Muitos brasileiros estão dispostos a trabalhar com um novo parceiro para as suas finanças e a identificação da marca com as suas necessidades pode ser um grande motivador
Autor: Douglas Barrochelo
Há um consenso entre especialistas em cultura e comportamento que o brasileiro, de forma geral, tem forte aderência às novas tecnologias. Parece que já nasceram juntos, vivendo como se fossem um só. De utensílios domésticos, passando por automóveis, acessórios pessoais, hábitos de consumo à navegação em redes sociais. No começo, até podemos demonstrar falta de jeito com alguma novidade, mas depois de experimentá-la, passamos a adotá-la em nossas vidas como se não pudéssemos mais viver sem ela.
Essa ideia também se aplica aos bancos, especialmente aos chamados digitais. Estudo do Banco Central, no segundo semestre de 2022, constatou que o brasileiro, em média, possui 5,2 contas bancárias, um número consideravelmente maior do que o apresentado nos anos anteriores e muito superior, por exemplo, à média registrada em 2012, que era de 2,1 contas por correntista.
Simultaneamente, uma pesquisa realizada nos últimos meses pelo Finder revelou que o Brasil é o país com mais contas em bancos digitais no mundo. Segundo o estudo, atualmente 43% dos brasileiros possuem uma conta digital e a expectativa é que a marca atinja os 57% até 2027.
Na prática, os dados da pesquisa revelam que 4 em cada 10 brasileiros decidiram se tornar clientes de um banco digital nos últimos anos, e a tendência de crescimento da adesão será mantida. No ranking feito pelo Finder, a Indonésia aparece em 2º lugar, com 26%, Irlanda em 3º lugar, com 22%, Singapura em 4º lugar, com 21% e Hong Kong em 5º lugar, com 20% da população aderindo aos bancos digitais.
O crescimento do mercado tem relação direta com o crescimento do número de fintechs e em meados de 2023 existiam 1.466 fintechs no Brasil, e apenas os cinco maiores bancos digitais registravam cerca de 107 milhões de correntistas – o equivalente a aproximadamente a metade dos brasileiros, sem distinção de idade.
Por enquanto, os dados fornecidos pelo Banco Central não permitem afirmar que a batalha pelos correntistas foi vencida pelas novas entidades do sistema financeiro, afinal os bancos tradicionais ainda mantêm 490 milhões de contas abertas – embora uma boa parte tenha sido contratada via apps para receber auxílios governamentais durante a pandemia.
Assim, cabe questionar se os brasileiros querem os bancos mais tradicionais ou os novos bancos digitais? Nem um, nem outro, responde a pesquisa encomendada pelo Google aos institutos Quantas e Liga Pesquisa. Pode ser surpreendente, mas na verdade quase a metade dos brasileiros bancarizados está insatisfeita com os seus bancos, tradicionais ou digitais, cotados na B3 ou começando a escalar, e dispostos a mudar de banco principal.
Segundo o levantamento, seis em cada dez (57%) brasileiros consideram trocar de banco principal, com 17% indicando que há “muitas chances” de fazer a troca e apenas 8% entendem que não existe chance alguma para a mudança. O estudo foi realizado entre abril e maio deste ano, quando foram entrevistadas 2,5 mil pessoas bancarizadas, e a amostra inclui todas as classes sociais e regiões do país.
Entre aqueles com maior predisposição em trocar de instituição financeira, surgem os consumidores da classe A (59%), entre 25 a 34 anos (59%) e das regiões Sudeste e Centro-Oeste (59%). A pesquisa indica que o maior motivo para eleger um banco como o seu principal é a experiência digital, ou seja, disponibilidade de aplicativo fácil de usar e um site ou internet banking que permite fazer todas as transações, condizente com a classe socioeconômica e faixa etária mais propensa à mudança.
Outras razões para a infidelidade bancária são fatores como empresas mais sólidas, com pouco risco de falência, e a segurança nas transações, seguindo-se a oferta de cartão de crédito sem anuidade e um limite de crédito que atenda a todas as necessidades.
Uma conclusão que podemos tirar de todos esses números: muitos brasileiros estão dispostos a trabalhar com um novo parceiro para as suas finanças, pessoais ou de negócios de todo porte, e a identificação da marca com as suas necessidades seria um grande motivador para a mudança. Assim, ter o próprio ecossistema financeiro, e aproveitar a sinergia de integrar o seu próprio banco, tem atendido cada vez mais as estratégias empresariais. O crescimento que temos vivenciado neste segmento é impressionante e revela uma forte tendência para os próximos anos.
Minha sugestão é: avalie as melhores referências entre as consultorias e empresas de tecnologia do mercado, e identifique aquela que pode oferecer a melhor estrutura tecnológica e uma forte e perene parceria, e então ajude ao seu enviroment a também ter um banco para chamar de seu.
Douglas Barrochelo é CEO da Biz.