Um dos principais destaques, este ano, no âmbito do crescimento das plataformas de e-commerces em razão da pandemia, é a compra de produtos importados, de acordo com a última edição do Relatório Setores do E-commerce produzido pela agência Conversion. O estudo inédito aponta que as plataformas de vendas internacionais apresentaram um crescimento de mais de 63% no número de acessos nos últimos 12 meses. No entanto, a sondagem aponta que mais da metade dos brasileiros (50,25%) afirma ser o tempo de entrega o principal fator que impacta negativamente essa atividade do varejo on-line.
A Conversion realizou a pesquisa entre os dias 9 e 12 de setembro, junto a 400 internautas de todas as classes sociais e regiões do país. Nesse mês, o setor alcançou a marca de 156 milhões de visitas. O objetivo do estudo foi compreender o perfil de quem consome produtos importados no país, destacando quais são os principais riscos e oportunidades para o setor.
Logística, ainda o fator negativo
Em junho deste ano, a gigante chinesa AliExpress reduziu de 12 para até 7 dias o prazo de entrega para compras internacionais, fretando cinco voos diretos da China para o Brasil por semana. Já a big tech Amazon, no último maio, se comprometeu a diminuir em 40% o tempo de entrega dos produtos em comparação com as outras formas de envio internacional praticadas anteriormente pela varejista.
Apesar desses grandes avanços na logística, o consumidor brasileiro ainda considera o tempo de entrega o principal gargalo dos e-commerces internacionais. Em seguida, aparecem o preço alto (47,50%) e custo do frete (46%), que fecham o top três junto com o tempo de entrega, que dura, hoje, em média, de duas semanas a um mês para a maioria dos consumidores.
De olho nessa realidade, o mercado nacional tem partido para estratégias competitivas agressivas. É o caso da varejista Magalu, que, a partir de junho deste ano, passou a entregar mercadorias em até 1 hora sem nenhum custo adicional ao frete. Por ora, o serviço está disponível em 11 cidades brasileiras.
“A digitalização acelerada pela pandemia possibilitou grandes avanços nas operações de logística de gigantes do e-commerce internacional, causando uma verdadeira disputa de quem entra antes na casa do consumidor. Essa ofensiva, no entanto, ainda esbarra em certas barreiras geográficas que o varejo online brasileiro não enfrenta, o que favorece muito o mercado nacional”, diz Diego Ivo, CEO da Conversion.
O executivo ainda pondera que a logística é um fator de diferenciação muito importante, mas não é o único. “É essencial que o comércio eletrônico faça grandes investimentos nas operações de logística, mas outros fatores devem ganhar a mesma atenção, tais como as vendas de novas categorias, inovações nos serviços e, o principal: ótima experiência de compra”, completa.
Preço, de longe a principal motivação
Os fatores de influência negativa às compras de importados são pertinentes, no entanto, não o suficiente para impedir o brasileiro de comprar produtos de fora. De acordo com a pesquisa, que também revela os principais fatores positivos de influência para a compra de importados, 80,75% dos entrevistados consideram o preço como a principal motivação para compras internacionais, custo x benefício ( 46,75%) e custo do frete (39,50%) fecham o top três.
Na avaliação do executivo, “os consumidores tendem a escolher, entre as marcas que mais admiram, aquela que apresenta melhor preço, mas este não deve ser o único parâmetro de comportamento de compra que deve ser levado em conta. Os compradores estão mais criteriosos e, ao analisar suas sugestões, é possível encontrar oportunidades para além do preço”.
Eletrônicos, celulares e roupas lideram
Segundo o estudo, 28% dos entrevistados preferem comprar internacionalmente justamente os produtos que não são encontrados no Brasil. O dado reflete a importância da exclusividade existente nos e-commerces de importados, acompanhado da facilidade na compra on-line de conectar lojistas de outros países com os brasileiros.
Além disso, 49,25% dos entrevistados disseram que adquiriram eletrônicos em compras online de importados, enquanto 36,75% compraram igualmente celulares e roupas. Calçados (30,5%), jóias e relógios (29,75%) e cosméticos (29%) também aparecem na lista.
Ranking dos e-commerces internacionais
Os entrevistados também indicaram seus e-commerces preferidos (ou mais acessados). AliExpress e Shopee são as lojas online mais utilizadas para as compras de produtos enviados do exterior, representando 64% e 63,25%, respectivamente. Na sequência, temos Amazon (32,5%), Wish (31,25%) e Mercado Livre (28%), considerando apenas produtos entregues internacionalmente.
A pesquisa foi respondida por homens (51,5%) e mulheres (48,5%) de idades entre 16 e +54 anos, 100% residentes no Brasil. A margem de erro é de 5% e o nível de confiança é 95%. Todos os entrevistados afirmaram terem feito alguma compra internacional nos últimos 12 meses .