À margem da crise?

Os consórcios já são uma forma de financiamento consagrada no mercado brasileiro, que agrada a muitos consumidores. Porém, com a crise econômica afetando todos os outros setores da economia, a modalidade teve um momento de destaque ainda maior. Segundo dados da Abac, Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio, só nos primeiros 11 meses de 2015 o sistema teve alta de 13,5% em volume de crédito comercializado, em comparação com o mesmo período de 2014.

Um dos fatores que pode explicar o sucesso do setor no meio da crise é que, em momentos de recessão, consumidores tendem a buscar por formas mais conservadoras de poupar ou adquirir bens, segundo Cleber Sanguanini, gerente comercial e de marketing da Racon Consórcio. “A conjuntura econômica tende a fazer do consórcio um mecanismo de aquisição mais seguro”, responde. A alta dos juros para outras modalidades de financiamento também pode explicar o desempenho dos consórcios nesse período. “Quando os juros são muito altos no financiamento, o consórcio fica mais atrativo, porque não precisa pagar muitos encargos financeiros”, afirma João Francisco de Aguiar, professor de economia doméstica na Universidade Mackenzie.

Com isso, por ser menos oneroso, a perspectiva é de que a modalidade continue ganhando terreno em 2016. Para Rafael Boldo, gerente da Porto Seguro Consórcios, a expectativa é positiva, visto que ainda há retração do crédito, aumento de juros e demanda alta por imóveis. “Consórcio neste caso é a melhor opção, por permitir maior controle financeiro e ser isento de juros”, afirma o executivo. Dentro disso, entre os diferentes tipos, Francisco Coutinho, superintendente da Rodobens Consórcio, aposta no fortalecimento do consórcio de imóveis, já que os preços estão em queda. “Preço de imóveis caindo é muito favorável para quem tem uma cota de consórcio e poder de compra à vista. Em um momento de baixa, onde o preço do imóvel está voltando aos patamares de lá de 2011, 2010. O cliente é muito favorecido porque o seu poder de compra aumenta”, responde Coutinho.

Outro ponto que faz o setor se destacar está relacionado ao fato de que o consórcio pode ser visto como poupança, ajudando a conscientizar os consumidores. “O consorciado pode escolher o prazo e o valor da parcela de acordo com o seu perfil de investimento, além de desenvolver a disciplina para poupar, já que o consórcio pode ser como uma ´poupança forçada´, que contribui para a conscientização da importância do planejamento financeiro, não apenas em momentos de crise”, explica Luciana Precaro, diretora de vendas e marketing da Disal Consórcio.

Apesar de todo esse cenário, há riscos, é claro. Alguns desafios podem ser encontrados no caminho. Os consumidores, conscientes da elevação das taxas, diminuição de renda e aumento do desemprego, devem estar mais receosos ao pensar em projetos de longo prazo. Tanto que, para Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de ciências contábeis da Faculdade Santa Marcelina, o grande desafio do ano é convencer os clientes a entrarem para o sistema de consórcios, sendo que a saída é aumentar a divulgação dos benefícios da modalidade. “É popularizar e dar maior informação aos futuros consorciados com relação aos benefícios que poderão ter na realização de sonhos com o não pagamento de juros e minimizar o lado negativo que é o pagamento da taxa de administração”, pontua.

NÚMEROS DO SETOR

Imóveis e veículos são os tipos de consórcio que mais têm atraído os consumidores. Segundo pesquisa realizada pela Abac com consorciados, 64,6% estão interessados em entrar para os consórcios para adquirir imóveis e 62,5% planejam a compra de automóveis. A pesquisa também demonstra a visão do consórcio como uma forma de poupar e investir dinheiro. “Como complemento da consulta a esse universo de potenciais interessados, 52% dos entrevistados informaram ser um meio para adquirir um bem, enquanto 48% entenderam ser um bom investimento”, conta Paulo Roberto Rossi, presidente da Abac.

Qual será o maior desafio do mercado de consórcios este ano? Deixe a sua opinião na enquete do Portal Crédito e Cobrança.


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À margem da crise?

Apesar de ser jovem no mercado de varejo, o e-commerce com seus aproximadamente 20 anos não se intimidou e, com o passar dos anos, vem comprovando o seu potencial. Uma força tão grande que, inclusive, há aqueles que acreditam que no futuro, com a Internet das Coisas, possa ser que não exista outra forma de compra, senão pelo comércio eletrônico. Embora muitos já saibam do seu sucesso, nesse ano a prova também está nos números. Nem a crise foi suficiente para fazer com que sua expectativa ficasse reduzida e, ao contrário de muitos segmentos, o varejo on-line irá fechar 2015 com altas porcentagens e crescimento sobre o ano anterior. Ainda que não cresça os 20% esperado pela edição de 2014 do Webshoppers, a versão atual do relatório do E-bit já mostrou que o setor faturou, no primeiro semestre, R$18,6 bilhões. O que representa aumento nominal de 16% sobre o mesmo período do ano anterior. 

As vantagens que fazem parte do e-commerce são as explicações para todo esse desempenho, de acordo com Pedro Guasti, vice-presidente de relações institucionais da Buscapé Company, que tem integrado o E-bit, fazendo com que o setor se torne o último patamar a ser atingido pela instabilidade econômica. “Quando se fala do comércio online tem alguns fatores que continuam a ser favoráveis. Como aumento de pessoas que usam banda larga, que têm acesso à smartphones e, com isso, acesso à Internet”, comenta. Ou seja, é um local no qual o cliente se sente seguro para pesquisar e encontrar as melhores ofertas. Aliás, esse é um fato que não acontece somente aqui e tão pouco pode ser atribuído à sorte que talvez o setor esteja passando. O presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, ABComm, Mauricio Salvador, conta que, em 2008, quando os Estados Unidos estava passando por sua pior crise desde 1929, o e-commerce cresceu 6%. “O favorecimento se dá principalmente devido a dois fatores: a percepção do consumidor de que comprar pela Internet é mais barato e as ações de marketing digital que são mais segmentadas e efetivas que as tradicionais”, adiciona.

No caso do Brasil, Salvador ainda adiciona um terceiro fator: a grande quantidade de novos consumidores. “Em 2015, serão quatro milhões de brasileiros que farão a primeira compra pela Internet. É um número considerável de pessoas que traz oxigênio e crescimento ao setor”, diz. De fato, se hoje o mercado online está muito mais maduro, chegando a patamares altos, muito se deve ao desenvolvimento também do próprio cliente. Enquanto, no começo, havia poucos negócios e sem nenhuma segmentação de produtos, existiam consumidores inseguros. E, pela desconfiança do sucesso da compra, adquiriam itens mais simples, como CDs, DVDs e livros. Conforme foi ganhando mais confiança, conhecendo novas lojas, os negócios também foram crescendo e se preparando mais para atendê-los. “As pessoas estão mais dispostas a comprar em lojas em que já tiveram uma boa experiência e que confiam”, comenta Thiago Flores, diretor executivo do site comparador de preço Zoom. “Houve essa mudança na percepção dos usuários, como nas empresas, que passaram a melhorar na prestação de serviço.”

Só e-commerce não conta
Não demorou muito também para as empresas perceberem que o fato de terem um e-commerce já não era mais um fator competitivo como antes. Até porque, rapidamente a quantidade de negócios que surgiram, querendo também o seu espaço nesse canal e atenção do público foi enorme. Dessa forma, restou às companhias procurarem pelo melhor aperfeiçoamento do serviço e no atendimento, já que o segmento possui a vantagem de estar mais próximo do cliente.

Não por menos, a regra de ouro da atual fase é o omni-channel. Mais uma vez, as pessoas forçaram as lojas virtuais a se estruturarem em múltiplas plataformas, em busca da vantagem de estar onde o público está. “Com a multicanalidade queremos proporcionar que o cliente se comunique com a companhia onde estiver e como quiser”, afirma Gilberto Andrade, diretor de atendimento e processos da Cnova. Segundo ele, hoje, a dinâmica do relacionamento no negócio deve ser muito mais voltada em deixar o consumidor livre. Deixar que ele escolha o canal de comunicação, que navegue entre meios físico e digital, decidindo qual é o melhor momento e meio de fazer compra e que decida voltar à empresa, se quiser. “A comodidade, o acesso, a empatia, a conexão, a marca e a individualização criam valor, conquistam e fidelizam o cliente”, conta.

No caso da OLX, o relacionamento vai além da liberdade e de algo meramente comercial. A missão da empresa é ser amiga dos usuários. “Amigos te conhecem e estão presentes ao longo da vida das pessoas, ajudando e querendo o bem”, declara Ana Julia Ghirello, COO da empresa. Para isso, a empresa quer estar perto para resolver problemas, tirar dúvidas e ajudar, mesmo que não tenham relação com o seu serviço. “Um exemplo dessa postura foi o caso de uma usuária que entrou em contato com a nossa Central de Atendimento para questionar sobre qual a melhor maneira de cuidar de sua orquídea. Apesar do assunto fugir do escopo da nossa plataforma, a equipe de atendimento fez uma pesquisa e enviou para a consumidora uma resposta com algumas dicas e indicações de locais nos quais ela poderia obter essa informação. Quem busca a gente é porque acha que podemos ajudar.”

Por mais bem avançado que esteja, assumindo uma posição quase que adulta e sendo difícil não esperar outro futuro, senão, a continuação de seu crescimento, o e-commerce ainda tem muito que desenvolver. Guasti ressalta que o setor ainda precisa aprender muito com mercados internacionais, como o norte-americano. Principalmente, na questão de maior integração entre ambiente físicos e online. Mas, o que importa é que as empresas já estão voltadas para a melhoria contínua e cada vez mais procurando pelo aperfeiçoamento.

E para você, a que se deve o desenvolvimento do e-commerce brasileiro? Participe da nossa enquete!

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