Vivemos numa sociedade capitalista, e, como conseqüência disto, acabamos por nos definirmos pela nossa atividade profissional. Nossa identidade está diretamente relacionada com o trabalho e, em muitos casos, até mesmo com a empresa na qual trabalhamos. Observem como as pessoas se apresentam umas às outras: “Este é o Sr. Fulano. Ele é Analista Financeiro da empresa…”. Dificilmente alguém é apresentado através de outros atributos: “Este é o Sr. Cicrano, casado e morador do bairro tal…”.
Portanto, aquele que não está ativo profissionalmente, parece que fica sem identidade. No começo, motivado pela expectativa de novos desafios, o desempregado participa alegre e ativamente dos processos. Porém, se sua recolocação demora mais do que o esperado, ele começa a questionar o próprio valor, tornando sua auto-imagem cada dia mais comprometida.
Inconscientemente, nosso psiquismo tende a buscar sempre o equilíbrio, assim, diante destas circunstâncias, ele aciona mecanismos de defesa psicológica. É como se fosse um sistema automático de auto-defesa da mente.
Existem várias formas de manifestação deste mecanismo. Uma delas é assumir atitudes introspectivas e depressivas. Em outros casos, a pessoa torna-se arrogante, agressivo, e começa a culpar outros, instituições, selecionadores, empregadores, mercado de trabalho, situação política e econômica do país, ou qualquer um para quem possa direcionar seus sentimentos negativos.
Esta atitude também afeta as relações com familiares e amigos. Como as pessoas que o rodeiam não tem a clareza de que este comportamento pode ser uma defesa natural de seu psiquismo, acabam se afastando. É comum observarmos o desemprego levar ao divórcio, por exemplo. Outros, aqueles que já alimentam tais tendências, podem se deixar levar por vícios, como álcool e drogas.
Obviamente que esta postura negativa é perceptível ao potencial contratante, o que acaba por dificultar ainda mais a conquista de uma vaga. Enfim, o desempregado fica numa situação onde seu comportamento, além de ser gerado pelo desemprego, o mantém nesta condição.
O ideal seria que as pessoas que tem contato com desempregados, mantivessem a consciência de que aquela pessoa está passando por um momento muito delicado de sua vida, e manifestassem palavras positivas, de incentivo e empatia. Isto atinge o desempregado como uma lufada de brisa primaveril.
Mas nem sempre é o que acontece porque a família também sofre com o desemprego. Além das limitações financeiras, também tem que conviver com alguém que, devido às dificuldades que enfrenta, pode tornar-se depressivo, grosseiro ou, até mesmo, mais agressivo do que o habitual.
Profissionalmente, o potencial contratante, na hora de escolher um candidato, tende a preferir (às vezes até inconscientemente) aqueles que mantém uma atitude positiva. Pois ele imagina como seria trabalhar diariamente com esta pessoa. Afinal, quem de nós quer trabalhar com alguém que se comporta negativamente? É claro que, no momento, nem todos se lembram que esta atitude pode ser resultado do momento que a pessoa está vivendo, ou, como muitas vezes o processo é inconsciente, nem se dá conta de que rejeitou o candidato por conta disto.
É fundamental lembrar que não há regras absolutas quando se trata do ser humano. Alguns tem uma auto-estima positiva, ou um ego estruturado de tal forma que demoram para entrar neste processo descendente ou, até mesmo, nem se abalam com o desemprego.
É verdade me reconheci em suas palavras… estou fora do mercado algum tempo, está dificil uma recolocação… voltei a cursar Faculdade e ainda nada, as vezes fico agressiva acabo descontando em pessoas que não tem culpa, as vezes acho que estou em depressão não tenho vontade de nada.