em São Paulo, no charmoso prédio da Leica Gallery, onde funcionam algumas startups e, no momento, local das
mostras Cycle e Rock “N” Roll Suíte, de Julian Lennon, filho do Beatle John
Lennon, que faz no Brasil sua primeira exposição fotográfica. Na realidade,
duas mostras simultâneas: a Cycle apresenta
registros de suas viagens pelo sudeste asiático e a segunda registra fotos de
ícones da música.
Meu compromisso é com Tatiana Vecchi, CEO da Vá de Taxi, aplicativo para chamadas de transporte de passageiros. Ela apresenta
sua equipe composta de 27 colaboradores que trabalham num ambiente integrado: marketing, operações, finanças, TI, comercial e atendimento interagem o
tempo todo, compartilhando informações, acompanhando em tempo real o trânsito
das cidades e tomando decisões. Agilidade é o nome do jogo!
Tatiana é uma verdadeira Mulher de Negócios – sempre foi, desde sua
adolescência, quando aos 16 anos decidiu ser empreendedora. Nessa época, já
sonhava em gerir seu próprio negócio, talvez inspirada pela atuação de mulheres
fortes na família – a mãe Ana Vecchi sempre esteve ligada a gestão de negócios.
Hoje, aos 32 anos, Tatiana é CEO da Vá de
Taxi, aplicativo presente em quase 500 cidades do país, com uma frota de
90.000 táxis e que já transportou 1.000.000 de passageiros desde sua fusão com
a Vá de Taxi, aplicativo da Porto
Seguro, Taxi Já, do UOL e sua mais
recente aquisição, a mineira Way Taxi.
A Vá de Taxi é ágil no volante – em
dois anos, a empresa, já triplicou sua base de usuários, multiplicou por 20 o
volume de corridas e aumentou 10 vezes seu faturamento.
Após ter atuado na área de Marketing da Universal Pictures, gigante da área de entretenimento e tendo sido
responsável pela área de parcerias na EasyTaxi, Tatiana participou de uma
Especialização em Berkeley, na Califórnia, onde aprendeu conceitos fundamentais,
como contratar pessoas por seu perfil, não apenas por sua competência técnica, uma
estratégia que ajuda a capitanear uma equipe jovem e multidisciplinar. Outra lição aprendida foi implementar o OKR – Objective and Key Results, framework que engaja toda a empresa no
atingimento de metas trimestrais, transparentes e estruturadas, a partir de
objetivos mensuráveis e inter-relacionados para realizar metas macro.
A Vá de Taxi interage com públicos distintos: seus
investidores – a empresa tem o apoio da venture
builder Incube, e da Porto Seguro,
que oferece ao taxista e segurados descontos especiais para contratação de
seguros e manutenção do carro; clientes pessoa física, que podem fazer um
ranking de seus motoristas preferidos – que terão prioridade na chamada; e o mercado corporativo, novo filão da
empresa – um modelo que tem sido considerado atraente não só por pequenas,
médias ou empresas familiares, que necessitam de transportes eventuais, mas
querem manter um olho nos custos, mas também por grandes empresas como Natura,
Cinemark, Accor Hotels e Mondelez, dentre outras, que preferem a facilidade do
controle e visualização de custos a ter que encarar uma complexa burocracia, conseguindo
assim, uma economia de até 40%.
A Vá de Taxi se considera, com
orgulho, a melhor parceira do taxista. Sua operação tem objetivo de ser a
ferramenta que coloca motoristas e passageiros literalmente no mesmo carro, a
preços atraentes para os dois lados. Ela cobra do taxista a taxa de 8.5% quando
o pagamento é feito pelo aplicativo e oferece desconto de 20% a passageiros que
utilizam o cartão de crédito da Porto Seguro, além dos descontos de 10 à 40%
para todos os usuários do app, de acordo com o aceite dos motoristas. Taxistas
e passageiros são convidados a darem feedbacks e sugestões sobre atividades que
otimizam a operação e que são incorporadas às práticas da empresa regularmente.
Taxistas podem definir, por exemplo, as tarifas e descontos a serem cobrados e
o horário em que querem ser acionados – os descontos podem ser ativados e desativados
a qualquer momento.
Os passageiros declararam que voltariam a chamar o mesmo taxista se lhes
fosse oferecido um desconto especial. Isto foi feito e a resposta foi imediata
– as corridas se multiplicaram e os motoristas participam agora de uma animada competição
para se situarem entre os melhores do ranking. Os favoritos ganham mais
passageiros e os passageiros viajam com seus motoristas preferidos. Uma relação
win-win, onde todos ganham em escala,
economia e lucro.
Tatiana vê com otimismo a atuação conjunta entre homens e mulheres no
mercado de trabalho. Para ela, é importante que a mulher se pergunte se a
percepção de preconceito no mundo dos negócios não acontece às vezes pela sua
própria postura. “As mulheres precisam lembrar que provando suas conquistas,
mostrando sua capacidade e incrementando sua assertividade, mostram seu real
valor e ajudam a tornar o ambiente menos competitivo e mais produtivo e
saudável”. Para ela, não existe a dicotomia homem-mulher, todos são
profissionais e devem estar igualmente alinhados com os objetivos do negócio.
Única mulher da turma de 30 alunos no curso de Berkeley, aprendeu nas
primeiras aulas, que a diferença entre homens e mulheres no campo profissional
existe muito mais na maneira de se comunicar do que em qualquer outro aspecto: mulheres
talvez tendem a falar mais para comunicar a mesma mensagem – característica muito
útil em algumas carreiras e são mais introspectivas diante de grandes plateias,
mesmo quando apresentam ideias geniais e inovadoras. Felizmente, as jovens profissionais
já perceberam que o mercado já enxerga primeiro a profissional – e depois o
gênero.
Para Tatiana, a explicação é simples: estamos passando por um momento
ímpar, uma transição incrível – os papéis se expandiram. A mulher não é mais a
única responsável pelo lar, agenda escolar, saúde da família, orçamento
doméstico, atividades nas quais os sentimentos, afeto, habilidade de ser
multitarefa eram o elementos-chave da equação. Esta mulher migrou para um
ambiente onde a lógica, resultados, decisões estratégicas agora são parte de
seu universo e estão se adaptando com incrível rapidez, mas muitas não abriram
mão de suas responsabilidades na casa, então a dupla ou tripla jornada pode
cobrar o custo na dedicação à carreira. Nada que uma boa conversa com a empresa
não resolva. A empresa deve prover o espaço para a mulher, mas também criar
políticas que permitam seu crescimento na jornada corporativa”.
É acreditando nas oportunidades justas na carreira que ela encara os
desafios de ter passado de Head de Marketing para CEO da empresa no período de
um ano. Um dos maiores desafios foi deixar de ser peer dos colegas, para ser a chefe. “É uma grande responsabilidade
e um constante aprendizado. Gosto que pensem, tomem decisões, usem o bom senso
e a criatividade. Ajudo quando precisam, tomo as decisões que eles não podem
tomar, mas lembro que os resultados dependem de todos. Todos devem ser líderes
em suas funções, afinal a equipe é reflexo da liderança. Isto agiliza os
processos e faz com que todos se engajem para que os objetivos de negócio sejam
atingidos. A empresa somos nós – um mantra que faço questão de lembrar o tempo
todo”.