Annette Rippert, líder de Strategy & Consulting na Accenture

A resposta às disrupções

Novo estudo divulgado pela Accenture indica que enquanto 88% das empresas finalmente enxergam com clareza os desafios a serem enfrentados hoje, apenas 6% conhecem suas habilidades a fundo para prever e responder às disrupções futuras. Nesse sentido, o estudo Business Futures 2021 tem como objetivo ajudar os líderes a entenderem a nova realidade, ao identificar os sinais de mudança que estão remodelando as organizações hoje, que serão extremamente importantes para que possam compreender e conduzir o sucesso atual e futuro.

“O prazo reduzido para ação diante da disrupção do ano passado levou a um maior senso de urgência, bem como a oportunidade para as organizações aumentarem sua agilidade, explorarem novos modelos de negócios e construírem novos recursos que ampliem a resiliência”, explica Annette Rippert, líder de Strategy & Consulting na Accenture. “Os dados do estudo Business Futures servem como um radar essencial para ajudar os líderes a navegarem pelos sinais de mudança nos negócios com confiança, não apenas para visualizar, mas, também, para aproveitar melhor seu futuro.”

As tendências de longa data, como o aumento da importância das experiências, maior adoção da nuvem e mudanças nos padrões de compra foram interrompidas, aceleradas ou revertidas devido à pandemia. Ao mesmo tempo, novos modelos de negócios e de supply chain foram estabelecidos em dias, ao invés de meses, e a promessa de novos avanços científicos enfaticamente realizados em meses, e não em anos. Depois de mais de um ano de turbulência, vemos o surgimento de um ambiente de negócios maduro para a reinvenção combinado às profundas mudanças estruturais dos últimos meses e um forte desejo por um olhar mais atento ao futuro, a fim de mapear de forma mais precisa a trajetória e o impacto das mudanças.

Seis sinais para quem quer se preparar para o futuro dos negócios
Começando com uma lista extensa de 400 tendências de crowdsourcing, a Accenture se juntou a consultores externos, acadêmicos e pesquisadores para reduzir a lista a 25 sinais de mudança nos negócios. Embora todos os 25 sinais tenham mostrado amadurecimento e impactos mais significativos nas organizações nos próximos três anos, seis sinais se destacaram como essenciais para o sucesso futuro das organizações, apresentando oportunidades e incentivos para que os líderes adotem a mudança e encontrem novas maneiras de crescer, começando hoje:

1) Aprenda com o futuro – Enxergar a mudança antes que aconteça
À medida que as organizações repensam suas formas de fazer negócios a fim de gerar crescimento, focar em dados históricos para advertir o futuro foi desafiado. Para tomar decisões mais rapidamente, muitas organizações utilizam novos conjuntos de dados e análises e inteligência artificial para identificar, responder e direcionar as mudanças de mercado e de consumo. O relatório constata que 77% das organizações aumentaram o uso de fontes internas e externas de dados em tempo real nos últimos 12 meses, mas apenas 38% relataram que as pessoas em toda a organização usam dados em tempo real e de forma consistente em suas rotinas de trabalho. Além disso, apenas 36% dos negócios têm um membro do C-suite responsável por esses esforços, enquanto apenas 43% encontram em suas equipes as habilidades necessárias para realizá-los.

2) Rumo à borda – Descentralizando a tomada de decisão
A crise global causou a fragmentação dos mercados e vimos o surgimento de regiões distintas com seus próprios sistemas de governança, modelos econômicos e normas culturais. Ao mesmo tempo, o comportamento dos consumidores vem mudando rapidamente, com diversos novos players para atender suas necessidades. E a resposta das empresas é empurrar o poder de tomada de decisão para as pessoas na margem das organizações, criando uma estrutura em rede capaz de agir de forma veloz e ágil. No momento em que as empresas deixam que suas “bordas” tomem a maior parte das decisões operacionais do dia a dia, suas sedes ficam livres para focar em decisões mais estratégicas. O levantamento também mostra que 91% das organizações estão dispostas e são capazes de operar cada vez mais como se fossem uma ampla federação de empresas para responder a ambientes de negócios cada vez mais fragmentados, enquanto 58% afirmam que seu modelo de negócios irá mudar ao longo do próximo ano.

3) Propósito construído – De foco no propósito para operação com propósito
As organizações reconhecem a necessidade de ter um propósito que beneficie seus stakeholders como um todo, mas existe uma lacuna crescente entre as intenções e os resultados. O paradoxo do propósito deixa claro os desafios enfrentados na construção da sustentabilidade em estruturar suas operações e no cumprimento dos compromissos assumidos para o benefício de todas as partes interessadas. De acordo com o estudo, 28% dos executivos afirmam não estar comprometidos diretamente com a entrega de valor a todos os stakeholders. Já para 48% das organizações, uma das maiores barreiras é encontrar o equilíbrio nos interesses comerciais. Todavia, há sinais de que a maré está começando a mudar, com as metas de sustentabilidade ganhando importância crescente em relação aos resultados. Apenas 24% dos líderes consideram reduzir seus investimentos nas iniciativas ambientais, sociais e de governança (ESG) em prol de oportunidades de ganhos.

4) Suprimento ilimitado – Rompendo as barreiras físicas da satisfação
Com a pandemia global, as organizações tiveram que tomar medidas drásticas para manter seus produtos em movimento, colocando as cadeias de suprimentos à prova como nunca. Para atender às crescentes expectativas dos clientes quanto ao atendimento de pedidos rápido, flexível, econômico, responsável e sustentável, as organizações estão quebrando os limites físicos de suas cadeias de suprimentos e movendo a produção para o ponto de demanda. De acordo com o estudo, 92% das organizações aumentaram ou planejam incrementar o uso de centros de micro-atendimento, enquanto 96% das organizações têm ou planejam criar cadeias de abastecimento regionais. Aqui o alinhamento em relação ao valor para os stakeholders também ganha importância, com 80% das empresas afirmando que as expectativas de seus clientes em relação à sustentabilidade aumentaram significativamente ao longo dos últimos 12 meses.

5) Virtualidades reais – Redefinindo nosso senso de realidade e espaço
À medida que os ambientes virtuais amadurecem, os mundos físico e virtual estão confundindo e redefinindo nosso senso de realidade e lugar, ao mesmo tempo que criam novas formas de as pessoas viverem, trabalharem, consumirem e socializarem. Depois de um ano de interação física limitada, as empresas estão aumentando suas apostas no virtual, com 88% das organizações aportando capital em tecnologias para a criação de ambientes virtuais e entre essas, 91% planejam aumentar ainda mais seus investimentos. Embora a tecnologia de realidade virtual (VR) disponível atualmente envolva principalmente nossos sentidos de visão e audição, com o tempo ela se tornará cada vez mais realista, atingindo todos os sentidos e criando uma conexão maior com o mundo físico.

6) O novo método científico – Cada empresa será uma empresa científica
Com a pandemia, a inovação científica ganhou mais destaque, ficando no topo da lista de prioridades das empresas. Enquanto na última década as empresas se tornaram digitais, ao longo dos próximos anos todas terão que se tornar científicas – e aplicar a ciência para enfrentar os desafios fundamentais do mundo. Trabalhar na convergência das novas fronteiras da ciência trará possibilidades radicais, mas apenas para as organizações capazes de aprimorar a forma de lidar com a inovação. Por fim, o estudo constatou que 83% das organizações concordam que abordar a inovação de forma científica é uma garantia adicional de sucesso e apenas 82% afirmam que investir em ciências além das fronteiras tradicionais de seus setores será decisivo para o sucesso.

“Se ano passado as organizações foram obrigadas a se adaptar à transformação comprimida, hoje existe um forte consenso de que elas devem mudar suas estratégias de forma proativa, repensar suas trajetórias e trazer seus funcionários para perto, a fim de se adaptarem a este novo cenário e garantir o crescimento futuro”, conclui Rippert.

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