“Nós, mulheres, devemos ser agentes de transformação da sociedade. Precisamos ampliar nossa participação na economia, na política e fazer a diferença no Brasil” – Luiza Helena Trajano, Magazine Luiza
O que empresas como Coca-Cola, Johnson
& Johnson, Schneider Electric, EY, Sabin, Magazine Luiza, Takeda, Shell,
Atento, AC Camargo, Zurich Santander, Ticket e AES Eletropaulo têm em
comum? Muito e também fazem parte da lista das melhores empresas do Guia
EXAME de Mulheres na Liderança. De acordo com levantamento feito por especialistas do Grupo de Pesquisa em Direito,Gênero e Identidade da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, estas empresas criaram iniciativas, comitês, processos, estratégias, políticas e recomendações práticas que valorizam a presença das mulheres na gestão da empresa. As empresas perceberam que ter mulheres em cargos executivos é mais do que seguir uma trending topic, é criar ações que colocam em evidência o respeito e igualdade por profissionais que fazem o mesmo trabalho, com o mesmo conhecimento. Basicamente, possuem políticas para remunerar atividades iguais com o mesmo salário.
Pesquisas indicam que mulheres têm limitado acesso ao topo do organograma ainda que representem 60% dos brasileiros que terminam o curso superior, portanto têm mais qualificação acadêmica, são maioria no país – existem 4 milhões a mais de mulheres na população – e se usarmos o exemplo de consumo da Coca-Cola, compram mais: sete em cada dez refrigerantes no mundo são vendidos para elas! A Coca-Cola, bem como as empresas citadas acima, têm colocado em prática diversas iniciativas para o empoderamento feminino.
As mulheres têm muito poder: são responsáveis pelas decisões em 61% dos lares, têm decisão de compra no segmento de cuidados pessoais (86% dos domicílios), nos produtos para casa (83%) e alimentos (82%). Aparecem como as principais tomadoras de decisão em recreação e entretenimento (50%), viagens (47%) e eletrônicos (47%). Se a participação é tão relevante nas decisões de consumo, o que acontece com esta mulher ao chegar no ambiente de trabalho? Onde está todo este poder?
No Brasil, a desigualdade é colossal: na maioria das empresas, apenas 16% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, de acordo com estudo da Korn & Ferry. O Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2017 do Fórum Econômico Mundial acaba de informar que o Brasil caiu 11 posições em um ano. É um cenário desolador. Por que? Faltam políticas: muitas empresas não têm um processo de mentoria, avaliação de desempenho, comitês para discutir diversidade e discrepâncias nas questões salariais ou mesmo políticas para a contratação de funcionários. Faltam, por exemplo, oportunidades de vivência entre profissionais mais seniores e as jovens que entram agora no mercado de trabalho. Em quem estas jovens vão se espelhar? Quem serão seus ícones?
O jornal britânico The Guardian publicou em sua edição online de 26 de outubro que o gap salarial entre homens e mulheres no Reino Unido chegou a seu menor nível em 20 anos uma diferença de 9.1% comparada a 17.4% em 1997, quando os índices começaram a ser analisados. No Brasil, esta diferença pode chegar a 50%, dependendo da carreira ou segmento. Segundo o estudo do Fórum Econômico Mundial, a renda média mensal de uma mulher equivale a 79% do que um homem ganha.
De qualquer forma, as discussões vêm tomando corpo. O assunto já é pauta de vários fóruns e eventos. Cada vez mais as empresas percebem que apesar das heranças culturais esociais, existe uma demanda da sociedade por empresas justas, modernas e inovadoras que abracem esta causa: administrar o gender pay gap – a disparidade salarial entre homens e mulheres – deveria ser parte da cultura da empresa. Não é uma revolução que acontecerá da noite para o dia, infelizmente, mas o assunto está nos holofotes e os resultados – ainda que a longo prazo – virão. Assim esperamos!