Antonio Alberto Aguiar (Tombé), diretor executivo de estabelecimentos da Pluxee no Brasil

Vale-refeição cobriu apenas 10 dias por mês em 2024

Estudo da Pluxee mostra que, atualmente, os colaboradores precisam complementar com mais de R$ 600 do próprio bolso para cobrir os custos de alimentação, o pior resultado dos últimos anos

A alimentação no trabalho continua sendo um dos maiores desafios para o trabalhador brasileiro. Um recente levantamento realizado pela Pluxee, especializada em benefícios e engajamento para colaboradores, revelou que em 2024 o vale-refeição oferecido pelas empresas chegou, em média, a R$ 22,58 por dia – um total de R$ 496,83 por mês. No entanto, com o custo médio de uma refeição completa chegando a R$ 51,61, o benefício cobre apenas 10 dos 22 dias úteis do mês, obrigando os trabalhadores a arcarem com cerca de R$ 638,59 do próprio bolso para complementar suas refeições. Em maio do mesmo ano, o benefício cobria 11 dias, o que evidencia uma piora no cenário ao longo de 2024.  

A pesquisa também destaca uma trajetória histórica preocupante: a constante redução no poder de compra do vale-refeição. Em 2019, o benefício era suficiente para cobrir 18 dias do mês. Esse número caiu para 13 dias em 2022 e se estabilizou em 11 dias nos dois anos seguintes. Porém, com a inflação persistente e o aumento constante dos custos de alimentação, 2024 marca uma nova queda, expondo ainda mais os trabalhadores à pressão dos gastos diários com alimentação.

Disparidades regionais

Além do panorama nacional, o levantamento destacou desigualdades significativas entre as regiões brasileiras, refletindo os desafios econômicos e sociais locais:

Nordeste e Norte: essas duas regiões registraram os valores diários mais baixos do vale-refeição em 2024, R$ 18,21 (R$ 400,79 no mês) e R$ 18,18 (R$ 400 no mês), respectivamente. Enquanto no Nordeste o custo médio da refeição é de R$ 49,09, no Norte ele chega a R$ 45,41. E o resultado é o mesmo: o benefício dura apenas 9 dias, dificultando o acesso à alimentação completa para muitos trabalhadores.

Centro-Oeste: no segundo semestre de 2024, o valor do benefício (R$ 20,74 por dia) sofreu uma redução de cerca de R$ 90,00 no crédito mensal em relação ao semestre anterior, registrando o total de R$ 456,41 no mês ao final deste ano. Ainda assim, a região mantém a maior duração média, de 11 dias, devido ao custo médio da refeição (R$ 45,21), que está entre os mais baixos do país.

Sudeste: apesar de oferecer o crédito diário mais elevado, com R$ 24,39 (R$ 536,79 por mês), o custo médio de uma refeição na região é o mais alto do Brasil, R$ 54,54. Com isso, a duração do benefício permanece limitada a 10 dias, revelando o descompasso entre o valor disponibilizado e os gastos reais.

Sul: o benefício diário na região é de R$ 21,43 (R$ 471,52 por mês), o que representa um desequilíbrio significativo em relação ao custo médio da refeição, que ultrapassa o dobro, R$ 48,91. Como resultado, o benefício não cobre todos os dias úteis do mês, atendendo, em média, apenas 10 dias.

O impacto no bolso do trabalhador

Os dados reforçam que, apesar de ajustes localizados, o poder de compra do vale-refeição está em queda, ampliando a desigualdade no acesso à alimentação adequada no ambiente de trabalho. “A inflação acumulada nos últimos anos tem pressionado o custo das refeições, enquanto os valores dos benefícios oferecidos pelas empresas permanecem praticamente estáveis. Isso cria um descompasso que afeta diretamente o orçamento dos trabalhadores, principalmente nas regiões com maior vulnerabilidade econômica, como o Norte e o Nordeste”, destacou Antônio Alberto Aguiar, diretor executivo de estabelecimentos da Pluxee. 

Segundo o executivo, “o impacto da inflação sobre os custos das refeições não é apenas um problema financeiro, mas também um obstáculo à qualidade de vida e ao bem-estar dos trabalhadores. Esse é um ponto de atenção para empresas que buscam fortalecer sua relação com os colaboradores, especialmente em um cenário de retenção de talentos cada vez mais desafiador. Os dados deixam claro que o prato está mais caro, e o vale-refeição, menor. Esse é um cenário que desafia não apenas os trabalhadores, mas também as empresas a reavaliarem o impacto desse benefício em tempos de inflação persistente e aumento do custo de vida”.

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