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Um longo caminho pela frente



No Brasil, ainda são poucas as empresas que fazem uso da gestão pela inovação. Na visão de Ricardo Santos, sócio responsável pela área de negócios da consultoria Everis, grande parte ainda entende isso como uma tendência, ou uma prática esporádica e muito pouco estruturada. “Ainda temos que evoluir a inovação enquanto prática corporativa, como um processo de negócio que compõem a estrutura da empresa”, comenta.

 

Entre os setores que estão mais a frente, ele destaca as empresas de telecom como players importantes no lançamento de tecnologias inovadoras, que podem ser muito bem aplicadas a seguradoras ou entidades financeiras, em geral. “Quando falamos de estratégia de gestão de clientes como parte mais analítica destacamos o caso de indústrias que souberam mapear bem os canais de interação com cliente, aproveitando o pouco espaço de interação existente”, completa. Em entrevista exclusiva ao portal ClienteSA, Santos fala sobre o estágio em que as práticas de inovação estão no Brasil e comenta como trabalhar esses processos.

 

ClienteSA – As empresas já estão cientes da importância de inovar?

Ricardo Santos: Não. Muitas empresas ainda entendem isso como uma tendência, ou uma prática esporádica e muito pouco estruturada. Temos que evoluir a inovação enquanto prática corporativa, como um processo de negócio que compõem a estrutura da empresa.

 

Quais setores estão mais a frente em questão de inovação na gestão dos clientes?

No mercado brasileiro temos visto empresas de telecomunicações como players importantes no lançamento de tecnologias inovadoras, que podem ser muito bem aplicadas a seguradoras ou entidades financeiras, em geral. Quando falamos de estratégia de gestão de clientes como parte mais analítica destacamos o caso de indústrias que souberam mapear bem os canais de interação com cliente, aproveitando o pouco espaço de interação existente. Por exemplo, a estratégia de posicionamento de cervejarias em mídias sociais, lançamento de novas tecnologias para redução de tempo de espera em check in de companhias aéreas, ou o monitoramento do feedback em concessionárias automotivas.

 

Na hora de inovar, deve se deixar o que já existe?

A melhor saída é saber utilizar o que já existe para atender às tendências identificadas como oportunidades viáveis e, desta forma, agregar algo novo. Não é possível se desfazer de infraestruturas, processos e costumes organizacionais de repente. É necessário entender quais são os pontos fortes e também os gaps existentes para definir uma transição pautada no retorno real que ela trará.

 

Como identificar se a inovação agrega valor ou não aos negócios?

Não deve ser inovação por inovação. A metodologia aplicada deve estar bem alinhada. Deve-se conhecer bem o cliente e ter um plano de negócios bem estruturado. Às vezes, a companhia não precisa, por exemplo, de uma URA altamente especializada e com dezenas de funcionalidades. Ou, de um site que permita centenas de transações ou modelos de rastreabilidades de solicitações. O foco pode estar em criar processos de comunicação proativa que demanda, apenas, entender o momento certo: um disparador de SMSs, por exemplo.

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Um longo caminho pela frente



Dez anos de Revista ClienteSA, 21 anos de Código de Defesa do Consumidor e eu me pergunto como evoluiu o relacionamento com o cliente durante este tempo? Olhando para trás e fazendo uma retrospectiva do que aconteceu com as relações de consumo neste tempo, é inegável que houve evolução. Tanto sob a ótica de leis de proteção quanto no comportamento de clientes e fornecedores.

A tecnologia evoluiu de forma vertiginosa, trazendo recursos que sequer poderíamos imaginar há dez anos. Novos canais de comunicação surgiram a partir do que já foi a grande revolução dos anos 90, a internet: as redes sociais. Pelo fato das empresas aparentemente darem prioridade para este canal, em função da exposição negativa em alta escala de sua marca, as redes sociais se transformaram em meio mais efetivo que os demais. Em tão pouco tempo o SAC 2.0 – nome dado as mídias sociais quando usadas como canal de atendimento – trouxeram um conceito de urgência que em mais de dez anos não se praticou no Brasil. Mesmo atendendo a uma minoria, as mídias sociais fizeram pelas relações de consumo muito mais do que as leis e decretos. Até existem muitas leis, porém pouca vontade de cumpri-las. Já o SAC 2.0 trouxe o risco da empresa perder negócios e prejudicar a marca por conta do barulho que clientes insatisfeitos podem fazer. Este idioma todo executivo entende. Por outro lado, a interatividade da internet também trouxe a ampliação do autosserviço, que deveria trazer aumento de eficácia na solução de problemas e na entrega de serviços. Porém, boa parte das organizações usa o recurso para transferir a responsabilidade para o cliente de funções que elas deveriam exercer. Faltam instruções adequadas e qualquer problema de conexão ou software básico transforma o serviço em pesadelo.

Já o atendimento pelo SAC convencional continua decepcionante. Em dez anos, apesar das leis, esforços e alguns avanços, o que se vê é uma sofisticação tecnológica cada vez maior operada com uma ineficácia por agentes mal preparados e mal remunerados, que ficam diante do cliente sem saber o que fazer. Processos incompreensíveis, falta de confiança no cliente e até o indefectível gerundismo estão presentes tais como no início destes serviços. E o que nós ouvimos é a frase que já representa o conformismo com o canal: “não adianta, eles dizem o que querem”. Ainda é um serviço de defesa da empresa muito mais do que um atendimento a problemas do consumidor ou cliente.

Mas nem tudo são trevas. Muitas empresas, por meio de um grande esforço, conseguiram melhorar o atendimento. Não com tecnologia, não com leis, mas com a firmeza e crença de que o cliente merece muito mais do que o atendimento medíocre e burocrático que ofereciam. Nestes anos de mudança, quem melhorou o atendimento ganhou mercado e dinheiro. A história que está sendo contada mostra que somente com ética e respeito aos clientes, empresas irão sobreviver. A retórica e euforia destes anos iniciais vão lentamente dando lugar ao equilíbrio e atitudes que começam a realmente mudar as relações de consumo no Brasil. Felizmente todos nós fazemos parte desta história e temos o dever de ajudar a construí-la.

Mãos a obra, pois ainda há muito que fazer.


Enio Klein é professor nas disciplinas de vendas e marketing da Business School São Paulo – BSP, diretor da K&G Sistemas e general manager da operação da  SalesWays no Brasil.

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