Crescente potencial de consumo



Em entrevista exclusiva ao Portal Crédito e Cobrança, Paulo Valadares Pereira, superintendente de Crédito do Banco Cooperativo Sicredi, fala sobre o cenário de crédito para a terceira idade no Brasil e suas boas perspectivas.


O cliente idoso é, de fato, um cliente potencial? Por quais motivos?
O aumento da expectativa e a melhora da qualidade de vida para a terceira idade tornam o Brasil um país com população idosa crescente. E, com isso, cresce também seu potencial de consumo. Segundo o IBGE, são mais de 22,3 milhões de pessoas, das quais 5,4 milhões ainda estão no mercado de trabalho, com ou sem carteira assinada. Além disso, a previsão para 2012 é de que este público possa movimentar cerca de R$ 400 bilhões somente no Brasil. Este valor é equivalente ao PIB da Irlanda e 45% maior do que nos últimos cinco anos. Sete em cada dez aposentados têm renda mensal garantida pela Previdência Social. Ou seja, 73,5% dos rendimentos desses consumidores, ou R$ 295,6 bilhões, vêm de aposentadorias e pensões concedidas pelo INSS. Somente 20% da renda é originário da relação com o mercado de trabalho.
 
O que os tornam interessantes para empresas de crédito?
O público da melhor idade, muitas vezes, é o alicerce da família. O crédito, adequado e na medida certa, por sua vez, é uma forma de proporcionar uma melhor qualidade de vida, como, por exemplo, viabilizar uma viagem planejada pela família. Além disto, a idoneidade e a vivência também são fatores que tornam este público interessante perante as instituições financeiras.


O mercado de concessão de crédito para idosos está em ascensão?
Sim, está. Com o aumento da expectativa de vida e a queda das taxas de natalidade, o número de idosos cresce a cada ano no Brasil – é o boom demográfico. Este público idoso também tem desejos de consumo e está se tornando um dos principais mercados consumidores do País.


Quais as modalidades de crédito mais comuns oferecidas pelas instituições financeiras para idosos?
As modalidades de crédito mais oferecidas para este público são o crédito consignado e o turismo. O primeiro pela praticidade, conveniência e por possuir taxas de juros reduzidas em relação às demais linhas de crédito pessoal. Já o segundo, deve-se ao fato do crescente número de pessoas da melhor idade receberem propostas de pacotes turísticos, especialmente viagens em grupo. 
 
Para os aposentados, qual a diferença entre crédito pré-aprovado e empréstimo consignado?
Muitas instituições chamam de crédito pré-aprovado o limite disponível, geralmente como crédito pessoal, para contratação imediata, sem necessidade de garantias, com pagamentos feitos diretamente pelo cliente à instituição e pode ser contratado tanto nas agências bancárias quanto nos canais alternativos de atendimento. Já o empréstimo consignado é uma linha com taxas inferiores às praticadas no crédito pessoal, pois possui a garantia do desconto na folha de pagamento. Para que um aposentado possa fazer um empréstimo consignado junto ao INSS, por exemplo, há a necessidade de autorização/confirmação por parte da Previdência Social para que o desconto seja autorizado no benefício. Além disso, há um limite máximo para a parcela descontada que não pode ultrapassar 30% da renda.


Quais os índices de inadimplência e adimplência desse público?
Grande parte da inadimplência deste público se encontra no Consignado INSS. A estimativa gira em torno de 2% e 3%, mesmo com o desconto em folha. Este fato deve-se a contratações mal conduzidas, fraudulentas ou morte dos beneficiários. No Sicredi, o índice é menor, onde em agosto representou apenas 1,14% em operações de crédito pessoal.


 Quais são as perspectivas futuras para este mercado?
A perspectiva é de que o mercado continue crescendo para a faixa etária acima de 60 anos. Milhões de pessoas ingressam neste perfil a cada ano, tornando este um mercado em permanente desenvolvimento. Além disso, as necessidades mudam e tendem a aumentar, principalmente com a crescente expectativa de vida e a migração das classes D e E para a classe C. O público da melhor idade é ativo, busca coisas novas, viaja, compra, sustenta famílias.

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