Segundo pesquisa da Hibou, maioria aposta em loterias, rifas, e bets esportivas e 53% mais gastaram do que ganharam em todas as modalidades que já jogaram
Em um cenário onde as apostas e os jogos de azar ganham cada vez mais espaço no cotidiano dos brasileiros, uma pesquisa da Hibou, empresa de pesquisa, monitoramento e insights de consumo,traz à tona dados sobre as motivações, comportamentos e desafios enfrentados pelos apostadores no Brasil. Conduzido entre 07 e 09 de agosto, com 2.839 brasileiros de todas as classes sociais, o estudo revela que 68% da população nacional participa ativamente de algum tipo de jogo de azar.
A loteria aparece como a escolha mais popular entre os apostadores brasileiros, com 47% dos entrevistados afirmando que jogam nessa modalidade. “A loteria é uma tradição profundamente enraizada na cultura brasileira. Muitas pessoas veem nela uma oportunidade não apenas de ganhar dinheiro, mas de sonhar com uma mudança de vida. Aqui o brasileiro almeja grandes prêmios”, comentou Lígia Mello, CSO da Hibou e responsável pela pesquisa. Em seguida, vêm as rifas (25%), apostas esportivas conhecidas como “bets” (11%), bingo (10%), e o cassino online, com destaque para o jogo “Tigrinho” (8%).
Entre os apostadores, 53% afirmaram que já gastaram mais do que ganharam em todas as modalidades em que participaram. A pesquisa também revelou que apenas 2% dos apostadores se consideram viciados, mas 16% já enfrentaram problemas financeiros devido às apostas, com alguns recorrendo a empréstimos de amigos, familiares, bancos e até mesmo agiotas para cobrir as perdas.
Propagandas e Influenciadores
As propagandas desempenham um papel importante no comportamento dos apostadores, com 42% afirmando ver anúncios de jogos de apostas na TV, 33% no Instagram e 19% são impactados por influenciadores. A influência da mídia é particularmente alta, sendo que 19% dos apostadores relataram um nível de influência “alto” das propagandas em suas decisões de apostar.
As apostas esportivas, conhecidas popularmente como “bets”, têm ganhado espaço no Brasil, com 11% dos apostadores dedicando-se a essa modalidade. Entre os principais fatores que influenciam a escolha da casa de apostas estão a recomendação de amigos e familiares (32%), a reputação da casa (31%) e o fato de a marca ser patrocinadora de seu time de futebol (31%). A pesquisa indica que 71% dos apostadores se sentem mais inclinados a apostar quando o time que torcem é patrocinado por uma marca de apostas.
“As apostas esportivas, especialmente aquelas feitas em plataformas de ‘bets’, refletem o quanto o esporte e o entretenimento estão ligados aos desejos pessoais dos brasileiros. O patrocínio esportivo influencia diretamente o comportamento dos apostadores, mostrando que a confiança e o engajamento emocional com um time têm um papel crucial nas decisões de aposta”, destacou Ligia.
Tigrinho, o fenômeno dos cassinos on-line
Outro dado relevante da pesquisa diz respeito ao jogo “Tigrinho”, que lidera entre as opções de jogos de cassino on-line, sendo a preferência de 69% dos jogadores desse segmento. Os apostadores que jogam o “Tigrinho” são também os que mais gastam e passam tempo jogando. A maioria (50%) gasta entre R$10 e R$50 por rodada, e 34% investem até entre R$200 e R$500 por mês nessas plataformas.
“É curioso como o ‘Tigrinho’ se tornou um fenômeno entre os apostadores de cassinos online. O jogo oferece uma combinação de imediatismo e simplicidade, o que atrai jogadores de diferentes perfis”, afirmou a executiva. “No entanto, a falta de entendimento do modelo e a percepção do possível ganho tem colocado o brasileiro em dívidas, pois perde o controle, nesse modelo.”
Além disso, 78% dos jogadores de “Tigrinho” não têm clareza sobre o total que já gastaram nesse tipo de jogo, o que levanta preocupações sobre o controle financeiro e o potencial de vício. O perfil predominante desses jogadores é recreativo (41%), seguido por aqueles que jogam com frequência regular (31%) e os que se consideram estratégicos (21%).
Limites e frequência de apostas
Quando perguntados sobre os limites financeiros mensais para as apostas em geral, 50% dos brasileiros que apostam definem um limite entre R$50 e R$100, enquanto 36% admitiram não ter um limite definido. A frequência de apostas varia, com 42% jogando ocasionalmente, 17% apostando uma ou duas vezes por semana, e 3% relatando que jogam diariamente.
Entre os 32% dos brasileiros que não participam de jogos de apostas, os principais motivos são a falta de confiança na honestidade dos sistemas de apostas (44%), a falta de dinheiro disponível (30%), e a ausência de exemplos de ganhadores em seu círculo social (25%). Dentre eles, 88% acreditam que esses jogos podem viciar, e 69% consideram os cassinos on-line como a modalidade mais perigosa nesse aspecto. Além disso, 65% dos não-apostadores conhecem alguém que já se endividou por causa das apostas, sendo que 27% desses problemas financeiros permanecem sem solução. A pesquisa também abordou a percepção dos não-apostadores sobre a regulação dos jogos de apostas. 73% acreditam que as empresas de jogos deveriam pagar mais impostos, e 39% acham que a legalização e regulamentação do jogo traria mais segurança para quem aposta.