Perigo à vista?

Uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 255/2016, de autoria do deputado Roberto Lucena (PV-SP), pretende tornar as atividades de recuperação de crédito, da prova do inadimplemento ou da mora, e os atos deles decorrentes, funções exclusivas e privativas dos cartórios na recuperação de créditos, além do recebimento de informação de inadimplência, formalização inicial e demais atos, tais como a comunicação aos devedores e divulgação a terceiros. O relator, Deputado Fausto Pinato (PP-SP), já votou pela aprovação da constitucionalidade da PEC que pode estar em pauta na próxima terça-feira, dia 04 de abril, gerando preocupação para o mercado.
Para o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo (FCDLESP), Mauricio Stainoff, a medida pode ser prejudicial para o comércio e tinge o diretamente o bolso do consumidor. “As disposições previstas nesta PEC poderão acarretar a burocratização do sistema de crédito, o aumento de custo para os consumidores inadimplentes e o aumento dos processos, quando outras providências mais simples, rápidas e gratuitas para o consumidor, são atualmente praticadas há mais de 60 anos na recuperação de crédito”, explica. “O consumidor será ser penalizado gravemente. Além de pagar a dívida ainda têm que pagar as taxas do Cartório; as taxas vão para o Estado, para o Município, para o Judiciário e outros. Os valores devidos pelo protesto, decorrentes de custas e emolumentos e demais despesas, são da responsabilidade do devedor. O consumidor paga a dívida, para o protesto e paga o cancelamento. Fica muito caro limpar o nome no Cartório” completa.
A FCDLESP acredita que tal medida pode trazer prejuízos enormes à economia. “Não é demais informar que as empresas e órgãos mantenedores do cadastro de proteção ao crédito exercem função social e geram milhares de empregos diretos e indiretos que serão fulminados do dia para a noite com as mudanças trazidas por esta PEC”, explica Stainoff.
Para a entidade, que possui mais de 90 CDLs no estado de São Paulo e representa 150 mil varejistas, a PEC não beneficia a economia do nosso País, pois além dos impactos negativos que serão causados ao sistema de crédito brasileiro, resultará na retração do consumo. “Além da latente inconstitucionalidade e a afronta aos princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência, a PEC aumenta a burocracia. E como fica o consumidor que não tem cartório de protesto na sua cidade? Nem todas as cidades têm cartórios e aí o custo ainda pode ser mais alto por causa do tempo gasto e do deslocamento”, afirma Stainoff.
A entidade destaca ainda que o serviço de proteção ao crédito, comumente conhecido como SPC desenvolvido pelas CDLs, atua como um benefício aos associados e já existe há 60 anos, se caracterizando como um serviço de coleta, organização e armazenamento de informações sobre o comportamento de adimplência de consumidores.
“Esse banco de dados tem um papel fundamental. São facilitadores da concessão do crédito, ou seja, um consumidor consegue adquirir um bem ou serviço de maior valor agregado sem a necessidade de avalista, comprovação de renda e demais entraves burocráticos, ou pagamento de taxas, bastando somente seu nome. Além disso, protege o próprio consumidor com eventual registro de inadimplência porque evitará que este mesmo consumidor se alavanque em mais e mais dívidas, evitando o temido superendividamento das famílias, sendo um sistema que não onera ainda mais o inadimplente, pois é gratuito, ou seja, livre de taxas”, conclui Stainoff.

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Perigo à vista?



 Com crescimento na casa dos dois dígitos e boas perspectivas de manter essa evolução, o setor de call center no Brasil vem chamando a atenção das empresas internacionais. De olho nas oportunidades, elas também querem uma fatia desse mercado que fatura bilhões por ano. O último exemplo é o da Sutherland, empresa americana de BPO, que anunciou a intenção de abrir um site em Fortaleza (CE), com capacidade para dois mil operadores. “Essa movimentação é natural. O mercado brasileiro é muito grande, o que faz com que novos players olhem o País como opção para expansão dos negócios”, aponta Topázio Silveira Neto, presidente do Conselho da ABT, Associação Brasileira de Telesserviços. No entanto, uma discussão volta a pauta: há algum risco para os atuais players? Para esclarecer o mercado, o portal Callcenter.inf.br ouviu com exclusividade especialistas, que apontaram as oportunidades e os riscos.

 

Na visão de Julio Xavier, coordenador de MBA no Insper e consultor sênior na MKTec, o país possui muitas companhias sérias e com profundo expertise no que fazem, por outro lado a experiência das empresas americanas no segmento vem de longa data, assim a entrada de uma delas no mercado pode trazer novos modelos de gestão e aprendizados significativos.

 

Nesse sentido, o consultor e diretor executivo da V2 Consulting, Vladimir Valladares, acredito que para consumidores, contratantes e profissionais que trabalham fortemente para a melhoria das relações entre empresas e clientes, a torcida está pelo ingresso de uma empresa que venha com novas fórmulas e que ajude na missão de mudar a realidade atual do setor de relacionamento. Para ele, sempre haverá espaço para serviços que apresentem uma relação de qualidade e preço de interesse do mercado. “E, talvez, esse seja o principal ponto que deva ser repensado em nosso mercado. Contratos já não devem mais ser discutidos com base em custo de PA. O que vale para a empresa é o quanto custa o atender bem o cliente e o quanto vale contribuir para o desenvolvimento desse atendimento, observando-se muito mais o nível de contribuição para interesses estratégicos”, defende.

 

Porém, Valladares não deixa de colocar que, sob o olhar dos concorrentes, essa movimentação é sinal de alerta para todas as empresas de telesserviços instaladas no Brasil que possuem, em suas carteiras, clientes multinacionais atendidos pela nova empresa em outros países. Isso porque, uma das estratégias de ingresso no mercado brasileiro deve considerar a busca por concentrar operações desses clientes, que já os conhecem.

 

Mais do que isso, o consultor José Ricardo Lima coloca como maior impacto a percepção por parte dos atuais players de que o mercado não é fechado, e que não existem mais soluções do tipo “SEI – Secretaria Especial de informática”, que atuava nos anos 70/80 restringindo o mercado de informática a empresas de fora. “O que vai contar é simples competência”, sentencia o consultor, reforçando que acredita na tendência de outras empresas de fora chegarem para disputar um espaço no mercado brasileiro. Ele aproveita para pontuar que, hoje, muitas empresas do setor nasceram e algumas ainda permanecem “reféns” de grandes clientes corporativos, até mesmo com participação acionaria e grande influencia na gestão dos contact centers. E esses clientes fazem uma enorme e constante pressão sobre custos, ao invés de qualidade. “Nesse cenário, será que estas novas empresas conseguirão vender “qualidade” a um custo aceitável? Se o fizerem, vai ser um imenso choque no mercado. Se suas práticas permitirem oferecer apenas custos menores, o impacto será menor, mas ainda relevante”, completa.

 

 

E para você, qual deve ser o impacto da chegada de novas empresas no setor? Deixe a sua opinião na enquete do portal Callcenter.inf.br.

 

 

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