Estudo do Itaú Unibanco e da Rede traz tendências e fechamento dos gastos dos brasileiros no ano passado; além de transações com cartões e passa a incorporar compras feitas com Pix
A busca pela sustentabilidade, gastos com equipamentos para produção de energia solar, captação e reutilização de água da chuva e gás natural estiveram em alta entre os brasileiros no último trimestre de 2022, como tendências no consumo dos brasileiros, como reflexo da busca por fontes de energia mais baratas e limpas. Estes são alguns dos insights da “Análise do Comportamento de Consumo”, relatório que traz um panorama dos gastos trimestrais dos brasileiros — uma análise feita com base nas compras realizadas com cartões do Itaú Unibanco nas vendas realizadas nos sistemas da Rede, empresa de meios de pagamentos do banco, e que a partir desta edição também inclui as compras feitas com Pix.
Os dados compreendem as transações realizadas no 4º trimestre de 2022, na comparação com igual período de 2021, além de uma retrospectiva de todo o ano. Além disso, o investimento em uma vida mais fitness, as despesas com turismo — com os efeitos da realização da Copa do Mundo no Qatar — e o crescimento das apostas e loterias impactou o comportamento de consumo no período. E como forma de pagamento, o Pix e modalidades digitais dos cartões seguem ganhando espaço, se consolidando na preferência dos consumidores, especialmente os mais jovens.
Tendências e destaques
Alguns segmentos que se destacaram nos últimos três meses do ano apontam tendências para 2023. Entre eles, a sustentabilidade — um tema já muito abordado passou a ter impacto no consumo — seja pela disponibilidade de novas tecnologias mais acessíveis, quanto pelo impacto da consciência ambiental. No período, os gastos com energia solar cresceram 173%, com um aumento de 95% na quantidade de transações. O consumo de recursos para captação e reutilização de água da chuva subiu 290% (com +80% na quantidade de operações); e no caso do gás natural, o salto foi de 255% no valor transacionado e 234% no número de transações.
A aposta no projeto verão esteve em alta, com os cuidados com o corpo e a vida fitness influenciando os gastos das pessoas. O pagamento com Pix foi destaque em alguns segmentos: as transações com a modalidade em academias, lojas de suplementos e crossfit registraram alta de 104%, 40%, e 18%, respectivamente (com aumento de 88%, 46% e 3% no faturamento). No caso dos suplementos, o ticket médio foi de R＄ 248. Já quando se observa o pagamento com cartões, o destaque neste segmento são os artigos esportivos, com incremento de 151% na quantidade de operações e de 83% no valor transacionado — e ticket médio de R＄ 348.
O turismo também teve relevância no período, o que é natural no fim do ano, com as férias escolares — visitas a praias e parques aquáticos são algumas das preferências. Após trimestres seguidos de altas consideráveis na retomada do segmento com o fim das restrições causadas pela pandemia, o setor parece caminhar para um movimento mais estável e um novo padrão de consumo. No 4º tri de 2022, houve aumento de 37% na quantidade transacionada no segmento, e de 22% nas receitas.
Os estados de Goiás, Maranhão e Minas Gerais tiveram os maiores aumentos no volume de transações ligadas ao turismo, de 36%, 34% e 29%, respectivamente. Considerando todo o país, os ramos com os maiores crescimentos no volume de operações foram hotéis (+82%), aluguel de automóveis (+70%), lojas de aeroportos (+59%), agências de turismo (+57%) e companhias aéreas (+45%).
O turismo — e seu recorte internacional — se manteve em alta em todo o ano, o que se refletiu no fechamento de 2022. O setor como um todo, considerando os âmbitos nacional e internacional, teve aumento de 95% no valor transacionado e de 55% na quantidade de transações (considerando o ano inteiro de 2022 na comparação com 2021. Considerando apenas os gastos relacionados ao setor fora do país, o aumento foi de 253% no total gasto e de 268% nas operações.
Outro segmento que passa por uma readequação no consumo é o de cuidados com os pets. Os gastos com creches e hotéis para animais de estimação — mais demandados com as pessoas fora de casa — tiveram evolução de 61% no faturamento, e de 42% na quantidade transacionada. Os estados que puxam essa alta no valor transacionado são Bahia (+169%), Rio Grande do Sul (+156%) e Minas Gerais (+133%). Em São Paulo, o ramo caiu 16% no período.
E alguns setores que se destacaram nos três primeiros trimestres de 2022 finalizaram o ano confirmando a tendência de alta no consumo. É o caso de teatros, que se sobressaiu no primeiro trimestre, e fechou o ano com alta de 139% na quantidade de transações e 209% no valor transacionado (na comparação considerando todo o ano de 2022 com 2021). O mesmo aconteceu em Cultura, Esporte e Lazer — que teve alta de 64% no valor gasto em 2022, e de 41% no número de operações.
Vai pagar como?
O Pix segue em ascensão entre os meios de pagamento, com aumento consistente trimestre a trimestre no total transacionado pelos clientes do Itaú. A modalidade teve um salto de 151% na quantidade de operações realizadas no quarto trimestre de 2022, ante o mesmo período de 2021, e de 83% no valor transacionado — considerando os Pix realizados por clientes pessoa física (CPF) para contas de pessoa jurídica (CNPJ). Os estabelecimentos com os maiores crescimentos em quantidade de transações foram as loterias e apostas (+2254%) e exposições e festas (+697%). A evolução é considerável não apenas na comparação com o ano passado, mas também com o trimestre anterior (3º tri de 2022): aumento de 30% no valor e de 23% nas operações.
Os pagamentos por aproximação também seguem em uma curva ascendente. O volume de compras realizadas com a tecnologia Aproxime e Pague (ou NFC, do inglês Near Field Communication), considerando cartões de crédito e carteiras digitais, teve alta de 125% – e de 119% no valor transacionado. Entre os estabelecimentos nos quais esse recurso é mais utilizado estão os supermercados (representando 16% do share total), seguidos por fastfoods (9%), restaurantes (8%), lojas de conveniências (8%) e postos de combustíveis (7%).
Examinando o uso do cartão virtual, que oferece uma camada adicional de segurança nas transações feitas pela internet, também há um avanço no espaço: ele já representa 21% das compras com cartões Itaú realizadas online — em 2021, esse número era de 13%. No 4º trimestre, ele subiu 126% na quantidade de operações e 86% no valor transacionado (na comparação com mesmo período de 2021). As gerações Y (23 a 41 anos), e X (42 a 57 anos) são as que mais utilizam a funcionalidade, com share de 51% e 27%, respectivamente. Os zennials (12 a 22 anos), correspondem a 14% das transações, e os babyboomers (acima de 58 anos), a 9%.
No 4º trimestre de 2022, 51% das compras realizadas com cartões de crédito foram parceladas, e 49% à vista. Nas aquisições em uma única vez, o valor transacionado teve ampliação de 19%, e de 13% na quantidade de operações, com ticket médio de R＄ 96,14. Já em parcelas, o aumento do valor transacionado foi de 13%, enquanto o volume de operações foi de 4%, com ticket médio de R＄ 559,90.
Performance geral do varejo
O valor transacionado no varejo no quarto trimestre de 2022 teve aumento de 19%, na comparação com o mesmo período de 2021. Já a quantidade de transações no intervalo analisado foi 15% maior do que as realizadas no mesmo ciclo de 2021. Os números consideram transações realizadas com cartões de crédito e débito (com cartões Itaú e nas maquininhas da Rede) e Pix (de clientes Itaú para CNPJ). Considerando todos os meses de 2022, na comparação com o ano anterior, houve evolução de 21% no número de transações realizadas, e aumento de 26% no valor transacionado.
Entre as modalidades de pagamento mais utilizadas no 4º trimestre, considerando o valor transacionado, o Pix tem salto de 83%, enquanto o crédito teve aumento de 16% e o débito, de 6%. Já quando se observa o share, o crédito mantém a liderança, com 58%; o Pix representa 23% e o débito, 18%.
As compras no varejo físico representaram 66% do volume em faturamento no 4º trimestre de 2022, enquanto o online ficou com 34%. Vale ressaltar que o crescimento do online tem sido consistente: no 1º trimestre de 2020, início do período pandêmico, a proporção era de 83% no físico e 17% no online. No ambiente físico, os gastos no período aumentaram 10% em comparação ao 4º tri de 2021, e no online, 41%.
No intervalo estudado, alguns segmentos se destacam: as loterias e sites de apostas tiveram uma expansão de 699% na quantidade transacionada, e de 142% no valor transacionado. O Pix foi a forma de pagamento mais utilizada, ganhando bastante espaço em relação às outras modalidades: o salto foi de 2254%, enquanto o crédito e débito tiveram queda, de 87% e 47%, respectivamente.
Os bares e choperias também registraram movimento semelhante, com avanço no Pix como preferência de pagamento. O setor no total teve alta de 17% no faturamento e de 14% na quantidade de operações. Considerando apenas pagamentos com Pix, o aumento foi de 172% no número de transações. No segmento, entretanto, os cartões ainda lideram: o débito tem um share de 57%, o crédito de 35% e o Pix, de 8%. Vale destacar que no caso dos cartões de crédito o uso da modalidade de aproximação tem avanço relevante: +123% na quantidade de operações, alcançando já 40% de todos os pagamentos em estabelecimentos do tipo.
Já um setor que teve queda foi o de postos de combustíveis, com -9% no valor transacionado, e -8% no número de operações. Entretanto, mais uma vez se observa uma mudança de comportamento do consumidor com o uso do Pix, que teve alta de 304% no volume de operações e ticket médio de R＄ 213. As compras com débito no segmento caíram 11%, e as com cartão de crédito tiveram queda de 9%. Em ambas, o ticket médio é mais baixo, de R＄ 77 e R＄ 106 respectivamente.
Datas e eventos especiais
O quarto trimestre foi o período em que ocorreram de fato os jogos da Copa do Mundo no Qatar, o que consolidou o aumento do consumo no destino. A quantidade de transações aumentou mais de 300%, e o valor transacionado 34%. Os estabelecimentos com mais gastos dos brasileiros na localidade, em share, foram os fastfoods (+26%), restaurantes (10%), e hotéis (7%). No intervalo analisado, o país foi o 25º com mais transações de brasileiros no exterior, subindo 19 posições no ranking.
E o recorte das compras realizadas na semana do Natal (considerando o intervalo de 19 a 25 de dezembro de 2022, ante igual período de 2021) traz insights relevantes sobre o comportamento do consumidor. O volume de operações subiu 23%, sendo que a opção de pagamento mais utilizada foi o Pix, que cresceu 142% – as compras no cartão de crédito subiram 8%, e no débito, houve queda de 4%. Já o faturamento total teve elevação de 15%. Na temporada, os setores com os quais os consumidores mais transacionaram com o Pix foram as loterias e apostas (+2585%) e exposições e festas (+587%).
