Vale citar também que o autor se utiliza de uma série de citações de escritores, personagens e executivos famosos para embasar suas idéias. Segundo ele, a volta à moda de palavras como caráter, amor, oração e Deus endossam essa tendência do líder servidor. Entre boas e más notícias, ele define claramente os objetivos do livro e questiona a real vontade do leitor para encarar este desafio de servir.
Convencido de que o desenvolvimento da liderança e a construção do caráter são a mesma coisa, ele coloca três perguntas para a continuidade do processo. Se você está realmente empenhado na melhoria, se é capaz de receber qualquer feedback e se está disposto a assumir os riscos da mudança, você certamente continuará a leitura com prazer.
Na primeira metade do livro, o autor conta o seu início de carreira com consultor trabalhista em Detroit. A sua experiência na área foi marcada por exemplos negativos de líderes autoritários e sua dificuldade em expor as causas. Concluiu então que seria necessário tratar os sintomas e não dos problemas. E por aí seguiu seu caminho de pesquisa e conclusões sobre temas como liderança, autoridade, gereciamento de pessoal e o verdadeiro papel do chefe.
Assim como no primeiro livro, Hunter defende que ser um verdadeiro líder é uma tremenda responsabilidade. Uma habilidade que precisa ser desenvolvida pois representa o processo de influenciar pessoas. Liderança não é um sinônimo de gerência, mas sim de influência. E é também uma questão de caráter. Daí a importância do amor, gentileza e respeito no tratamento com os outros.
A partir do sexto capítulo, os temas abordados são mais filosóficos, mas apresentados com coerência e grande relevância para o assunto. A natureza humana, o desenvolvimento do caráter e as mudanças na sociedade são aspectos amplamente discutidos. O tipo de pessoa que nos tornamos depende apenas das nossas decisões e não das condições sociais. Segundo Aristóteles, “a virtude moral é uma consequência do hábito.”
Um grande destaque é o paralelo estabelecido entre a liderança servidora e os conceitos de Daniel Goleman, autor de “Inteligência Emocional.” Este é um tema amplo, que inclui habilidades interpessoais, motivação, trânsito social, autopercepção e muita empatia. Daí vem explicação da aceleração na busca da melhoria contínua nas empresas pela administração do conflito e da pressão.
No apêndice, o autor sugere uma lista de habilidades de liderança em formato de teste para colaboradores, pares e para uma auto-avaliação. Para quem quer aplicar os conceitos do livro e não sabe por onde começar, esta última parte é fundamental.
Como comentei antes, tive o privilégio de conhecer pesssoalmente e conversar bastante com “Jim” (como ele prefere ser chamado). Ele é um exemplo de tudo aquilo que prega. Gentil, paciente, sempre bem humorado e simpático com todos, ele demonstra ao vivo os conceitos sobre os quais escreve. Sem dúvida, uma pessoa especial, coerente com seus conceitos e princípios detalhados nos dois livros.
Estou certo que trilhará um caminho de sucesso. Afinal de contas, muitos ainda teimam em utilizar as antigas práticas de “autoridade” em pleno século XXI. Assim sendo, ainda faltam novas lições para velhos alunos. Essa é, sem dúvida, uma jogada de mestre.
“COMO SE TORNAR UM LÍDER SERVIDOR”
Os Princípios de Liderança de O Monge e o Executivo
James C. Hunter
Editora Sextante
136 páginas