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Acordando para a vida

Autor: Edilson Menezes
O executivo estava cansado. Naquela sexta-feira, decidiu que não trabalharia. Ajustou o despertador para que tocasse às 9h. Porém, foi acordado antes disso.
– Levante-se. Dê um telefonema para sua filha que foi morar tão longe a fim de estudar e ter um futuro. Ela está com saudade!
– Ainda é muito cedo. Vou ficar um pouco mais na cama.
– Mas o sol já brilha e milhares de pessoas saíram em busca de seus caminhos. Até a sua filha está prestes a sair.
Sem abrir os olhos, ele entabulou a melhor resposta amarga que conseguiu.
– Milhares de pessoas podem fazer o que quiserem de suas vidas. Hoje eu quero dormir. Posso, por favor?
– Se você acordar mais tarde, o sol estará muito forte para o cachorro que precisa passear. Faz semanas que não o leva para sair e sua filha é apaixonada por este cachorro. Já imaginou como será, quando as férias dela permitirem, se o seu amiguinho de quatro patas não estiver bem?
– No dia que o cachorro vier pessoalmente me cobrar, eu levo ele para passear. Até lá, posso dormir?
Sem maiores possibilidades, o jeito foi aplicar o tratamento de choque com a voz mais grave, imponente e urgente.
– Se a sua filha escolher o mesmo caminho de sempre, será assassinada a caminho da faculdade por uma bala perdida, dentro de 30 minutos!
Ele saltou da cama. Varreu o quarto com os olhos a procurar pela esposa. Não havia ninguém ali. Caminhou até a cozinha e a encontrou fazendo café.
– Esposa, por que você insistiu tanto em me tirar da cama e que história é esta de me assustar dizendo que nossa filha será…
Ele nem conseguia concluir a frase. Indignado, escutou da esposa:
– Talvez você estivesse sonhando. Eu saí da cama muito cedo. Nesta manhã, estou falando com você pela primeira vez agora!
Um alarme foi disparado dentro dele. Correu para o telefone e ligou para o celular da filha, que morava a 600Km dali, nos arredores da faculdade que ela escolhera. Após muitos toques, caiu na caixa postal. Discou novamente. No sétimo toque, a filha atendeu.
– Filha, filha, você está bem?
– Oi, papai. Estou com saudade. Desculpe não ter atendido antes. Estava saindo do banho. Tenho aula dentro de 30 minutos e já estou atrasada.
30 minutos. Onde foi que tinha escutado algo sobre 30 minutos? Lembrou-se. Em seu quarto. Quem estava falando com ele disse que a filha seria assassinada dentro de 30 minutos.
Foi categórico:
– Escute, filha: acordei com um péssimo pressentimento. Você poderia faltar hoje?
– Eu tenho prova, papai.
– Então faça outro caminho até a faculdade. Pode ser?
A filha pensou por um instante antes de responder. Estava atrasada, mas percebeu o tom de aflição do pai.
– Bom, será um caminho mais longo e talvez me atrase, mas se te deixa tranquilo, faço isso por você!
Conversaram um pouco mais sobre banalidades e se despediram. A esposa, que escutava a conversa, quis saber o que aconteceu.
– Não sei. Um sonho, acho. Vou te contar em detalhes!
E contou para a esposa a conversa que até ali supunha ter tido com ela, enquanto estava deitado. Mais tarde, enquanto jantavam, a televisão noticiava.

O tiroteio entre os bandidos que tentavam saquear o caixa eletrônico e a polícia durou cerca de 5 minutos. Por sorte, ninguém ficou ferido. Embora a rua seja uma conhecida via de acesso dos universitários, no instante do tiroteio, felizmente, não havia ninguém por lá.
Com os olhos arregalados, o marido cutucava a esposa para que olhasse a reportagem.
O anjo, que não era visto pelo casal, sorriu com ternura e partiu. No dia seguinte outro tiroteio aconteceria e tinha 75 casas para visitar; 75 pais que deveriam ser convencidos a pedir que o filho mudasse de caminho.
O anjo sabia que talvez não conseguisse persuadir e salvar a todos, mas sua natureza era tentar.
Todos os dias, treva e luz se encontram para uma luta eternamente travada.
O serviço da maldade está disponível e ativo durante 24 horas por dia, 7 dias por semana. O outro lado, portanto, não pode parar.
Anjos provavelmente são recrutados conforme sua destacada eficiência em dedicação. São treinados para persuadir e proteger. Nenhum deles têm o direito de duvidar do próprio êxito nas missões. Perdendo ou ganhando, os anjos entram em combate com sede de vitória.
Como seria a nossa vida se lutássemos cada batalha com o mesmo vigor dos anjos?
E como seria a nossa vida se conseguíssemos escutar a porção angelical pulsante dentro de nós, representada por aquela mesma voz que insistimos em chamar de instinto?
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes. ([email protected])

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