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Jaakko Tammela, diretor de design e CX da Dasa

Design na saúde: mais engajamento e melhor experiência para todos

Além de favorecer a sociedade em todos os setores, empresas com maturidade na utilização do design elevam a performance na bolsa de valores e os retornos para acionistas

Autor: Jaakko Tammela 

Como designer, o que mais me motiva é criar soluções que facilitem a vida das pessoas. Enquanto o senso comum enxerga o profissional da área como um criativo, que desenha objetos priorizando apenas estética, o designer, na verdade, é um observador atento do comportamento humano. Ele é responsável por desenvolver ou remodelar negócios e conceitos de produtos e serviços que simplifiquem o dia a dia das pessoas, com o propósito de tornar o mundo mais prático e fluído. E, com mais de 20 anos de carreira na área, posso afirmar que jamais pude cumprir esse propósito de forma mais completa como agora, no setor da saúde.

Stacey Chang, fundador do Design Institute of Health, no artigo “Health Care – a Final Frontier for Design”*, explica como a saúde é a fronteira final para que os profissionais de design possam, de fato, fazer a diferença na vida das pessoas e contribuir para o engajamento com o cuidado. E é esse objetivo que tenho em mente em todas as soluções que cocrio com o meu time de Design e CX.

Esse casamento de design e saúde não é novo, mas ganhou mais holofotes nos últimos anos. Posso citar diversos cases que me inspiram há anos, como a parceria entre a IDEO, renomada empresa de inovação e design norte-americana, e a Mayo Clinic, companhia de serviços médicos e hospitalares do sul e meio-oeste dos Estados Unidos. As duas se uniram para redesenhar produtos hospitalares e de bem-estar para a melhor idade, com a participação ativa dos pacientes, através de sistemas de votação. 

Outro exemplo, desta vez brasileiro, é o apoio que a consultoria de inovação Tellus dá ao SUS. Um dos projetos emblemáticos é a Escola de Mães, que utilizou o design para criar um ambiente acolhedor e afetivo, além de um aplicativo, que conseguiu engajar gestantes no pré-natal e diminuiu a mortalidade infantil em Santos (SP).

Hoje, faço parte de um time que desenha todos os fluxos, jornadas e processos físico-digitais de hospitais, unidades de medicina diagnóstica e produtos digitais, com o objetivo de facilitar o cuidado com a saúde. Assim, abandonamos o modelo fee for service (pagamento por serviço) do setor, que tem foco em cuidar da doença para adotar a prática value-based, orientada a manter o paciente saudável e aumentar a sustentabilidade de toda a cadeia.  

Em 2021, fizemos uma vasta pesquisa* e identificamos que a maioria dos usuários de saúde de quatro grandes metrópoles brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador) tem o perfil que chamamos de “malabarista”:  aquele que sempre deixa para depois o cuidado com a saúde. Por isso, simplificar era chave para ajudá-lo.  A solução desenhada foi uma plataforma digital que reúne exames e históricos médicos e facilita a leitura de laudos, com linguagem acessível. Esse é um exemplo de como só ouvindo o nosso público encontramos o caminho mais eficaz para sanar dores e criar um design de valor à saúde.

Não menos importante é pensar no design para a acessibilidade e inclusão na saúde: serviços e produtos devem ser projetados para atender às necessidades de todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência perenes e contextuais. Por isso, é fundamental ter nos times colaboradores PCDs à frente de projetos, desenvolvendo soluções assertivas para tornar a saúde acessível a todos. Esses exemplos revelam como um design robusto e focado no ser humano é usado para a diferenciação e sucesso do negócio, trazendo de forma a prática o que um estudo publicado pela consultoria Mckinsey* aponta: empresas com maturidade na utilização do Design dobram sua performance na bolsa de valores e os retornos para acionistas em cinco anos. 

Esse oceano azul a ser navegado pelos designers pode ser estimulante. Mas, para mim, encontrar soluções para promover o cuidado e deixar a sociedade mais saudável é, sobretudo, inspirador.

Jaakko Tammela é diretor de design e CX da Dasa.

*CHANG, SATCEY. Health Care- A final frontier for Design Maio, 2014. Disponível em: https://catalyst.nejm.org/doi/full/10.1056/CAT.17.0486 . Acesso em: 2 novembro de 2022.

*Pesquisa realizada entre os meses de outubro a novembro de 2021. Participaram 3.357 pessoas, de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salavador, sendo 53% mulheres e 48% homens. Tem um erro amostral de 3,1 pontos percentuais.

*MCKINSEY QUATERLY. O valor de negócio do Design. Outubro, 2018. Disponível em: https://www.mckinsey.com/capabilities/mckinsey-design/our-insights/the-business-value-of-design/pt-BR Acesso em: 2 novembro de 2022.

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