Está previsto enorme potencial de crescimento impulsionado pela IA, criando ecossistemas de inovação que integram tecnologia, formação de mão de obra qualificada e políticas públicas favoráveis
Autor: Alejandro Rico
O Brasil tem vivenciado uma revolução silenciosa, mas profundamente impactante, no ambiente empresarial. Se antes a inteligência artificial era vista como uma tecnologia futurista ou uma temida substituição do fator humano, agora ela é tida como uma realidade tangível e essencial para a maioria das organizações.
O impacto positivo da IA no desempenho empresarial é inegável. De acordo com um levantamento da HubSpot, no Brasil, 95,9% das empresas reconheceram que a IA proporcionou uma vantagem competitiva, enquanto 99,6% relataram melhorias significativas em produtividade e eficiência. Esses números refletem como a automação de processos repetitivos, a personalização do atendimento e os insights mais precisos têm transformado a maneira como as empresas operam.
Um exemplo claro é o uso de ferramentas como o ChatGPT, adotado por 81% das equipes de vendas brasileiras em 2024, e o Microsoft Copilot, utilizado por 65,9%. Essas tecnologias não apenas otimizam processos internos, mas também permitem um atendimento mais eficiente e personalizado ao perfil de cada cliente, o que pode ser um diferencial estratégico. Além disso, a integração com plataformas de CRM, como a HubSpot Breeze e o Salesforce Einstein, tem facilitado o acesso a dados mais apurados, que auxiliam na tomada de decisões de negócios.
Outro ponto de destaque é o otimismo das empresas quanto ao futuro. Em 2024, 87,8% das organizações declararam confiança em atingir seus objetivos organizacionais, e 91,4% relataram aumento de vendas em relação ao ano anterior (2023). Esses indicadores mostram um ambiente empresarial resiliente, mesmo diante de desafios como aumento de custos e incertezas econômicas.
Para 2025, as expectativas são ainda mais promissoras: 98% dos times de vendas planejam continuar usando ou expandir o uso da IA, enquanto 87,8% das empresas pretendem aumentar suas metas de vendas. Essa tendência é corroborada pelo aumento no orçamento de marketing planejado por 79% das organizações, evidenciando a confiança em estratégias baseadas em dados e tecnologia.
É evidente que a adoção de IA deve continuar se intensificando e tomando novas formas nos próximos anos. Mas neste contexto, acredito que o foco estará centralizado em três principais áreas.
A primeira é a automação avançada, que permitirá que as equipes se concentrem em atividades mais estratégicas e criativas, sem perder tempo com tarefas repetitivas. A segunda é o cliente, pois empresas terão uma larga vantagem com a ajuda de IA para oferecer experiências cada vez mais personalizadas e, consequentemente, aumentando a satisfação e a fidelização de seus públicos. E, por fim, a terceira,relacionada à ferramentas de IA integradas a CRMs e outras plataformas, para aprimorar a capacidade das empresas de prever tendências de mercado e tomar decisões mais assertivas e baseadas em dados.
Embora os benefícios sejam evidentes, os desafios também merecem atenção. Como exemplo, cito o Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos no Brasil (CIRT), do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que registrou mais de 906 vazamentos de dados em 2023. Em 2024, este número aumentou para 4 mil, tornando-se um dos incidentes cibernéticos mais relevantes do ano.
Além dos riscos relacionados ao vazamento de dados, existe uma preocupação evidente das empresas sobre a dependência excessiva desta tecnologia e o uso inadequado de dados de treinamento, que pode levar a decisões enviesadas. Para mitigar esses riscos, compreendo que seja essencial em governança de dados, cibersegurança e, principalmente, na capacitação de suas equipes para um uso responsável da tecnologia. No Brasil, um Projeto de Lei (2.338/2023) que segue em análise pela Câmara dos Deputados busca garantir segurança jurídica e ética no uso da tecnologia.
De maneira geral, o cenário empresarial brasileiro para os próximos anos apresenta um enorme potencial de crescimento impulsionado pela inteligência artificial, criando ecossistemas de inovação que integrem tecnologia, formação de mão de obra qualificada e políticas públicas favoráveis. Porém, é necessário urgência na aprendizagem e implementação, para navegar com segurança as flutuações que a tecnologia vai impor.
O futuro está aqui e o Brasil avança a largos passos nesta direção, olhando para a segurança, privacidade e proteção de dados, com as empresas brasileiras cada vez mais aptas a experimentar, direcionar e utilizar novas tecnologias em seu dia a dia. Explorar essas oportunidades é essencial para se preparar para os desafios associados a essa revolução tecnológica.
Alejandro Rico é diretor comercial da HubSpot Brasil.