Praticamente, a metade das mulheres brasileiras consegue pagar todas as contas do mês. Sendo que, na maioria das vezes, ainda sobra um pouco de dinheiro para guardar ou comprar algo que queiram. Porém, em meio à crise econômica atual, é grande o número de consumidoras que chegam ao fim do mês sem nenhuma sobra financeira ou até mesmo no vermelho: 50,4% estão nessa situação. É o que mostra uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Entre as mulheres que não conseguem pagar as contas mensais, a principal justificativa é o comprometimento com os gastos considerados básicos, como as contas de luz, água, aluguel e a compra de mantimentos como arroz e feijão. De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, esse quadro preocupa porque, em tempos de crise, o risco de desemprego é maior. “O avanço da inflação e o aumento no desemprego desde o ano passado estão corroendo o poder de compra dos consumidores e provocando um desequilíbrio no orçamento pessoal e familiar de muitas famílias”, explica.
Dentre outras razões apontadas pelas entrevistadas para não conseguirem pagar as contas mensais também está a falta de controle com os gastos, citado por 18,2% da amostra. Com percentuais maiores entre as respondentes mais jovens (27,5%) e ainda os gastos realizados além do que o orçamento permite por outros moradores da casa (15,0%, aumentando para 24,2% entre aquelas com idade entre 35 e 54 anos).
Cartão de crédito
A pesquisa também mapeou o acesso das mulheres aos serviços financeiros e entre os serviços e produtos financeiros de maior acesso estão o cartão de crédito (56,9%), a conta corrente (55,9%) e a poupança e investimentos (53,1%) – em muitos casos, compartilhados com os cônjuges ou ainda em nome de terceiros. Entre os produtos e serviços exclusivamente no nome das entrevistadas, os mais citados são o a conta corrente (48,2%) e o cartão de crédito (42,9%).
Também foi avaliada a satisfação das entrevistadas em relação às instituições prestadoras destes serviços e o estudo mostra que o segmento não está conseguindo atingir o objetivo de atender às necessidades das mulheres: a média da satisfação com itens que permeiam o relacionamento entre as instituições e as mulheres ficaram entre as notas 5 e 6, considerando uma escala de 10 pontos. “Esse é um importante gancho para que as empresas desse setor possam entender o que as consumidoras brasileiras procuram”, explica Kawauti. “Identificar seu público alvo e entender o universo feminino são possíveis estratégias para os empresários conseguirem atender seus consumidores e aumentarem suas vendas.”
Apesar dessa nota, quando as mulheres necessitam de informações sobre investimentos, empréstimo ou outros produtos financeiros, a preferência de 34,9% é justamente procurar nessas instituições e em bancos, seguidos dos amigos e da família (20,1%). Outros 25,8% das entrevistadas afirmam não usar serviços financeiros