Os especialistas dizem que, em 2050, o Brasil terá nove milhões de pessoas e, até lá, é preciso aumentar em 70% a produção de alimentos. No entanto, na opinião de Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, embaixador especial da FAO e ex-ministro da Agricultura, acredita que há uma série de gargalos que impedem esse crescimento rápido. “Não há nenhuma decisão tomada efetivamente quanto ao aumento de produção de alimentos, para que a gente chegue em 2050 com o mínimo de estabilidade. Outro estudo mostra que até 2020, a oferta de alimento no Brasil tende a ser 20%, e isso é complexo”, declara o ex-ministro, no segundo painel, intitulado “O desafio de empreender no Brasil”, no XII Encontro com Presidentes.
Aparentemente, isso é possível fazer, mas com algumas condições que ajudem, como o uso de tecnologia tropical, terra disponível e pessoas competentes, segundo Rodrigues. “Tecnologia tropical é de longe a melhor do mundo e buscado pelas pessoas e por governos estrangeiros”, conta. Um exemplo é a de grãos que nos últimos 20 anos, a área cresceu 40% e a produção 220%. “Isso é tecnologia pura, 90% desse crescimento é devido a tecnologia, e esse número assombra outros países. No Brasil, 53 milhões de hectares de grãos”, diz.
Diante desse exemplo, em 10 anos, o Brasil vai cumprir o que é previsto? Na visão de Rodrigues, o que falta para viabilizar esse crescimento são estratégias do governo e um bom projeto. “Estou há 50 anos na estrada, e em todo esse tempo, as pessoas procuravam os candidatos das eleições mostrando um projeto para a agricultura. E esse ano, os próprios candidatos das próximas eleições já procuraram os líderes rurais”, completa. Segundo ele, o desafio real do governo brasileiro é garantir a segurança alimentar. “Eu espero que no próximo governo a gente consiga um projeto agrícola que garanta bons resultados”, conclui.