Em se tratando de novos perfis de consumidor, parece ironia dizer que os ´velhinhos´ estão no mesmo patamar dos jovens e da classe C. Cada vez mais, é possível perceber que as empresas também estão voltando os olhos para a terceira idade.
Atualmente, os brasileiros com mais de 60 anos ultrapassam os 20 milhões, segundo dados do IBGE. Porém, embora promissores, “a terceira idade ainda não é o foco principal de atuação, mas, é importante considerá-los no planejamento de investimento de longo prazo”, evidencia Fernanda Della Rosa, assessora econômica da Fecomercio.
Com maior disponibilidade de tempo e com a renda fixa garantida, os setores que despertaram maior interesse nesse segmento, segundo a economista, são: turismo produtos financeiros e fabricantes de cosméticos. Essa premissa se comprova na CVC, que, somente em 2010, mais de 100 mil passageiros com mais de 60 anos, embarcam pela operadora, em viagens nacionais e internacionais, um aumento de 15% em relação a 2009. “Este é um público que gosta de lazer e não abre mão de viajar e viajam conosco todos os anos e, religiosamente, pagam o carnê da viagem mês a mês”, afirma André Ribeiro Turquetto, diretor de marketing da CVC.
Outro produto que tem aumentado adesão é o crédito consignado. Isso se dá devido ao baixo índice de inadimplência, de acordo com Fernanda. “O segmento apresentou grande crescimento nos últimos anos devido às baixas taxas de juros cobradas pelos bancos. Ao receber a aposentadoria/pensão o valor da parcela já é descontado do pagamento total, assim não existe inadimplência”, explica.
O que, para Samy Dana, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, FGV-EAESP, pode acarretar em um grave problema social. “A pessoa mal tem dinheiro para comer, mas o banco continua descontando as parcelas. Do ponto de vista econômico, a terceira idade ainda precisa pensar um planejamento financeiro para não sofrer problemas no orçamento quando têm seus recursos mais escassos. O que ainda não acontece no País”, ressalta.
Para minimizar os efeitos maléficos, Dana sugere que as próprias empresas concedentes do crédito, serviço ou produto, se responsabilize por essa educação financeira e forneça aos seus clientes da melhor idade, cursos e instruções de gestão financeira básica, assim, os velhinhos se beneficiam do crédito saudável e as empresas podem servi-los sem pesos desnecessários ao prestar também um serviço de educação pública.
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