Tecnologias desenvolvidas internamente aceleram a transcrição de textos e a criação de audiodescrição
Em um momento em que a inteligência artificial ocupa o centro das discussões tecnológicas, a Fundação Dorina Nowill para Cegos apresenta avanços concretos e inovadores no uso da IA como ferramenta de inclusão. “A Dorina IA, desenvolvida internamente, e a Plataforma Braille, executada em parceria com a Codebit, são exemplos de como a tecnologia pode ampliar o acesso à leitura e ao conhecimento para pessoas com deficiência visual, promovendo autonomia, agilidade e qualidade nos conteúdos acessíveis”, afirmou Nágila Seidenstucker, supervisora de desenvolvimento de sistemas e inovação da Fundação Dorina Nowill para Cegos.
A Plataforma Braille automatiza etapas importantes da transcrição de arquivos PDF, transformando-os em textos lineares organizados de forma didática e preparados para impressão em braille, evoluindo um processo que antes era feito de forma totalmente manual. “A transcrição de livros em braille, que antes era feita dessa forma, agora é realizada com muito mais agilidade. Além disso, o sistema também identifica imagens e organiza seus espaços para inserção de descrições acessíveis”, garantiu a executiva.
Embora o processo ainda conte com editores braille, a automação já parametriza acentuações, espaçamentos e outros ajustes técnicos, o que acelera de forma expressiva o tempo necessário para cada etapa. Atualmente, a Fundação Dorina está focada em aprimorar a usabilidade pedagógica da plataforma.
“Nosso desafio foi traduzir necessidades complexas de acessibilidade em soluções técnicas eficientes e éticas. A inteligência artificial foi incorporada com critérios específicos para a alta sensibilidade social em que atuamos, garantindo resultados consistentes sem abrir mão da expertise humana da Fundação Dorina. É uma inovação que alia inteligência artificial à responsabilidade social”, explicou Nágila.
Integrada a essa tecnologia, a Dorina IA é uma inteligência artificial treinada para gerar descrições de imagens, com base nas diretrizes de acessibilidade. Seu diferencial é a capacidade de gerar audiodescrições com linguagem adequada e objetiva. Embora o conteúdo passe por revisão humana, grande parte do trabalho é feito pela IA, otimizando tempo e esforço das equipes.
Atualmente, a Dorina IA passa por uma nova etapa de aprimoramento, voltada à descrição de conteúdos mais complexos, como mapas e tabelas. Para isso, a instituição conta com o apoio de especialistas da USP, professores de geografia e a curadoria de pessoas cegas, garantindo que a ferramenta evolua com base em conhecimento técnico e em vivências reais de quem mais precisa dessas soluções.
De acordo com Rafael Martins, gerente de tecnologia, desenvolvimento e inovação da Fundação Dorina Nowill para Cegos, “nosso compromisso com a inclusão vai além da produção de materiais acessíveis. Ao desenvolver tecnologias como a Plataforma Braille e a Dorina IA internamente, mostramos que é possível usar a inteligência artificial como aliada da acessibilidade, promovendo mais agilidade, qualidade e autonomia para pessoas cegas ou com baixa visão. Estamos usando a inovação a serviço da dignidade humana”.