibilidade de oferecer trabalho remoto ajudou a organização a contratar e reter mais funcionários de origens heterogêneas, o que ajudou a aumentar a diversidade de empregados nas empresas.

Em um paralelo com a realidade brasileira, a possibilidade de contratação para trabalho remoto igualmente permite aumentar a diversidade, na medida em que facilita a prestação de serviços por pessoas em diversas regiões do país, além dos profissionais que moram longe dos grandes centros urbanos, onde se concentram a maior parte das empresas. Ainda, a flexibilidade favorece o ingresso das mulheres nas empresas, e aumenta sua retenção, diante da oportunidade de conciliar o trabalho formal com suas demais atribuições e interesses. 

Por outro lado, o estudo revela que há companhias preocupadas com seus times que atuam remotamente, no sentido de que os empregados não se sintam conectados com as equipes, e que as mulheres, em especial, tenham menos oportunidades de reconhecimento e consequente avanço de carreira.

Para contrabalancear esse desafio, a consultoria sugere adotar estratégias empresariais transparentes, como focar na comunicação clara e precisa sobre as expectativas de produtividade, e os racionais por trás da tomada de decisões. Bem assim, sempre coletar a opinião dos empregados sobre os temas trabalhados, além de fornecer suporte e retornos adequados regularmente e sempre que demandado pelos empregados.

A transparência no trato com os empregados e a competente supervisão com certeza ajudam no reconhecimento dos empregados, o que permite o justo acesso às oportunidades de crescimento, além da retenção de profissionais.

A experiência acumulada após oito anos publicando o relatório permite comparar os resultados encontrados com os anos anteriores, e identificou-se que as mulheres em cargo de liderança estão cada vez mais dispostas a mudar de emprego para obter determinados objetivos e são três os principais fatores que impulsionam essa decisão.

Primeiramente, as entrevistadas afirmam que saem de suas empresas por enfrentarem desafios maiores do que os homens na mesma posição. Exemplificativamente, são mais propensas a terem sua autoridade e decisões questionadas.

Em segundo lugar, apontam que estão sobrecarregadas de trabalho, que não é devidamente reconhecido. Em comparação com os homens, as líderes dedicam mais tempo para entender e apoiar o bem estar de seus subordinados, e esse esforço não é recompensado.

Em terceiro lugar, as mulheres querem estar em lugares com melhores culturas de trabalho, mais flexibilidade, equidade e inclusão. Evidentemente, esse movimento de mudança de carreiras das líderes reflete o poder de atração que uma boa política de trabalho tem nas empresas que se dispõe a oferecer o que essas profissionais buscam. 

As empresas que as recebem somente têm a ganhar, absorvendo talentos, experiência e vontade de trabalhar, em prejuízo de seus concorrentes que não souberam aproveitar todo esse potencial. 

Esses dados foram obtidos dentre mulheres em cargos de liderança, com alta escolaridade e equivalente poder econômico, nada obstante, é possível extrapolar essa tendência para todos os níveis da escala de trabalho.

Portanto, se quiserem absorver e reter profissionais talentosos, e que têm todo o poder de escolha, as empresas precisam urgentemente atentar para oferecer equidade em suas contratações, um ambiente de trabalho saudável e flexível, além de transparência e reconhecimento às conquistas de seus empregados.

Cláudia Abdul Ahad Securato é sócia do escritório Oliveira, Vale, Securato e Abdul Ahad Advogados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima