Os últimos dados da Susep – Superintendência de Seguros Privados mostram que, nos três primeiros trimestres de 2009, a atividade da Crédito y Caución no mercado brasileiro registrou crescimento interanual acumulado superior a 650%. No mesmo período, o conjunto do mercado de seguro de crédito interno registrou aumento de 26%. Esse crescimento colocou a companhia com uma cota de mercado de 8%, o que a transforma no terceiro operador do mercado interno brasileiro.
“Nossa evolução no Brasil é muito positiva, tendo em conta que estamos ainda na fase de start-up da companhia”, explica Flávio Navarro, diretor-presidente da Crédito y Caución no Brasil. Em entrevista exclusiva ao Portal de Crédito e Cobrança, o executivo faz uma avaliação do atual mercado de seguro crédito no Brasil e aponta as perspectivas para os próximos anos. Navarro, que assumiu o cargo recentemente, comenta ainda sobre os seus objetivos a frente da sucursal brasileira da Crédito y Caución e conta quais são os planos da empresa no País.
>> Portal de Crédito e Cobrança – Como você vê o atual mercado de seguro de crédito no Brasil?
Flávio Navarro – O mercado brasileiro de seguro de crédito ainda não possui a representatividade de outros, como os da América do Norte, América Central e Europeu. Nessas regiões, o seguro de crédito tem se mostrado uma importante ferramenta de gestão, proteção e econômico/financeira, quer para a iniciativa privada, empresas e bancos, quer para governos. Digo isto, pois a crise mundial que recentemente atravessamos, levou o seguro de crédito a uma evidência marcada por suas características, ou seja, garantir a cobertura contra o risco de insolvência das empresas.
No Brasil, ele ainda pode ser considerado como um “Green Field”. Em 2009 o mercado emitiu apenas aproximadamente R$ 100 Milhões em prêmios. Comparativamente o Grupo Atradius, que opera no Brasil por meio da Crédito y Caución, emitiu cerca de 1,6 bilhões de Euros no último exercício fiscal encerrado, dos quais somente a Crédito y Caución contribuiu com mais de 500 milhões de Euros. No mesmo exercício fiscal encerrado, somente na Península Ibérica indenizamos 451 milhões de Euros.
Porém, acreditamos que chegaremos à mesma dimensão que o seguro de crédito possui nesses outros mercados a partir do momento em que o empresariado brasileiro tome conhecimento da existência desse produto e de seus benefícios, assim como, os bancos comecem a perceber nesta ferramenta uma oportunidade de melhoria da qualidade de seus ativos (“Credit Enhancement”) obtendo conseqüentemente uma maior alavancagem das operações.
>> Portal de Crédito e Cobrança – Você aposta em um crescimento da oferta de crédito para os próximos anos?
Navarro – Sim. Tanto pelo incremento das vendas entre as empresas por meio do financiamento próprio e não oneroso motivado pelo desempenho crescente de nossa economia, bem como pelo cada vez maior apetite do setor financeiro, quer na concessão de financiamento de crédito comercial, quer na concessão de financiamentos de operações de longo prazo.
Além disso, o país sente uma necessidade premente de investimentos em infra-estrutura, o que afeta toda a cadeia produtiva, quer de serviços, quer de bens. Vemos nisto uma grande oportunidade para o desenvolvimento do seguro de crédito no país, pois será um importante instrumento para mitigar as eventuais perdas sofridas por empresas financeiras ou não.
Nos próximos anos o mercado de seguro de crédito deverá continuar o processo de disseminação e aculturamento onde novos “prospects” serão conquistados nas mais diversas regiões do país, atingindo a maioria dos setores econômicos, assim como ocorreu na Espanha e Portugal e em outros países onde este mercado já se encontra amadurecido.
>> Portal de Crédito e Cobrança – Quais são os seus objetivos a frente do novo cargo?
Navarro – Darei seguimento aos “guide lines” já estabelecidos pelo Crédito y Caución para o mercado brasileiro, os quais levaram em consideração a nossa contribuição pela experiência e conhecimento das características do mercado local, de forma a permitir o crescimento contínuo e sustentável da operação.
Partindo de uma visão macro, nossas principais ações deverão estar focadas na expansão de nossa operação no território brasileiro, por meio do estreitamento do relacionamento comercial com corretores de seguros, disponibilizando para tanto suporte técnico e respectivo treinamento. Evidentemente que toda e qualquer ação que tenha como objetivo a viabilidade de um negócio, passa por todo um processo de conhecimento de mercado e público alvo de forma a atender as distintas necessidades dos mesmos.
>> Portal de Crédito e Cobrança – Hoje, como está situada a operação brasileira dentro da Crédito y Caución?
Navarro – A decisão da vinda da Crédito y Caución para o Brasil deu-se de forma pensada, estratégica e, por que não dizer, natural, seja pelo próprio investimento que diversos segurados estrangeiros têm feito no mercado brasileiro e que demandam o nosso serviço local, seja pelo potencial de negócios que o país pode proporcionar. Estamos falando de uma das principais economias do mundo.
Dentro da Crédito y Caución nossa operação é vista com enorme relevância fato que se traduz em todas as ações de apoio que recebemos das distintas áreas e colaboradores da matriz. A grande diversidade de setores econômicos que o país possui se traduz em uma ótima oportunidade para o Grupo desenvolver os negócios, quer localmente, quer internacionalmente. É muito importante para nós participar de toda cadeia produtiva, como um todo, e o Brasil proporciona isto à nossa atividade.
>> Portal de Crédito e Cobrança – Quais sãos os planos da empresa para a operação brasileira?
Navarro – Pretendemos desenvolver o mercado de seguro de crédito por meio de ações comerciais junto aos diversos setores da economia inclusive associações de classe empresarial, bem como estabelecer parcerias com instituições financeiras, seguradoras e empresas de fomento mercantil. Muito embora nossa operação tenha se iniciado recentemente, em julho de 2007, atualmente somos o terceiro maior operador nacional considerando somente o seguro de crédito interno e o quarto operador considerando-se os dois mercados – interno e exportação – consolidados, conforme dados oficiais disponibilizados pela própria Susep – Superintendência de Seguros Privados.
No Brasil, nossas expectativas não poderiam deixar de ser diferentes da vocação de liderança do Grupo, sendo que pretendemos ocupar posição de destaque no cenário nacional nos próximos anos, contribuindo para o crescimento econômico do país. Os dados disponíveis de 2009 demonstram que alcançamos uma quota de mercado de 8% no mercado interno, dado este que reflete uma cifra significativa tendo em conta que se trata tão somente de nosso segundo ano completo de atividade.