Menos globalização financeira e mais globalização real. Os diferentes especialistas consultados pela Crédito y Caución estão de acordo ao sublinhar que o contexto econômico de saída da crise vai ser marcado por um maior controlo sobre os fluxos financeiros e por um aprofundar da internacionalização empresarial. A maioria prevê o início de um lento processo de recuperação econômica para os próximos meses.
Robert Solow, Nobel da Economia com a teoria do crescimento econômico, acredita que podemos começar a ver o princípio da recuperação em finais deste ano ou no início de 2010. Depois desta descolagem inicial, “as economias norte-americana e europeia precisam de bastante tempo até que voltem a uma situação que podemos qualificar como normal”.
Na reflexão que fez para a Crédito y Caución, Solow afirma que o Estados Unidos estava convencido de que um sistema financeiro com pouca ou nenhuma regulamentação podia ser estabilizado de forma autónoma. “Porém, não é verdade. É importante que os Estados Unidos e Europa continental retirem este caso como lição e aprendam como é arriscado deixar o sistema financeiro livre para gerar grandes quantidades de capital. Há que procurar formas de regulamentar o sistema”, acrescenta. Solow acrescenta que o comércio vai continuar a crescer enquanto as nossas economias recuperam numa estrutura cada vez mais internacionalizada e na qual o “seguro de crédito desempenha um papel construtivo.
O economista comenta ainda que a economia diária – de produção e consumo, de compra e venda – está, inevitavelmente, sujeita a riscos. “Uma das funções do sistema financeiro é transferir os riscos dos indivíduos e instituições, que por diversos motivos, não podem ou não querem assumi-los, para outros que, mediante uma compensação, os admitem. A origem do problema foi a proliferação de credit default swaps, ou trocas de créditos não pagos. Por outro lado, o seguro de crédito e outros mecanismos de defesa, que fazem face aos desequilíbrios que resultam dos negócios, são muito importantes a nível social. Por essa razão, os seguros de crédito, neste momento de crise, são bem-vindos e fazem sentido”, conclui.
Foco no consumidor – Kenichi Ohmae, que em 1990 popularizou o termo “globalização” ao avançar como o negócio internacional estava a ultrapassar as fronteiras nacionais, acredita que a recuperação é um processo que vai demorar dez anos. Ohmae, um dos cinco especialistas mais reconhecidos a nível a mundial na área da gestão, segundo o “The Economist”, crê que as empresas devem-se focar em estimular a psicologia dos consumidores. “Quando a economia vai bem todos aumentam as vendas e recolhem benefícios, mas quando a economia está numa fase menos boa, os consumidores reflectem muito mais antes de comprar um produto. Por essa razão, há que fazer um esforço por se distinguirem da concorrência. É vital reflectir sobre o que podemos oferecer para marcar a diferença”, explica.
Para Ohmae, o acesso ao resto do mundo é o grande desafio das pequenas e grandes empresas. “Todas têm que pensar global e sair dos países para ter êxito, mesmo que se trate de uma empresa de 20 ou 30 milhões de dólares, porque há sempre clientes que podem comprar os produtos ou serviços”, completa. Segundo o especialista, neste novo contexto, o seguro de crédito é um serviço de integridade, bem estabelecido e consagrado que responde a uma função importante. “Empresa por empresa, país por país, moeda por moeda, é um produto muito credível que permite calcular determinados riscos dentro de uma margem razoável”, acrescenta Ohmae.