José Cesar da Costa

Seis em cada dez consumidores fazem compras por impulso na internet

Pesquisa CNDL/SPC Brasil aponta que 35% dos brasileiros contraíram dívidas ou deixaram de pagar contas

Mais da metade dos consumidores brasileiros, um total de 62%, admitem realizar compras não planejadas pela internet, um hábito que, apesar de trazer satisfação imediata, leva quatro em cada dez (40%) a gastar mais do que poderiam. Segundo uma nova pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, em parceria com a Offerwise, a consequência direta desse consumo impulsivo é o impacto financeiro: 35% dos entrevistados já contraíram dívidas ou atrasaram o pagamento de cartão de crédito e contas essenciais por causa desses gastos, evidenciando o dilema entre o prazer momentâneo da compra e o risco de descontrole orçamentário.

A pesquisa, realizada em junho de 2025 com homens e mulheres com 18 anos ou mais que fizeram compras on-line nos últimos 12 meses anteriores, mostra que, entre os consumidores que admitem que compram por impulso na internet, 10% afirmam que fazem “quase sempre”, 15% “frequentemente” e 37% “às vezes”.

Apesar do elevado percentual de compras por impulso, a maioria dos consumidores demonstra uma percepção de controle sobre seus gastos. Cerca de 62% acreditam ter um comportamento de compra equilibrado, enquanto apenas 15% reconhecem comprar mais do que deveriam.

Estímulos e categoria de produtos

Os principais estímulos que levam às compras por impulso online são as ofertas e a conveniência: promoções (54%); frete grátis (45%); ofertas de novos produtos/lançamentos (25%); descontos com tempo limitado (22%); avaliações positivas de outros consumidores (19%)

As categorias de produtos mais compradas por impulso são roupas, sapatos e acessórios (44% com destaque feminino); cosméticos, perfumes e beleza (32% também com destaque feminino); comidas e bebidas por delivery (28%); itens para casa (decoração, cama, mesa, banho) (27%).

“Os resultados mostram que as compras por impulso se consolidaram como parte do comportamento digital, potencializadas pela facilidade do acesso e pelos gatilhos de urgência nas plataformas online. É preocupante que, mesmo com a consciência da necessidade de um consumo equilibrado, tantos brasileiros estejam gastando mais do que podem e, pior, contraindo dívidas no cartão de crédito – o que pode rapidamente se tornar uma bola de neve”, comentou o presidente da CNDL, José César da Costa.

Impactos financeiros e emocionais

As consequências financeiras do consumo por impulso são notáveis: 40% dos entrevistados já gastaram mais do que podiam em compras online não planejadas. Como resultado, 35% contraíram dívidas ou deixaram de pagar contas. Os principais atingidos foram cartão de crédito (20%); outras contas diversas (10%); serviços de internet (6%).

No âmbito emocional, após a compra, os sentimentos se dividem: positivos – Satisfação/felicidade (28%) e bem-estar consigo mesmo (14%); negativos – Indiferença (19%), arrependimento (15%) e medo de não conseguir pagar as dívidas (15%). Quase metade dos entrevistados, 49%, percebe os gatilhos emocionais que os levam a comprar, sendo os principais: felicidade intensa/comemoração (18%), necessidade de recompensa (14%) e desejo de poder, pertencimento ou prazer (13%).

A pesquisa mostra que sete em cada 10 consumidores (72%) já tentaram reduzir as compras por impulso online. Neste caso, 57% tiveram sucesso e 14% não conseguiram. “O consumidor precisa ficar atento às tentações que surgem a todo instante na internet e nas redes sociais. A Black Friday, por exemplo, é um momento de grande oportunidade para o consumidor, com o varejo investindo pesado em ofertas e estratégias de comunicação. No entanto, é justamente o alto impacto de ofertas e a pressão para a compra imediata que tornam este um período muito favorável às compras por impulso. Não podemos cair na tentação de promoções que comprometam o futuro financeiro. A prioridade máxima deve ser evitar compras por impulso e, acima de tudo, se manter vigilante para não comprometer o orçamento e cair na inadimplência ou no atraso do pagamento das contas”, alertou Roque Pellizzaro, presidente do SPC Brasil.

Metodologia

Público-alvo: homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas, e que realizaram compras pela internet nos últimos 12 meses. Método de coleta: pesquisa quantitativa realizada pela web e pós-ponderada por sexo, idade, estado e renda.

Tamanho amostral da Pesquisa: foram realizados 1.094 contatos em um primeiro levantamento para identificar o percentual de pessoas que compraram pela internet nos últimos 12 meses. Em seguida, continuaram a responder o questionário 800 casos, que fizeram alguma compra ao longo deste período. Resultando, respectivamente, uma margem de erro no geral de 2,96 p.p e 3,46 p.p para um nível de confiança de 95% para mais ou para menos. Data de coleta dos dados: realizada entre os dias 13 a 25 de junho de 2025.

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